A Família de Rosimeyre Ferreira, 37 anos, vive a dor da perda da artesã e geógrafa. Eles fizeram uma carta de agradecimento aos profissionais, porém relatam também fatos que teriam ocorrido os quais repudiam.

Ela ficou dias no Hospital Regional de Porto Nacional e foi transferida em estado grave para o Hospital Particular Santa Teresa pelas vagas reservadas para o Estado. Antes de morrer ela encaminhou áudios a irmã nos quais disse que não aguentava mais a situação.

A morte de Rosimeyre gera muita comoção na cidade.

Veja íntegra da carta da família encaminhada à Gazeta:

Agradecimentos/ Esclarecimentos

​ Entende-se que atualmente o contexto vivenciando por muitas famílias brasileiras, tem sido muito difícil. Nós Tocantinenses temos o privilégio de terem pessoas sensíveis e sensatas, pessoas cheia de amor e sororidade. É perceptível que não estamos preparados para algo desafiador, que causa medo e incertezas. Compreendemos que a situação em determinadas circunstancias fogem do nosso controle. Por mais que temos a certeza da morte, não estamos preparados para aceita-la.
​Identificamos que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, desde o período de alerta sobre o Novo Corona Vírus até os dias atuais, veem sempre buscando medidas e alternativas que efetive a população tocantinense atendimento digno e humanitário. Entendemos que a situação enfrentada necessita o comprometimento de todos os cidadãos.
Em todas as circunstancias a qualidade dos serviços desenvolvidos pelos profissionais são fundamentais, da mesma forma que falta de ética e a má conduta profissional é algo que parte do próprio indivíduo. Todavia, para receber a outorga de grau é necessário realizar o juramento estabelecido por cada profissão, o juramento é individual “…assim eu juro”, o não entendimento da importância desse juramento, faz com que alguns serviços sejam negligenciados ou executados de forma inadequada.
​ Nós familiares da Rosimeyre Ferreira Araújo, agradecemos a todos os servidores do Hospital Regional de Porto Nacional, que cuidou da paciente no período que teve internada no de 29/07/2020 a 06/08/2020.
Na ocasião reforçamos nossos agradecimentos aos Médicos, nas pessoas dos profissionais Dr. Astério e Dr. Valcirlei que realizou todos os procedimentos necessários e cabíveis, aos fisioterapeutas nas pessoas do Pablo e Tiago que desenvolveram um excelente trabalho, pois a Rosy, sempre externava gratidão a eles. As Enfermeiras na pessoa da Elizangela, sempre atenciosa, dedicada e prestativa assim como as demais, as Técnicas de enfermagem que realizaram excelentes serviços e cuidados a nossa querida Rosimeyre, aos Profissionais do setor Administrativo que sempre forneceram apoio com palavras e orações nos momentos difíceis. A direção do Hospital na pessoa do Sildomar Fonseca que colocou-se à disposição para nos atender no que fossem necessário.
Mas também repudiamos a conduta exercida por alguns profissionais, na ocasião a médica que verbalizou algumas palavras desconfortáveis como “ hoje à noite será eu e você”. “Dou no máximo 3 horas de vida, isso se a reza da família for forte”. “Ela não vai pra Palmas”. “A medica aqui sou eu”. A técnica de enfermagem de outro setor que gritava nos corredores indagando da profissional da Ala Covidario. Sobre o estado de saúde da Rosimeyre, explanando que o quadro de saúde dela não era satisfatório, que ela estava muito grave. Repudiamos também o vídeo divulgado pela médica Karoline (foi a própria médica que gravou) não solicitou autorização à família para divulgação do mesmo, entendemos que é crime, bem como um texto mal elaborado com muitas inverdades divulgado junto ao vídeo, isso demonstra a falta de profissionalismo observado por nós enquanto família.
Esclarecemos que em momento algum invadimos o hospital, apenas atendemos um pedido da própria paciente que temia ser entubada pela médica plantonista do dia 04/08/2020, pois a Rosimeyre havia nos informado que a profissional não transmitia confiança nem mesmo segurança para realizar tal procedimento, gerando assim um desconforto e desespero a todos os familiares, pois não sabíamos o que fazer. No mesmo dia pedimos a nossa querida Rosy que mantivesse a calma, que no dia seguinte manifestassem ao Dr Asterio sobre a aceitação do processo de intubação. Sabíamos que era necessário. Ela disse que entendia sobre a necessidade porem ouvia falas de profissionais nos corredores que a medica não possuía “técnicas para o manejo” no processo de intubação, mesmo sabendo que a decisão de intubação partia dela enquanto autoridade máxima no recinto. Alguns familiares dirigiu-se até o hospital e manifestaram o pedido de recusa do procedimento a ser realizado por ela, com receio de contrariar a médica, não informaram o motivo da recusa.
No dia seguinte sabíamos que Dr. Asterio estaria lá como era de praxe, ele esteve e realizou o procedimento de intubação.
Havia esperança por melhoras, mas infelizmente não ocorreu. Meu pai idoso, sem direção, desconsolado e revoltado com toda a situação da perca, manifestou através de um vídeo seu sofrimento. Explicamos a ele que não se tratava de toda a equipe e sim de alguns profissionais. Ele verbalizou que acreditava que o todo hospital poderia ajudar a trazer ela de volta. Informarmos a ele que existem coisas e situações que nem sempre estão no alcance dos profissionais, que havíamos a certeza que muitos outros profissionais lutaram, buscaram e dedicaram para a recuperação da Rosimeyre.

​Porto Nacional – TO, 12/08/2020