As autoridades federais nos Estados Unidos entraram na investigação em curso no Brasil e na França que apura supostas ações corruptas ligadas à escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas. Ela é centrada no pagamento de subornos feitos para comprar votos e na concessão de contratos. Carlos Arthur Nuzman, o antigo presidente do Comitê Olímpico brasileiro, chegou a ficar preso por 15 dias, há dois meses, acusado de ser peça-chave no esquema e agora aguarda em liberdade os desdobramentos do processo.
A investigação é liderada pelo escritório do FBI em Nova York e a Promotoria no Brooklin, de acordo com a informação divulgada pelo The Wall Street Journal. É a mesma jurisdição nos Estados Unidos que persegue crimes em escala transnacional, como no caso das propinas revelado contra a FIFA em 2015 e o que investigou a trama do doping em atletas olímpicos russos.
Um grande júri federal no Brooklyn trabalha desde o ano passado para reunir provas documentais e depoimentos ligados à investigação para poder montar uma causa penal. A parte dos contratos se centraria, de acordo com as fontes citadas pelo jornal de finanças nova-iorquino, na concessão de direitos de retransmissão do evento esportivo e de marketing.
Os investigadores franceses e brasileiros solicitaram a ajuda norte-americana há mais de um ano. Em passagem recente pela Europa, a procuradora brasileira à frente do caso, Fabiana Schneider, chegou a reclamar publicamente da falta de resposta americana: “As dificuldades para investigar são imensas. Para que busquemos informações em cada país é necessário uma cooperação internacional que é difícil. Com os franceses foi mais fácil, mas dos Estados Unidos não recebemos resposta”, disse Schneider. Agora a investigação pretende fazer com que o empresário brasileiro Arthur Soares, que está foragido na Flórida, deponha no Brooklyn e forneça toda a informação que tem sobre as comunicações que manteve relacionadas ao voto feito em 2009 em Copenhague.
Os promotores no Brasil e na França acusaram Soares de pagar subornos ao filho do representante senegalês do COI, a pedido de funcionários brasileiros. O Rio de Janeiro disputava a realização dos Jogos Olímpicos com Madri, Tóquio e Chicago. Os EUA não puderam responder em agosto o pedido de prisão e extradição do empresário brasileiro porque não receberam informação suficiente sobre as acusações.
Os EUA, como país garantidor das transações internacionais feitas em dólares e utilizando o sistema bancário norte-americano, têm a autoridade extraterritorial para iniciar ações penais desse tipo. Por esse motivo pede também dados sobre possíveis transferências de fundos, para seguir o rastro dos pagamentos ilícitos. O COI, através de um porta-voz, afirma não ter recebido pedido algum dos EUA.
Por Sandro Pozzi
Fonte: El País