O que o ano de 2019 reserva para a economia global?
O crescimento econômico global de 2018 provavelmente fechará em cerca de 3,7%, quando todos os números forem computados, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
As duas principais economias do mundo – Estados Unidos e China – devem registrar índices razoáveis de expansão em 2018.
A maior economia de todas, os Estados Unidos, teve dois trimestres de forte expansão no meio do ano passado. Os dados dos últimos três meses do ano passado devem estar disponíveis no fim de janeiro, e mesmo que eles mostrem um pouco de desaceleração, o ano como um todo deve registrar um crescimento bastante forte (para os padrões daquele país), de cerca de 3%.
Quanto à China, a desaceleração do crescimento deve continuar em 2018, após três décadas de crescimento estonteante. Mesmo assim, a taxa deve fechar em cerca de 6,6% em 2018, o que é mais que suficiente para produzir uma melhora significativa no padrão de vida dos cidadãos chineses.
A maioria das análises mais conservadoras sugere que a retomada do crescimento global, depois da grande recessão de 2008-2009 deve continuar por pelo menos mais um ano – ou mais.
Então, o que são as tais nuvens negras?
‘Trumponomics’
É provável que o crescimento nos Estados Unidos seja mais lento em 2019. A aceleração do ano passado refletiu os cortes de impostos realizados pelo presidente Donald Trump em 2017, com efeito em 2018.
Há controvérsia entre os economistas sobre o quanto este impacto vai durar. A medida funcionará como um “empurrão”, cujos efeitos diminuem ao longo do tempo, ou terá resultados duradouros sobre os incentivos para trabalhar e investir?
É preciso também levar em conta o impacto do banco central americano, o Fed (Federal Reserve). A instituição continuará aumentando as taxas de juros para manter a inflação perto da meta de 2% ao ano, como fez ao longo de 2018?
Trump acredita que a ação do Fed é uma ameaça para a economia americana. O Fed, disse ele, “é o único problema da nossa economia“.
Na verdade, Trump reforça essa ideia com tanta frequência que seu secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, sentiu a necessidade de dizer publicamente que o presidente não tem intenção de demitir o chefe do Fed, Jerome Powell.
Não está claro também se Trump tem realmente o poder de fazer isso, mas o político republicano certamente se recusaria a nomear Powell para outro mandato à frente do Fed quando o período atual acabar, em 2022 (isto é, se Trump ainda for o presidente dos EUA).
De qualquer forma, a mera perspectiva do presidente de os EUA exercer o que muitos consideram ser uma influência indevida sobre o Fed tem potencial para tumultuar o mercado financeiro. O Fed recebe do Congresso dos EUA a responsabilidade sobre a política monetária do país, o que inclui o poder de definir as taxas de juros.
A visão mais aceita entre os economistas é a de que manter este tipo de decisões afastadas do controle político direto é a melhor forma, no longo prazo, de controlar a inflação.
Há ainda um outro ponto da política econômica de Trump que pode prejudicar o crescimento econômico: o comércio internacional.
Guerra tarifária?
Os Estados Unidos já estão há algum tempo em confrontação aberta com a China, por causa daquilo que Donald Trump chama de “roubo de tecnologia” das empresas americanas que fazem negócios no país asiático.
Trump e o presidente chinês Xi Jinping tiveram algumas conversas recentes sobre o tema, e é possível que a “escalada” de agressões seja revertida. Mas não há nada certo.
Além disso há as tarifas americanas sobre o aço e o alumínio – criadas sob o pretexto de proteger a ‘soberania nacional’ dos EUA, e que afetaram um grande número de parceiros comerciais dos americanos. O Brasil e a Argentina se livraram das tarifas, que poderiam ter causado fortes danos à indústria metalúrgica dos dois países.
Assim, a perspectiva de mais tensões no comércio internacional é a primeira nuvem carregada no horizonte.
Diminuição do crescimento na Europa
A Europa tem seus próprios problemas para enfrentar. Os dados econômicos relativos ao terceiro trimestre do ano passado já mostraram uma queda pronunciada no crescimento da zona do Euro.