Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

A greve iniciada ontem por caminhoneiros representantes das empresas transportadoras e encerrada no início da tarde desta sexta-feira afetou a distribuição de combustíveis em vários locais de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com representantes sindicais, a expectativa é que a situação seja normalizada em 24 horas nos três estados.

O executivo de uma distribuidora disse que “o problema foi geral e afetou todas as distribuidoras”. O presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes, disse que a greve foi suspensa sem uma solução para o preço alto do diesel.

Ailton Gomes, da Associtanque-RJ, lembrou que reuniões foram marcadas para semana que vem com autoridades dos governos estadual e federal para reduzir o preço do diesel.

Em Minas Gerais, estima-se  que cerca de 800 caminhões participaram do movimento hoje. Juntos, o Sinditanque-MG, Sinditanque-SP e a Associtanque-RJ representam mais de 3 mil motoristas de caminhão.

Representante do Sinditanque-MG disse que os caminhoneiros se concentraram em Betim, em Minas Gerais, onde estão distribuidoras como Vibra, Shell, Raizen e Ipiranga. É em Betim que está localizada a refinaria da Petrobras, a Regap.

No Rio, os tanqueiros se concentraram nas bases de abastecimento das distribuidoras de Campos Elíseos, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

A principal reivindicação, segundo o  Sinditanque-MG, é conter o aumento do preço do diesel. Em Minas Gerais, a categoria defende ainda a redução do ICMS no diesel de 15% para 12%. Também está na pauta a redução do preço do gás de botijão.

O Minas Petro, que representa os postos, disse que as bases já estão abertas e os caminhões já começam a ser abastecidos normalmente. “Tão logo os veículos comecem a sair de Betim, o abastecimento de combustíveis em todo o estado de Minas Gerais deverá ser normalizado em aproximadamente 24 horas”, disse em nota.

O Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), afirmou que as bases de distribuição estão recebendo os caminhões para carregamento e envio aos clientes. “O suprimento de combustíveis aos postos deve ser regularizado em breve”, disse.

A paralisação ocorre após a Petrobras afirmar que não iria conseguir entregar todos os pedidos para novembro, gerando rumores de que poderia ocorrer um desabastecimento. Mas a Agência Nacional do Petróleo (ANP) nega que haja esse risco no momento.

Preço da gasolina já está em R$ 7,99

Na esteira da paralisação dos tanqueiros, alguns  donos de postos já elevaram o preço da gasolina. No Jardim Sulacap, na Zona Oeste do Rio, por exemplo, o preço do litro da gasolina chegou a R$ 7,99. Segundo um frentista, o aumento do preço  ocorreu por conta do risco de falta de combustível.

Procurado, o Procon-RJ informou que, apesar de não ter a atribuição de controlar os preços praticados pelos postos de combustíveis, orienta os consumidores que se sentirem prejudicados a fazerem uma queixa à entidade.

Segundo o órgão, “as ações de fiscalização da autarquia são baseadas em denúncias recebidas”. Até o momento, no entanto, não houve reclamações.

“O Código de Defesa do Consumidor entende como prática abusiva a elevação do preço de produtos e serviços sem justa causa. Nesse sentido, será caracterizada a abusividade dos preços caso o fornecedor se utilize da premente necessidade do consumidor em acessar tais produtos para atribuir preços manifestamente desproporcionais aos valores praticados no mercado, que são os casos excepcionais”, declarou Cássio Coelho, presidente do Procon-RJ, em nota.

Em outro movimento, o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, diz que espera até o dia 31 de outubro um posicionamento do governo federal para resolver o aumento no preço do diesel. Sem uma solução, ela afirma que a categoria vai entrar em greve no dia 1 de novembro.

Ele defende  o fim do PPI, a política de preços da Petrobras, que acompanha os preços internacionais. No ano, a Petrobras já reajustou o preço do diesel em 51,4% nas refinarias. No caso da gasolina, esse aumento chega a 61,9%.

— Se para as transportadoras está ruim, imagina para os autônomos — disse Landim.

Fonte – O Globo via Globo.com