A delação do empresário Rossine Aires Guimarães continua rendendo várias denúncias e contornos na política do Tocantins. Os trechos foram revelados pela TV Anhanguera do Tocantins. O empreiteiro afirmou que o dinheiro recebido por uma obra não executada foi divido entre vários políticos do Estado.

A quantia divida seria de R$ 6 milhões. Rossine revelou que parte do dinheiro foi repassado para campanhas de dois ex-governantes, Marcelo Miranda (MDB) e Sandoval Cardoso.

Marcelo Miranda, eleito em 2014, foi cassado em 2018 após ter sido condenado por caixa dois durante campanha.

Confira trechos divulgados

Procurador : Sobre uma quantia apurada de pagamento antecipado pra você de R$ 6 milhões que a Agetrans pagou, o que o senhor esclarecer sobre isso?

Rossine Aires: Isso aí foi um.. um.. eles fizeram um adiantamento dessa obra pra mim [sic] colocar na política, mas dessa parte, desse dinheiro, foi uns R$ 3 milhões que entra nessa parte do João Oliveira e do Kaká, entrou nisso. E o outros R$ 3 milhões desse dinheiro já foi na campanha do Marcelo.

O Ministério Público do Tocantins apresentou denúncia contra oito empreiteros do Tocantins, por formação de cartel e fraude em licitação. Marcelo e o ex-veice governador João Oliveira (PHS) não foram denunciados formalmente sobre essas acusações.

 Ao ser questionado sobre as fraudes em medições, Rossine afirmou que a autorização para o pagamento foi dada pelo o ex-secretário do governo de Sandoval Cardoso, Alvicto Nogueira, o Kaká Nogueira.

Rossine Aires: Lá ele mandou medir e pagar falou que precisava do dinheiro rápido porque as outras obras não tinham iniciado. Queria dinheiro né? Ele mandou medir e pagar, mas é logo em seguida eu fui lá. E quando eu comecei receber dinheiro de outras obras tudo, eu fui lá e executei os serviços. O serviço tá executado há mais de dois anos, mas na época o serviço não foi executado.

Ainda segundo o delator, ele chegou a receber ameaças de Kaká Nogueira por se negar a entregar mais propina.

Procurador: Disseram que dinheiro ia pra camanha do Sandoval?
Rossine Aires: é.. campanha do Sandoval, só que logo eu desentendi do Kaká.
Procurador: Te exigia mais propina?:
Rossine: é.. sempre pedindo mais.. aí desentendi com ele, e ele mandou um recado pelo Marquin que se ganhasse a eleição ia me expulsar do Tocantins, aí eu desliguei totalmente dele.

De acordo com o Ministério Público Federal, as informações estão acompanhadas de provas e os desvios passam de R$ 225 milhões. Até o momento duas denúncias foram protocoladas na Justiça Federal.

Entenda 

O ex-governador Sandoval Cardoso, o ex-secretário Kaká Nogueira e um grupo de empreiteiro foram presos em 2016 e agora foram denunciados por fraude e formação de cartel.

“O chefe do esquema era Eduardo Siqueira Campos e Sandoval [Cardoso], e o operador financeiro era Alvicto [Nogueira]. Ele selecionava os membros da comissão e os membros da comissão atendiam suas determinações para dividir as obras, realmente a comissão auxiliava ele. O Alvicto pagava os aditivos fraudulentos e mandar pagar o serviço superfaturado. Ele exigia, recebia e repassava propina para Sandoval e Eduardo Siqueira. Os empresários auxiliavam e aderiam a essas propostas”, explicou o procurado José Ricardo Teixeira.

O grupo vai responder por fraude licitatória e formação de cartel, mas segundo o procurador há elementos dos crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro.

Outro lado

O advogado Jair Alves Pereira, que representa Marcelo Miranda, afirmou que não sabe o tero da delação e que só terá uma posição mais precisa após examiná-la.

O deputado Eduardo Siqueira Campos  afirmou que não está sendo denunciado, mas que já mais se esquivou de prestar esclarecimentos. Já Sandoval Cardoso afirmou que a defesa não teve acesso a denúncia e que por isso não irá se manifestar, mas que está à disposição da Justiça.

Não foi possível o contato com Kaká Nogueira e o ex-vice-governador e atual suplente de deputado federal, João Oliveira.

*Com informações do G1