Equipe Gazeta do Cerrado
Após uma nova troca no cargo de coordenador distrital de saúde indígena do Distrito sanitário Especial Tipo II da Secretaria Especial de Saúde Indígena da Ministério da Saúde Indígena, os aborígenes ameaçam fazer uma nova manifestação por não concordarem com a troca. Tudo aconteceu após mais um episódio de disputa pelos cargos federais em Brasília.
Marcelo Lucena dos Santos que ocupava o cargo há alguns anos era indicação da deputada Professora Dorinha. No entanto, o deputado Osires Damaso conseguiu emplacar na vaga Sebastião de Góis Barros, que é ex-prefeito de Carmolândia.
No final de agosto, Lucena foi exonerado para que Sebastião ocupasse o cargo. A nomeação do ex-prefeito revoltou os indígenas que fizeram diversas manifestações com cartazes e até vídeos.
O caso foi revertido e Marcelo foi nomeado novamente ao cargo, porém, no início desta semana, ele foi exonerado e Sebastião nomeado em seu lugar, causando manifestação entre os indígenas.
Manifestações
Além da manifestação que deve ser realizada em breve, diversos indígenas gravaram vídeos em defesa de Lucena.
Em vídeo, uma indígena dos Krahô, afirma que sua etnia quer que Marcelo continue trabalhando com eles. “Nos conhecemos o Marcelo, e queremos que ele continue. Por causa de política querem tirar e ficar jogando e jogando. Sabemos que ser for assim não vai prata frente”, afirmou.
Em outra gravação, um indígena chamado Wagner Katame, dos Krahô Kanela, pede para que deixem Marcelo no cargo. “Nós estamos satisfeitos com o trabalho dele e como ele vem conduzindo as coisas. Ele dialoga com todos os povos. Pedimos para ele continue”, afirma Wagner.
Em mais um vídeo, gravado por Ivo Krahô, também pede a deputada Dorinha e ao governo federal que Marcelo não deixe o cargo. “O trabalho dele dá certo. Todas as etnias torcem para ele. Eu quero que ele continue. Nós vamos lutar porque para nós está dando certo”, disse Ivo.
“As equipes de saúde estão organizadas. Precisamos de pessoas como o Marcelo, que tem amor pela causa indígena”, reforçou o indígena.
Lucena
Marcelo Lucena é de Tocantínia e tem aceitação entre os líderes indígenas para trabalhar as demandas das comunidades do Estado. Assim que ficaram sabendo da exoneração, líderes se revoltaram, o conselho indigenista mandou nota dizendo que não aceitava e havia até intenção de ocupação do órgão.
Sebastião
O ex-prefeito indicado para o cargo é que chegou a ser nomeado, segundo líderes indígenas, não tem ligação com a área. Ele tem vários processos e é alvo de investigações.
Ele foi denunciado à justiça por contratar 39 servidores temporários sem concurso público durante os anos de 2013 e 2016. Se condenado, ele pode ter os direitos políticos suspensos pelo prazo de 5 a 8 anos.
A denúncia foi apresentada pelo promotor de justiça Tarso Rizo Oliveira Ribeiro, da 6ª Promotoria de Justiça de Araguatins.
Ele é investigado ainda pelo Ministério Público Estadual por supostamente deixar de repassar mais de R$ 80 mil às instituições bancárias referente a parcelas de empréstimos consignados na folha de pagamento dos servidores municipais. Os repasses se referem aos meses de novembro de 2016, no valor de R$ 43.004,57 e dezembro do mesmo ano, no valor de 39.261,22 – fim do mandato.
O ex-gestor nega as acusações e de defende na justiça.