Como no copo para cerveja, a Kouda oferece garantia de seis meses na caneca térmica.
O único copo entre duas canecas para bebidas quentes, o Stanley Everyday segue o design do “irmão” maior e não tem uma lingueta para fechar a tampa removível.
Com garantia vitalícia da fabricante, era vendido na última semana de janeiro por R$ 200 nas lojas on-line.
E seu desempenho também foi similar ao do copo de cerveja, com diferenças entre 1°C e 3°C em comparação aos modelos da Contigo e Kouda.
Nos testes com chá quente, o copo menor da Stanley começou com 79°C e, duas horas depois, estava com 52,5°C. Na avaliação com leite, o início foi de 78,1°C – igual à caneca da Kouda – e o fim com 39,5°C. E nos testes com café coado, começou com 70,8°C e, duas horas depois, estava em 46,9°C, um grau abaixo dos concorrentes.
QUAL O MELHOR? Na prática, o resultado dos testes com os copos grandes é muito parecido. A bebida fica gelada por mais tempo? Sim, em todos.
A escolha vai ser feita pelas funcionalidades adicionais – o da Coleman tem o abridor integrado e o pé emborrachado (que é um grande diferencial), o da Stanley tem o abridor na tampa (e que pode ser perdido após umas cervejas) e o da Kouda é o básico com cara de super-resistente e que deixa tudo um pouquinho mais gelado – mas bem pouco.
Nos copos menores, o resultado também foi muito similar e a principal diferença entre os modelos é a capacidade – maior no Contigo (414 ml) e Kouda (370 ml) e menor no Stanley (296 ml).
Por causa das alças, Contigo e Kouda Helga têm um design mais convencional, com jeito de que tem algo quente ali dentro. O copo da Stanley possui um visual mais moderno e multiuso.
VALE A PENA? Após algumas horas, as diferenças para o copo de vidro e a caneca beiraram os 20ºC, principalmente quando colocando gelo nas bebidas. Ou seja, foram gritantes.
É preciso considerar o que vai ser servido. Se for bebida com gás, não há vantagem em mantê-la por 3, 4 horas gelada no copo porque o gás acaba. É o caso da cerveja, que fez a fama desses modelos térmicos.
Os fabricantes dizem que seus copos térmicos deixam a bebida gelada por horas e horas. A Coleman fala que são 4h, a Kouda, por 6h e a Stanley, 4,5h. Também são valores de referência, como o do motor de um carro: pode ter até tal potência, mas não necessariamente você vai usar tudo que ele oferece.
SEM SUOR: outra vantagem de todos os copos térmicos testados é que, por terem uma camada dupla de aço em sua estrutura, não ficam suados como copos de vidro.
Isso ocorre por conta da troca de calor do vidro com o ambiente. Vieira faz um paralelo com o mundo do churrasco: “Ao colocar no fogo, a carne pode parecer torrada por fora, mas está mais crua por dentro. É assim que vemos que o calor não se conduziu até o centro”, diz o professor Marcelo Fernandes Vieira, da Universidade Estadual de Maringá.
Falando em churrasco, colocar um copo térmico perto da churrasqueira também não vai esquentar a bebida, para alegria do cozinheiro.
PARA QUE COPO MENOR? Apesar de os copos térmicos — assim como as garrafas térmicas — servirem para manter bebidas geladas ou quentes, os menores são indicados também para uso com bebidas frias, como vinho, caipirinha e uísque.
Em um teste à parte, com uísque, o gelo derreteu menos do que num copo de vidro – mas o suficiente para reagir com o líquido – e, depois de um tempo, a bebida ficou muito gelada (e forte).
SUPERFRIO: Com nove pedras de gelo em cada copo térmico grande, com água e refrigerante gelados, a temperatura baixou drasticamente, comparando a primeira medição com as demais.
Isso ocorre porque bebida e copo chegaram a um equilíbrio térmico e não estão perdendo calor para o ambiente. E ficaram até mais gelados conforme o tempo, para depois retomar a esquentar.
Exemplo do Kouda Don: começou com 0,4°C com refrigerante, foi para -1,2°C nas duas primeiras medições e terminou com -1,1°C. O mesmo fenômeno foi observado nos copos da Stanley e da Coleman.
POR QUE FICA GELADO (OU QUENTE) POR MAIS TEMPO ? Os copos térmicos são construídos com duas camadas – uma interna e outra externa – produzidas em aço inoxidável. Durante a produção, uma máquina extrai o ar entre essas duas camadas, gerando um vácuo.
“O vácuo é o diferencial desses copos”, explica Marcelo Fernandes Vieira, professor de fenômenos de transporte no departamento de engenharia química da Universidade Estadual de Maringá.
“O princípio é o mesmo da garrafa térmica: tem um copo dentro de outro e algo entre eles que impede a troca de calor com o ambiente”, afirma o professor, que ajudou a validar a metodologia dos testes.
De qualquer forma, ainda existe uma troca de calor com o ambiente pelas tampas, feitas em plástico. O da Coleman e da Kouda até têm uma lingueta que fecha a tampa, mas no da Stanley o líquido fica um pouco exposto.
O tipo de aço usado no copo térmico também influencia, mas não muito, no resultado. As três marcas avaliadas usam o aço 18/8, comum em produtos de uso doméstico.
É CARO PORQUE…: Além de desfrutar da fama, o processo de fabricação entra na conta, segundo as empresas. O maquinário para produção da câmara de vácuo nos copos é inexistente no Brasil e todos os modelos são importados. “Ninguém tem esse tipo de máquina por aqui”, diz Yuri Lima, diretor da Kouda.
“Além do aço, tecnologias de ponta em solda garantem maior longevidade ao copo”, completa Pedro Ipanema, vice-presidente da Stanley PMI.
Circunstâncias atuais também são citadas. “Lidamos ainda com a questão tributária no Brasil, que é muito alta para esse tipo de produto e, hoje, temos com uma crise no transporte marítimo, com falta de containers e frete mais caro. E o vácuo é caro de produzir”, finaliza João Fabiano Balbino, diretor de vendas da Coleman.
Como foram feitos os testes
Os copos térmicos foram enviados por empréstimo pelos fabricantes e serão devolvidos. Os grandes têm capacidade de 473 ml (Stanley), 500 ml (Kouda) e 600 ml (Coleman), respectivamente.
As canecas tinham 414 ml (Contigo), 370 ml (Kouda) e 296 ml (Stanley).
Um copo de vidro de 350 ml e uma caneca de cerâmica de 300 ml serviram como controle para comparação com recipientes comuns, conforme orientação do professor Marcelo Fernandes Vieira, da Universidade de Maringá.
Antes da realização dos testes frios, os três copos ficaram cinco minutos com água gelada, que foi descartada. Essa é uma recomendação geral dos fabricantes, mas que não precisa ser seguida à risca pelo consumidor.
Os copos térmicos e a unidade de controle foram preenchidos com a mesma quantidade de líquidos: cerveja gelada, refrigerante com pedras de gelo e água natural também com pedras de gelo.
Teste de copos térmicos: depois de um tempo, a cerveja já perdeu a espuma no copo de vidro — Foto: Henrique Martin/g1
Os testes foram simultâneos para os três copos térmicos de cada categoria e o copo/caneca de controle.
A temperatura de cada copo grande foi medida de hora em hora, por três horas, com um termômetro culinário digital do tipo espeto.
Para as canecas e copo para líquidos quentes, o processo foi repetido com chá com água fervida na hora, leite fervido e café coado na hora, por duas horas.
Medindo a temperatura dos copos / canecas com chá quente — Foto: Henrique Martin/g1
E fazer café ou chá em casa é diferente de pedir um drink quente em uma cafeteria. Entre ferver a água, passar o café e servir, a temperatura do líquido já caiu bastante.
Nos dias das avaliações, na penúltima e última semanas de janeiro, a temperatura local variou de 25°C a 31°C na cozinha transformada em bancada de testes.