Candidato a presidente do Senado, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) determinou, no início da noite desta sexta-feira, que o plenário da Casa decida se a votação para o comando da Casa será aberta ou secreta. Assim que a medida foi anunciada, aliados de Renan Calheiros (MDB-AL), tido como principal adversário de Alcolumbre na corrida pelo cargo, protestaram aos gritos. Eles também questionaram a condução dos trabalhos pelo senador do DEM, que preside interinamente o Senado na condição de único remanescente da Mesa anterior a seguir no mandato.
Durante o dia, antes da posse, Alcolumbre fez circular um abaixo-assinado em prol do voto aberto, que angariou, segundo a assessoria do congressista, a adesão de 44 membros. A lista foi criada pelo senador Eduardo Girão (Pros-CE). Adversários de Renan acreditam que, com o voto aberto, vários parlamentares se sentirão constrangidos em votar no emedebista por causa de seu histórico de acusações.
A questão do voto aberto foi colocada em pauta logo no início da reunião no plenário, por meio de questões de ordem. A favor do voto aberto, falaram Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Lasier Martins (PSD-RS), Selma Arruda (PSL-MT), Jorge Kajuru (PSB-GO), Eduardo Girão e Marcos Rogério (DEM-GO).
Já os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Ciro Nogueira (PP-PI), Jader Barbalho (MDB-PA), Katia Abreu (PDT-TO), Ângelo Coronel (PSD-BA) e Weverton Rocha (MDB-MA) defenderam obediência ao regimento interno, que estabelece votação secreta para eleição da Mesa Diretora.
A possibilidade de voto aberto vinha sendo judicializada desde o ano passado. Atendendo a um pedido de Lasier Martins, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou votação aberta para o comando da Casa no fim do ano passado. No último dia 9, porém, o presidente da corte, Dias Toffoli, derrubou a decisão de Marco Aurélio e determinou que a decisão caberia ao próprio Parlamento.
Aliado de Renan, Eduardo Braga, que assumiu a liderança do Senado nesta semana, não apenas defendeu o voto secreto como questionou o fato de Alcolumbre presidir a sessão mesmo sendo candidato. O senador amazonense pediu a palavra duas vezes para apontar que o regimento interno impede essa possibilidade.
Para conduzir a sessão, ele revogou um ato do secretário-geral da Mesa Diretora, Luiz Fernando Bandeira de Mello, e destituiu o assessor, a quem acusou de manobrar em favor de Renan ao estabelecer que a sessão deveria ser presidida pelo senador mais idoso, José Maranhão (MDB-PB), aliado do alagoano. Renan acusou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, padrinho da candidatura de Alcolumbre, de orientar um “golpe”.
Fonte: Congresso em Foco