A Liga Árabe e os palestinos estão advertindo os EUA contra uma possível mudança da embaixada do país em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Segundo eles, tal movimento pode sabotar futuras negociações de paz e ainda desencadear uma nova onda de violência na região.
Os avisos ocorrem enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, analisa a mudança, que equivaleria a um reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, apesar das reivindicações palestinas pela posse do setor oriental da cidade. Há especulações de que a mudança de posição americana poderia ocorrer já na próxima semana.
“Nós avisamos os americanos de que, se o governo deles de fato fizer essa mudança, que reconheceria uma Jerusalém unificada como a capital de Israel, este seria um passo para acabar com qualquer chance de um processo de paz”, disse neste domingo (03/12) Naabil Shaath, um assessor do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Abbas está tentando reunir um grupo para fazer oposição internacional a tal mudança. O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, já ecoou as advertências do líder palestino. “Nós afirmamos muito claramente que tal decisão não tem justificativa. Não servirá à paz ou à estabilidade. Só vai alimentar o extremismo e a violência”, disse Gheit. “Isso só beneficia um lado: o governo israelense, que é hostil à paz”, acrescentou.
“Destruição do processo de paz”
Outro conselheiro de Abbas, Mahmoud Habash, também advertiu que uma ação de Trump nesse sentido equivaleria a uma “completa destruição do processo de paz”. Falando ao lado de Abbas, Habash disse que “o mundo pagará o preço” por qualquer mudança no status de Jerusalém.
Funcionários da Casa Branca afirmaram que Trump também está considerando reconhecer Jerusalém como a capital de Israel sem realmente mudar a embaixada dos EUA para a cidade. Essa foi uma de suas promessas de campanha. A medida pode reverter toda a política americana das últimas décadas.
Neste domingo, o assessor e genro de Trump, Jared Kushner, disse que o presidente ainda não tomou uma decisão final. “Ele ainda está analisando muitos fatos diferentes. Quando ele toma uma decisão, é ele que diz qual foi, não eu”, disse.
Israel considera Jerusalém como sua capital e anexou o setor oriental da cidade em 1967, mas a maior parte do mundo evitou reconhecer a iniciativa dos israelenses, considerando que o status da área deve ser solucionado em negociações de paz com os palestinos.
O Hamas, o grupo terrorista palestino que controla a Faixa de Gaza, também alertou para o início de uma intifada (revolta) se os EUA reconhecerem Jerusalém como a capital de Israel.
O status de Jerusalém tem sido um obstáculo fundamental em quase todas as negociações de paz que já foram travadas entre palestinos e israelenses. Os dois lados divergem particularmente sobre a soberania e a supervisão de locais sagrados.
A última intifada palestina ocorreu em 2000, depois que o ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, à época líder da oposição, visitou a mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental. A violência provocada pela revolta resultou na morte de 3.000 palestinos e mil israelenses.
Fonte: DW Brasil