Na pecuária tocantinense há três sistemas de engorda de gado e o tradicional é a pasto extensivo

 

Por Antônio Neves – Colunista Agro

Os seis meses de estiagem é considerado um período crítico para o agricultor tocantinense que depende de pastagem para alimentar os animais. A preocupação é ainda maior para o agropecuarista que desenvolve a atividade de recria e engorda do rebanho bovino, mas quem apostou e investiu na instalação para o sistema intensivo, respira mais aliviado com o ganho contínuo de peso dos animais.

Na pecuária tocantinense há três sistemas de engorda de gado. O mais tradicional, a pasto extensivo, ganha reforço no período de estiagem, com os sistemas intensivos, que consistem em confinamento e semiconfinamento. Estes últimos podem garantir o faturamento na propriedade, destinada à produção de carne.

Vantagens

Dados oficiais da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro) apontam que o ganho de peso dos bovinos confinados ultrapassa 1,0kg por animal/dia. Já no semiconfinamento o ganho de peso permanece em torno de 0,5kg por animal/dia. Os custos por quilograma de peso vivo ganho é de R$ 1,12/kg, no confinamento e chega a R$4,55 no semiconfinamento.

O Tocantins possui, segundo dados da última campanha de vacinação realizada em 2020, um rebanho de 9.091.469 bovídeos, em 235 propriedades. Deste total, 264.276 estão em confinamento ou semiconfinamento – conforme informado pelos produtores rurais, na carta aviso, da campanha de novembro do ano passado.

Ainda segundo a Seagro, o número de exportação de carne bovina, produtos e subprodutos em 2020, somou um total de 80 mil toneladas, com um valor comercializado de R$4.932.408.000,00, resultado do abatimento de 822.068 cabeças.

Segundo o zootecnista da Seagro, Nicolau Humberto Muzzi Dabul, ”julho é o início de um novo ciclo, ou seja, o período mais seco do ano e também o momento de fazer a seleção dos animais que vão passar para a fase de terminação, que consiste na engorda e venda para o abate. O garrote, aquela vaca magra ao passar pelo confinamento fica ao ponto do produtor lavá-lo ao frigorífico em menor prazo”, pontuou.

Muzzi orienta o produtor a fazer os cálculos, para que ele possa ter um ganho satisfatório, relacionado à alimentação do rebanho. “Principalmente o sal proteinado, que pode aumentar um pouco o consumo, é importante que o produtor faça a conta do que ele vai ganhar e o que ele vai gastar. O confinamento é compensador se for bem planejado”, destacou.

Confinado e semiconfinado

A diferença do confinamento para o semiconfinamento é que no primeiro, o animal fica preso em uma área restrita onde come, bebe e rumina, gastando pouca energia. Já no semiconfinamento o animal é tratado no pasto, o sistema pode ser chamado também de terminação intensiva a pasto; é mais barato; o animal não fica preso e recebe uma alimentação de duas a três vezes ao dia de ração de ‘concentrado’.

No confinamento, a conservação do alimento ‘volumoso’, requer custos maiores, com a realização de benfeitorias na propriedade, como construção de currais. Entretanto, a pouca movimentação do rebanho e a qualidade nutricional da dieta garantem excelente desempenho dos bovinos. Nesse sistema, o alimento é conservado desde o verão (salvo cana-de-açúcar). Tanto o ‘volumoso’ como o ‘concentrado’ correspondem a 73% do custo da dieta.

Para Nicolau Muzzi, “o confinamento é um sistema que requer maiores investimentos em mão de obra, alimentação e fabricação de ração. A acessibilidade não é total, mas toda espécie bovina, suína e aves são passíveis de confinamento, porque esse sistema coloca peso rápido em uma época que o preço pela escassez de oferta está em alta. Isso o torna compensador, mas não é acessível para todos”, enfatizou.

 

Zootecnista da Seagro, Nicolau Humberto Muzzi Dabul – Foto: Arquivo Pessoal

Paixão pelo Agro

O jovem agropecuarista, Breno Ayres, se define como um apaixonado pelo Agro. Apesar da formação em Direito, ele é quem coordena as atividades na propriedade da família, no município de Palmas. As principais atividades são a recria e engorda e para atravessar o período de estiagem, o produtor apostou no sistema intensivo. “Devido ao longo período de estiagem oferecemos uma dieta diferente, com mais energia e proteína para os animais em confinamento, e também utilizamos o pastejo rotacional”, disse.

O ciclo de entrada até a terminação, quando o gado alcança o peso ideal para o abate, é de 90 dias. “Atualmente contamos com 1000 cabeças em confinamento e geralmente o pico de entrada de animais começa em julho, passa por agosto e setembro e abatemos em outubro e novembro, quando começam as chuvas e também surge o gado de pastagem, e os frigoríficos seguram os preços”, finalizou Ayres.

Agropecuarista, Breno Ayres – Foto: Arquivo Pessoal