Lucas Ferreira- Especial para a Gazeta do Cerrado
Um cenário que ainda exige alerta no norte do Brasil, principalmente no Tocantins. É o que aponta o relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que divulga os conflitos no campo. O levantamento do ano de 2023 aponta ao todo 2.203 conflitos, 81 deles registrados em território tocantinense. Foram 15 casos a mais em relação aos números do relatório de 2022 da CPT.
Os casos de trabalhadores resgatados em condição semelhante à escravidão foram de 2.663 pessoas. Outro dado importante foi em relação ao número de novas denúncias, 251 no total no campo brasileiro. A região da fronteira agrícola MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) registrou 13% dos conflitos do Brasil durante todo o ano passado.
Em nota, a Comissão Pastoral da Terra afirmou que os dados do Tocantins seguem mostrando um acirramento das violências contra a ocupação e a posse, bem como contra as pessoas envolvendo casos de lesões corporais, ameaças, intimidações, prisões, despejos e expulsões.
Data marcante
A data de lançamento do relatório 2023 também tem um significado marcante. 10 de maio é a data do assassinato de um dos principais personagens na luta contra as condições desumanas de trabalho no campo no Brasil. Foi em 10 de maio de 1986 que o padre Josimo Morais Tavares, então coordenador da Comissão Pastoral da Terra Araguaia-Tocantins, foi assassinado a tiros na cidade de Imperatriz-MA. A investigação apontou que a morte foi encomendada por fazendeiros e empresários do campo. O pistoleiro e os mandantes foram presos.