O Brasil subiu 4 posições no ranking de computação em nuvem da Software Alliance (BSA), um grupo que representa as maiores fabricantes de software do mundo, como Apple, Microsoft, Adobe, Oracle e Salesforce. O Brasil passou para a 18ª colocação — em 2015 estávamos em 22º lugar, numa lista com 24 nações.
“O que nos ajudou nessa classificação foi segurança e infraestrutura. Livre comércio e liberdade na internet também influenciaram na melhora do quadro brasileiro”, afirma o presidente da BSA no Brasil, Antonio Eduardo Mendes da Silva, conhecido como Pitanga.
São 7 critérios medidos pelo ranking da BSA, que analisa principalmente a legislação em torno de segurança na internet, cybercrime, privacidade de dados, direitos de propriedade intelectual. Abertura para o livre comércio, adoção de padrões internacionais da indústria e estrutura de acesso à internet também configuram na lista dos tópicos analisados pela BSA.
No topo da lista estão Alemanha, Japão, Estados Unidos e Reino Unido. No final, Vietnam, Indonésia, China e Rússia. À frente do Brasil estão países como México (13º) e Argentina (17º).
“Poderíamos estar numa posição muito melhor se tivéssemos andado com algumas legislações que estamos trabalhando há algum tempo em termos de privacidade de dados dos usuários”, afirma Pitanga, se referindo a dois projetos de lei que caminham no Congresso atualmente sobre o assunto.
Juristas brasileiros já reiteraram a necessidade de uma legislação mais ampla que resguarde os dados de usuários de internet brasileiros e estabeleça parâmetros regulatórios para a questão por aqui, como por exemplo os limites do que as empresas podem fazer com essas informações, como devem guardá-las e qual deve ser o funcionamento dos bancos de dados.
Na Europa, por exemplo, as empresas já se preparam para a implementação de uma regulação ampla, chamada de GDPR, que entra em vigor no dia 25 de maio. Por aqui há legislações em termos de segurança do usuário e uso da rede, como as Leis Carolina Dieckmann e o Marco Civil da Internet. Mas segundo o estudo da BSA ainda estamos longe de um nível de regulamentação como têm os países que figuram nos primeiros lugares do ranking.
A questão do acesso
O estudo também avaliou o acesso à internet no Brasil. Embora o país tenha um grande número de usuários da rede, 120 milhões de pessoas, ainda resta muito por fazer. O total de usuários representa 59% da população, abaixo da média de 67% entre os países avaliados no estudo.
Em termos de assinatura de banda larga, apenas 42% das famílias têm acesso a esse tipo de conexão, bem abaixo da média de 63% entre os países analisados. A velocidade média brasileira de 7 megabytes por segundo (mbps) é também abaixo dos níveis internacionais.
Quando se fala de conexão de fibra ótica, o dado é ainda mais preocupante: apenas 2% das famílias brasileiras têm assinatura de serviço de internet via fibra ótica, o que corresponde a 5% dos usuários de internet no país; a média internacional é de 18%.
Nos dados sobre conexão móvel, o Brasil está melhor — mas não muito. Por aqui, temos 180 milhões de assinaturas ativas de planos de internet móvel, o que corresponde a 89% da população do país, figurando acima da média de 77% entre os países pesquisados. Mas a velocidade da conexão é abaixo do desejado, de apenas 5 mbps, quando a média global é mais do dobro, 11 mbps.
Nesse quesito, o Brasil está à frente de economias semelhantes, como México, que tem menos assinaturas de internet móvel e menos penetração de banda larga.
Os mexicanos, no entanto, estão na frente no ranking por deter uma legislação mais avançada em privacidade de dados, um mercado mais aberto e maior congruência com os padrões internacionais da indústria.
Subimos quatro posições, deixando para trás nações onde o controle de internet é bastante centralizado e os governos têm controle pesado sobre o tráfego de dados, como Rússia e China. Para Pitanga, não é só por isso que conseguimos nos destacar este ano.
“Os países do final da tabela têm uma regulamentação que afeta o acesso à nuvem, uma questão de governos centralizados. Temos muito para fazer ainda, mas conseguimos caminhar desde a última análise”, afirma.
Por Thiago Lavado, de EXAME Hoje