Os mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (14) em repartições do governo do Tocantins são para investigar suposta compra de apoio político. Entre os indícios apontados estão a liberação de verbas por emendas parlamentares e pagamentos de despesas de anos anteriores, assim como a utilização de servidores públicos na campanha eleitoral. Segundo a Justiça Eleitoral, o Palácio Araguaia estaria sendo usado como “comitê de campanha” para a eleição suplementar.

As informações estão na decisão que autorizou cumprimento de mandados em secretarias do governo do Tocantins, na sede do executivo e na Fundação Redesat, a rede de comunicação do estado.

A Secretaria de Comunicação do Estado afirmou que o governo está colaborando com o trabalho da Polícia Federal. Segundo nota enviada, as informações solicitadas foram prestadas com clareza. O governador interino Mauro Carlesse informou, em nota, que segue tranquilo.

Cerca de 50 policiais federais participaram do cumprimento aos mandados. São apontadas na decisão liberações de emendas parlamentares que seriam utilizadas em eventos culturais e pagamento de débitos de anos anteriores para empresas. O governo interino estaria também privilegiando repasses do Fundo Estadual de Saúde para municípios que apoiam a candidatura de Mauro Carlesse (PHS).

Agentes da PF deixando o Palácio Araguaia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

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“Destacam que as reuniões políticas que anunciam apoio de prefeitos e lideranças políticas à candidatura dos investigados têm acontecido dentro do Palácio Araguaia, que teria virado uma espécie de comitê eleitoral”, aponta a desembargadora Ângela Prudente em trecho da decisão.

Os mandados foram autorizados pela Justiça Eleitoral em uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE). Outras buscas tinham sido feitas em secretarias do governo no final de maio. Naquela ocasião foram apreendidos 162 processos abertos entre abril e maio deste ano com previsão de gastos de R$ 18,6 milhões, sendo que 37 processos estavam empenhados.

As denúncias foram feitas pela coligação de Vicentinho Alves, que disputa a eleição suplementar com Carlesse.

Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados na rede de televisão estatal (Foto: Cassiano Rolim/TV Anhanguera)

Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados na rede de televisão estatal (Foto: Cassiano Rolim)

Também está sendo investigada a utilização de servidores públicos da TV e rádio do Estado na campanha do governador interino. “Aduzem que a equipe de produção das mídias de TV e rádio dos investigados está sendo custeada com recurso público, já que o cinegrafista, repórter, produtor musical e o locutor/coordenador do material de rádio, são todos funcionários da Fundação Radiodifusão Educativa (Redesat)”, diz a decisão.

Além das buscas, já cumpridas pela Polícia Federal, a desembargadora também determinou que o Estado apresente relatório de todos os pagamentos e transferências feitos desde a posse do governador interino. O governo deverá detalhar os convênios realizados com emendas parlamentares para realização de shows e eventos.

Durante as investigações, a Polícia Federal deverá terá acesso irrestrito aos sistemas de pagamento e um inquérito deve ser aberto para investigar as suspeitas. A desembargadora fixou uma multa pessoal de R$ 100 mil para o governador interino em caso de descumprimento.

Mandados de busca estão sendo cumpridos no Palácio Araguaia (Foto: Divulgação)

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Entenda

A eleição suplementar foi convocada após a cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e da vice dele, Cláudia Lelis (PV). Os dois foram considerados culpados por captação ilegal de recursos para a campanha eleitoral de 2014 pelo Tribunal Superior Eleitoral.

As suspeitas foram denunciadas pela coligação do candidato Vicentinho Alves (PR), que disputará o segundo turno da eleição suplementar com Carlesse no próximo dia 24.

Outro lado

Durante a manhã, a Secretaria de Comunicação do Estado afirmou que o governo do estado está colaborando com o trabalho da Polícia Federal. Segundo nota enviada, as informações solicitadas foram prestadas com clareza.

O governador interino Mauro Carlesse informou, em nota, que segue tranquilo. Segundo o documento, o candidato apoia toda e qualquer investigação e determinou que seus auxiliares prestem todas as informações solicitadas.

Fonte: G1 Tocantins

Governistas negam qualquer conotação política ou de compra de apoio pela atual gestão interina.