Criminosos voltaram a aplicar golpes em hospitais públicos do Tocantins, desta vez no Hospital Geral de Palmas (HGP). Após ter acesso a informações dos prontuários de pacientes, os criminosos entram em contato com parentes e pedem dinheiro para agilizar exames e procedimentos. Já são mais de 50 casos registrados em todo o estado.
Uma mulher, que não quer se identificar, está com a mãe internada há 11 dias na UTI do hospital. Ela conta que recebeu a ligação de um homem, dizendo ser médico. “Ele falou os dados e a patologia dela. Então, assim, ele sabia do que se tratava”, contou. (Veja vídeo)
Uma outra pessoa da mesma família, desconfiando se tratar de um golpe, gravou a conversa telefônica com o golpista. Na gravação, o golpista diz que o exame teria que ser feito logo porque a paciente corria risco de morrer.
“Eu tenho a tomografia dela marcada para amanhã às 2h da tarde, entendeu? Só que eu só posso medicar ela após as tomografias com essa nova medicação.”
Em outro trecho, o criminoso passa o número da conta bancária e determina o valor. “R$ 1,5 mil as duas tomografias. Esse pagamento eu vou te passar os dados do financeiro da Unimed para você efetuar o pagamento e guardar o comprovante para a hora da perícia”, diz.
A família não depositou o dinheiro, e registrou boletim de ocorrência.
O mesmo golpe foi registrado em outros hospitais públicos do interior do Tocantins. Os alvos são sempre pessoas internadas na UTI. Em Gurupi, no sul do estado, dois irmãos foram enganados e depositaram R$ 1,5 mil para que o pai, internado na UTI, pudesse fazer um exame. O idoso morreu um dia após o pagamento.
O estelionatário se identificou como médico plantonista da unidade intensiva e também tinha informações do paciente e da família. “Segundo ele, meu pai precisava fazer uns exames que na unidade não fazia. E que esses exames era porque eles estavam suspeitando que ele estava com infecção generalizada”, contou Joacir Barbosa da Silva.
A diretora do Hospital Geral de Palmas (HGP), Renata Duran, afirmou que existem campanhas alertando para as pessoas não pagarem por exames ou cirurgias nos hospitais públicos. Mas até agora ninguém sabe dizer como os golpistas ficam sabendo das informações dos pacientes.
“A gente não sabe se esses dados estão sendo hackeados e sendo usados nessa forma de golpe. Nós realmente não sabemos como isso está chegando até os golpistas”, disse.
Os parentes de pacientes suspeitam que funcionários dos hospitais estão envolvidos. “Se não foi um funcionário que ligou, mas um funcionário passou os dados porque a pessoa sabia do que se tratava, a patologia e sabia com quem estava conversando”, disse um parente.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado informou que somente este ano abriu cinco procedimentos administrativos para apurar denúncias desse tipo em hospitais do estado. A Unimed Palmas disse que toda solicitação de exames e procedimentos é feita pessoalmente pelos médicos cooperados.
Fonte; G1 Tocantins