Os “coletes amarelos” fizeram o 23º protesto seguido neste sábado (20) na França. As autoridades francesas ordenaram um grande destacamento policial, especialmente em Paris. A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes.

egundo a agência de notícias francesa RFI, foram realizadas mais de 227 prisões e 11 mil revistas preventivas. O protesto reuniu pelo menos 27.900 pessoas em várias cidades do país, segundo balanço divulgado pelo Ministério do Interior às 19h (14h em Brasília). Em Paris, duas passeatas contaram com 9.000 manifestantes.

Os coletes amarelos colocaram fogo em vários pontos da cidade e entraram em confronto com a polícia.

As autoridades proibiram manifestações na Avenida Champs Elysées, como vem ocorrendo nas últimas semanas, e desta vez também havia um perímetro de segurança em torno da Catedral de Notre-Dame, que pegou fogo esta semana.

A polícia impôs uma proibição de manifestações para a ilha fluvial Île de la Cité, onde se encontra a catedral, e para a margem esquerda adjacente do Sena. Por razões de segurança e para proteger a igreja danificada, nenhum protesto deveria ocorrer dentro das barreiras de segurança.

Bicicletas e motos pegam fogo durante protesto dos Coletes Amarelos em Paris — Foto: REUTERS/Yves Herman

Bicicletas e motos pegam fogo durante protesto dos Coletes Amarelos em Paris — Foto: REUTERS/Yves Herman

Dezenas de manifestantes de capa preta atiraram pedras na polícia e alguns atearam fogo em motocicletas no centro da cidade. Latas de lixo também foram incendiadas.

A polícia respondeu disparando gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Alguns oficiais também marcharam em direção a manifestantes para encaminhá-los para a Place de la Republique, onde foram autorizados a se manifestar.

Manifestante "colete amarelo" acena bandeira da França durante protesto em Paris — Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Manifestante “colete amarelo” acena bandeira da França durante protesto em Paris — Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Manifestantes aludiram claramente ao incêndio na catedral de Notre-Dame, na segunda-feira, que provocou uma onda de tristeza nacional e uma corrida de famílias e empresas para prometer cerca de 1 bilhão de euros para sua reconstrução.

“Milhões para Notre-Dame, e para nós, os pobres?”, “Tudo para Notre-Dame, nada para os miseráveis” e “Somos todas as catedrais”, diziam cartazes de manifestantes.

Manifestantes colocam fogo em entulhos perto de carro durante o 23º dia de protestos dos coletes amarelos — Foto: Yves Herman/Reuters

Manifestantes colocam fogo em entulhos perto de carro durante o 23º dia de protestos dos coletes amarelos — Foto: Yves Herman/Reuters

Forte esquema de segurança

Soldados são vistos do lado de fora da Catedral de Notre-Dame em Paris neste sábado — Foto: Yves Herman/Reuters

Soldados são vistos do lado de fora da Catedral de Notre-Dame em Paris neste sábado — Foto: Yves Herman/Reuters

O ministro do Interior da França, Christophe Castaner, anunciou na sexta-feira um forte esquema policial com 60 mil agentes para conter possíveis distúrbios nos protestos.

“Os baderneiros se reunirão de novo em certas cidades da França, como Toulouse, Montpellier, Bordeaux e, em particular, Paris”, disse Castaner em entrevista coletiva.

Segundo o ministro, essas pessoas buscam “reproduzir” a situação ocorrida em 16 de março, um dos episódios mais violentos desde o início do movimento, quando vários estabelecimentos comerciais e edifícios públicos foram depredados e saqueados.

Prisões e correria marcam 23º protesto dos 'Coletes Amarelos' na França

Prisões e correria marcam 23º protesto dos ‘Coletes Amarelos’ na França

“O dia 16 de março foi o 1° ultimato, e agora fazem apelos para um 2° ultimato sob o título: ‘Último Ato. Paris, capital da revolta”, afirmou Castaner em referência às convocações identificadas pelas forças de segurança.

Os protestos surgiram originalmente devido ao aumento dos preços dos combustíveis e ao alto custo de vida, mas que se transformaram em um movimento mais amplo contra o presidente Emmanuel Macron e sua busca por reformas econômicas.

As manifestações dos “coletes amarelos” ocorrem todos os sábados desde 17 de novembro, mas nas últimas semanas o número de participantes caiu consideravelmente.

O movimento passou de 200 mil pessoas presentes em todo o país no final de 2018 para os cerca de 30 mil que compareceram às últimas manifestações, segundo números do Ministério do Interior.

Manifestantes tentam passar por bloqueio de policiais durante protesto dos coletes amarelos em Paris neste sábado — Foto: Yves Herman/Reuters

Manifestantes tentam passar por bloqueio de policiais durante protesto dos coletes amarelos em Paris neste sábado — Foto: Yves Herman/Reuters

Medidas adiadas

No entanto, a mobilização deste sábado é prevista pelas autoridades como particularmente tensa, devido ao término do chamado Grande Debate Nacional, uma ideia lançada pelo presidente Emmanuel Macron para aliviar a insatisfação popular mediante uma série de consultas e reuniões públicas entre a sociedade civil e a administração pública para debater as principais preocupações da população.

Ao final desses debates, Macron deveria anunciar uma série de medidas de cunho social de acordo com alguns pedidos dos manifestantes. Porém, os anúncios, que seriam feitos na última segunda-feira, foram adiados devido ao incêndio na Catedral de Notre-Dame. Ele agora deve fazer seus anúncios na próxima quinta-feira (25).

No Facebook, foram postadas convocações para uma manifestação não pacífica, e, no YouTube, Eric Drouet, um dos líderes dos “coletes amarelos”, recomendou em um vídeo que o governo pensasse em um esquema de segurança.

“Vocês têm três semanas para organizar a segurança e três semanas para responder aos nossos pedidos: mais democracia, maior poder aquisitivo, melhor qualidade de vida e referendo de iniciativa popular”, declarou Drouet.

Fonte: Globo.com

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