De todos os períodos da história, nenhum exaltou tanto as curvas da silhueta feminina quanto o Renascimento. Com espartilhos e vestidos feitos para enfatizar seios e cintura, a estética lançou modelos lindos, mas que pecavam pelo desconforto. Foi apenas na Primeira Guerra Mundial que as mulheres se libertaram dessa tendência. Com os homens partindo para as batalhas, era preciso vestir peças que deixassem o corpo livre e pronto para o trabalho.
É interessante observar que, mais de um século depois dessa mudança de padrão, nós, mulheres, voltamos a prezar pelo mesmo tipo de moda. Talvez as mudanças relacionadas ao empoderamento feminino e à equidade de gênero sejam os motivos para essa retomada. O fato é que parece geral nosso anseio de nos vestir com conforto sem pensar na avaliação alheia. Nesse exato contexto, entra em cena a moda desconstruída. A tendência responde por peças com modelagens amplas, sem nenhuma intenção de revelar qualquer parte do corpo. O ar de mistério dessas criações, inclusive, é o que as torna ainda mais interessantes. Desde sempre, o ato de não mostrar algo acaba despertando mais curiosidade. Grifes japonesas, como Comme des Garçons e Yohji Yamamoto, por exemplo, são experts nessa arte. No mesmo cenário, destaco ainda o designer americano Virgil Abloh, da Off- White, e o georgiano Demna Gvasalia, por seu trabalho na Balenciaga e na Vetements. Gvasalia, por sinal, foi um dos precursores dessa nova maneira de olhar a silhueta feminina, longe do trivial e ainda assim absolutamente desejável. Aventure-se também nesse universo e celebre a liberdade.