Em entrevista coletiva no começo da tarde deste domingo, em Minas Gerais, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, disse que destinou R$ 90 milhões para ajudar as cidades afetadas pelas fortes chuvas dos últimos dias tanto no estado quanto no Espírito Santo. Segundo Canuto, a liberação dos recursos ocorrerá mediante demanda de cada município. Ele ainda anunciou a antecipação dos pagamentos do Bolsa Família e do FGTS para as vítimas da tragédia.

— Temos 90 milhões disponíveis em conta para repasse imediato pelo ministério. Esse é o recurso total do governo federal por enquanto. Mas não quer dizer que seja o único disponível. Os municípios têm prazo de 180 dias após o desastre para apresentar as demandas. Mas evidentemente tem de ser o mais rápido possível — afirmou.

Canuto sobrevoou o estado na manhã deste domingo para verificar os estragos feitos pelas chuvas. O mais recente boletim da Defesa Civil de Minas Gerais contabilizou 37 mortes por temporais em Minas Gerais. O governo decretou situação de emergência em 47 cidades por causa dos estragos provocados pelo temporal.

O ministro do Desenvolvimento Regional afirmou que, durante o sobrevoo, foi possível ver inúmeras ocupações irregulares, “um passivo deixado por gestões anteriores”. Ele disse que a prioridade do governo federal é ajudar as famílias desabrigadas e desalojadas. 

— Neste momento, a burocracia não pode impedir para que os recursos cheguem e as famílias sejam atendidas. A gente precisa levar ajuda para aqueles que perderam tudo. É importantíssimo que os prefeitos unidos nos apresentem essas demandas, para que o governo possa passar os recursos necessários a quem perdeu quase tudo que tinha — disse.

Na mesma entrevista, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que todas as unidades da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais estão mobilizadas para receber doações. Ele também alertou para o problema das ocupações irregulares e cobrou um plano nacional voltado à moradia.

— O Brasil precisa de um reordenamento urbano. Precisamos de políticas públicas consistentes, de longo prazo, que gradativamente venham a diminuir as zonas de risco. É um trabalho que levará décadas para ser realizado, não só em Minas, mas em várias outras regiões que têm o mesmo problema. Caso contrário, veremos isso ocorrer muitas vezes – afirmou.

Governo está agindo, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo, em Nova Délhi, na Índia, que está acompanhando a destruição causada pelas chuvas em Minas Gerais, que já deixou 37 mortos. Segundo Bolsonaro, a extensão da área atingida dificulta a ajuda às vítimas.

— Mandei um recado para o [vice-presidente, Hamilton] Mourão hoje, está tomando providências, as Forças Armadas estão agindo em Minas Gerais, na região mais ao sul, estamos agindo também no Espírito Santo, fazendo o possível, afirmou. – Agora é uma área muito grande que foi atingida, é difícil você atender a todos, mas estamos fazendo o possível. E para as Forças Armadas não têm sábado, domingo nem feriado. Estamos trabalhando.

Mortos

Segundo a Defesa Civil, 25 pessoas seguem desaparecidas e 12 ficaram feridas. Outras 3.354 estão desabrigados e 13.687, desalojadas. Entre os mortos no estado estão um bebê, uma criança de seis anos e uma mulher, vítimas do desabamento de um barranco sobre uma casa em Ibirité, na região metropolitana. As vítimas são mãe e filhos. O corpo da mãe foi encontrado abraçado ao do bebê. Em Betim, deslizamentos provocaram a morte de mais quatro pessoas no bairro Duque de Caxias e de outras duas no bairro Jardim Teresópolis.

Segundo a Polícia Militar, dois irmãos, uma bebê de 1 ano e 6 meses e um garoto de 7 anos, morreram depois que um deslizamento de terra atingiu a casa deles, em Alto Jequitibá, na Região da Zona da Mata. Eles foram arrastados até um rio, próximo à casa destruída. O irmão deles está internado em estado grave.

A chuva deu uma trégua na manhã de domingo, mas ainda há riscos de temporais à tarde. A Defesa Civil solicitou que moradores fiquem alertas. “Se vir alguma modificação, trinca, movimentação de terra, saia (de suas casas), mas principalmente se algum órgão solicitar a sua saída não retorne ao local até que receba a comunicação desses órgãos de que é seguro voltar”, alerta a Prefeitura de Belo Horizonte. Como o solo está encharcado, os riscos de deslizamentos de encostas são grandes.

Fonte: O Globo
Foto da Capa:  Alexandre Mota