Rogério Tortola – Gazeta do Cerrado
O conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO) reuniu a imprensa na tarde desta sexta-feira, 4, na sede da instituição, em Palmas, para se posicionar perante a exoneração de 629 médicos no dia primeiro deste ano.
O presidente do CRM-TO Dr. Jorge Pereira Guardiola, começou a coletiva lendo uma nota de repúdio, onde o Conselho “externa com veemência e indignação”, o que ele chamou de medidas arbitrárias e irresponsáveis.
Os médicos presentes na coletiva relataram situações de profissionais que estão de plantão há 72h, como o caso de uma médica do Hospital Infantil de Palmas.
No Hospital Geral de Palmas, por exemplo, 192 médicos foram exonerados, isso equivale a quase 50% dos profissionais da unidade que conta hoje, segundo o CRM, com apenas 203 médicos efetivos.
Outro caso citado foi do Hospital Regional de Porto Nacional que sofreu um impacto grande e perdeu a capacidade de manter funcionando seu pronto-socorro.
Para Dr Nemésio Tomazela, 2º secretário do CRM e representante do Conselheiro Federal, a situação pela qual o Estado esta passando é inédita. “Em 30 anos de Estado eu nunca passei por uma situação como esta, é um verdadeiro tsunami”, desabafou o médico.
A situação ainda é descrita como desastrosa nos hospitais de Araguaína que perdeu 36% dos médicos, o de Guaraí está com o corpo clinico reduzido em 50%, em Gurupi dos 56 médicos, 36 foram exonerados e em Miracema dos 21 médicos, 14 foram exonerados.
Além da falta de médicos eles relataram a ausência de diretores clínicos nos hospitais o que infringe a lei. Foi citada também a falta de diversos profissionais desde vigia, auxiliares e técnicos de enfermagem e de medicamentos nas unidades.
Sobre a posição do Estado que informou por meio de nota, que ira contratar 386 médicos que se juntarão a outros 715 efetivos, o presidente do CRM-TO, acredita ser insuficiente para atender a demanda.
“A saúde antes das demissões já era deficitária, imagine agora com redução de quase 50% dos contratos?”, questionou Guardiola.
O CRM-TO pretende levar a situação ao Ministério Público Estadual, também à Defensoria.
“Hoje a saúde do Tocantins faz mal para os pacientes”, finalizou Dr. Nemésio.
Veja notas abaixo:
O CRM-TO vem externar, com veemência e indignação, o seu repúdio e preocupação diante das medidas arbitrárias e irresponsáveis tomadas pelo atual Governo do Estado do Tocantins, em que declarou extintos os contratos temporários de 629 médicos, medida esta publicada no DOE -TO nº 5268 de 01/01/2019.
Tal conduta acarreta enorme sofrimento aos médicos atingidos, mormente à população que fica sem a devida assistência, como é o caso do Hospital Regional de Porto Nacional, que teve paralisação total de seu Pronto Socorro, bem como outros Hospitais de Referência que estão sem médicos para atendimento.
Sabe-se que muitos destes Hospitais possuem em seu corpo clínico um número reduzido de médicos efetivos (concursados), o que vem sobrecarregando os profissionais que permanecem trabalhando, alguns há mais de 72 horas.
Informamos que os médicos demitidos nos termos do referido ato, não estão eticamente obrigados a exercer a profissão, podendo entretanto continuar a laborar, desde que autorizados pelo Diretor Técnico do estabelecimento hospitalar, conforme muitos médicos já vem fazendo de forma honrosa e por pura postura humanitária.
O CRM-TO, bem como toda a sociedade, espera que o governador revogue imediatamente o ato declaratório em epígrafe, para que assim o direito à saúde seja retomado e garantido ao cidadão tocantinense.
Palmas -TO, 04 de Janeiro de 2019.
JORGE PEREIRA GUARDIOLA
Presidente