Com a proximidade do fim da vigência do Termo de Cooperação Técnica firmado entre o Instituto Natureza do Tocantins – Naturatins e a organização não-governamental, Instituto Araguaia – IA, na tarde, desta quarta-feira, 29, foi realizada uma visita técnica-institucional para a acompanhamento da avaliação dos resultados alcançados. O Termo de Cooperação se expira no mês de julho deste ano. Então para análise da efetivação do aditivo, o Naturatins foi ao encontro do Instituto de pesquisa para ouvir a equipe, verificar a necessidade de ajustes.
Na análise do superintendente do Naturatins, Natal Cesar Castro, a cooperação mantém uma relação de parceria que viabiliza resultados de pesquisas, monitoramento e articulação de ações de fiscalização importantes para o órgão, para proteção do Parque Estadual do Cantão – PEC, para o monitoramento e manejo dos recursos pesqueiro nos rios da região. “Temos a intensão de reforçar essa parceria, aqui dentro do Parque. A produção de resultado de pesquisas contribui para tomada de futuras decisões do órgão. Por outro lado temos também o apoio dado para nossa equipe de fiscalização, as vezes com hospedagem, com alimentação, então essa parceria é de suma importância para ambas as partes, sem contar também o bom relacionamento que tem com a gerência do Parque do Cantão”, pontuou o superintendente.
Ainda segundo observou Natal Castro, as equipes trabalham em sintonia, no Instituto Araguaia eles dispõem de internet wifi, telefone, então quando é visto alguma infração ambiental ou crime ambiental, eles entram em contato de imediato com as equipes de fiscalização, para em tempo recorde localizar, flagrar e tomar os procedimentos fiscalizatórios com as infrações que venham a ocorrer dentro e entorno do PEC. Eles mantem equipe própria e o funcionamento de todas as instalações e equipamentos com fonte de energia solar. Eles estão já a bastante tempo na região, realizando pesquisas e tem muitos bons resultados. A localização do Instituto Araguaia está em um ponto estratégico onde todas as embarcações que circulam a região precisam passar e com isso eles possuem um monitoramento muito bom para o Parque Estadual do Cantão.
O diretor-executivo do Instituto Araguaia, George Georgiadis, lembra que a parceria com o Naturatins começou no ano de 2010 e no seu 8º ano, não envolve transferência de recursos. “A nossa visão dessa cooperação é que ela é um modelo excelente de como pode funcionar uma parceria entre o setor público que tem certas vantagens e o setor privado sem fins lucrativos, as ONGs que trazem outras vantagens comparativas na gestão de uma unidade de conservação. O Instituto Araguaia como ONG tem a facilidade de captar recursos para pesquisa, de manter pessoal em campo durante longos períodos, o que muitas vezes é difícil para o setor público, até por causa da legislação diferenciada e de executar pesquisas ecológicas a longo prazo, que transcendem o tempo até de uma gestão política para outra. Então faz essa ponte de informação e disponibilizam”, destacou Georgiadis que ainda complementou.
“Quando o Instituto Araguaia expõe o valor ecológico de uma área como a do Parque do Cantão, região onde trabalhamos, isso tem uma credibilidade muito grande junto ao meio científico, junto até a fonte de recursos para o Parque. Por outro lado seria impossível, nós executarmos as pesquisas que executamos aqui, se não fosse pela colaboração do Naturatins, pois todas as pesquisas que executamos, exigem como premissa básica, que não haja interferência de pesca, caça, molesta da fauna ou alteração do ecossistema na área pesquisada”, enfatizou.
A bióloga do IA, Thais Suzana, relatou que atualmente há três linhas de pesquisas em andamento, o monitoramento da população de ariranhas, o monitoramento da espécie recentemente descoberta em 2014, o boto do Araguaia e o monitoramento da ictiofauna da área em torno do Parque. “Essa é uma área que a gente encontra uma grande população de ariranhas, nós acreditamos que seja a maior população de ariranhas, dentro de uma unidade de conservação no Brasil. A questão do boto, por ser uma espécie relativamente nova na escrita, nós ainda estamos avaliando o tamanho dessa população e com relação ao projeto de captura e marcação dos peixes para monitoramento da ictiofauna, nós já verificamos que várias espécies utilizam a área como um imenso berçário, uma área que eles buscam para sua reprodução e posteriormente fazem seu deslocamento para os outros rios”, pontuou a bióloga.
O assistente de apoio técnico do IA, Juarez Sena Feitosa, falou da sua experiência e da parceria com a equipe do Naturatins e o Parque Cantão. “Vai fazer 4 anos que trabalho no Instituto Araguaia e sempre do lado do Parque Cantão, ajudando a fiscalizar como parceiros do Naturatins. Toda vida fui parceiro do Naturatins e a gente sempre tem esse trabalho conjunto de fiscalização para preservação do Parque Cantão, isso aqui é bom para nós todos, temos alguma dificuldade com os assentamentos instalados ao lado do Parque, mas é possível entrar em parceria com eles para nos ajudar a cuidar, não deixar estragar e destruir, mas preservar mais, porque tudo isso serve não somente para nós, mas as próximas gerações que vem por ai. Hoje não temos mais a quantidade de peixes como antigamente, mas se a gente continuar preservando sempre vai ter”, contou o assistente de apoio técnico do IA.
Cooperação
O Instituto Araguaia desenvolve pesquisas sobre a reprodução, crescimento e a dispersão dos peixes da região do Araguaia, inclusive dos peixes de valor esportivo e comercial, como o tucunaré, o pirarucu. Essas pesquisas são essenciais para desenvolvimento do manejo correto do peixe, para manutenção da pesca esportiva e da pesca profissional, sem a extinção de espécies.
Na avaliação do Instituto de pesquisa é impossível a realização de estudos desse tipo em um lugar onde ocorre a pesca, pois provoca interferência na compreensão da linha de base. E o Cantão é considerado um dos poucos lugares no Brasil, onde se consegue desenvolver pesquisa ecológica a longo prazo, graças a parceira com o Naturatins, que faz um trabalho fiscalização e patrulha no Parque e da área onde se desenvolve o monitoramento científico.
Também há a execução de expedições a outras partes do ecossistema, que muitas vezes conta com o apoio logístico do Naturatins, voadeiras, motores e até de pessoal para viabilizar o acesso em uma área remota do Parque. Nessa cooperação, junto com o gestor do Parque e com o Naturatins, o Instituto Araguaia organiza eventos de educação ambiental, para mostrar ao público mais amplo, o valor ecológico de um ecossistema como o do Cantão e a importância de ser preservado, tanto pelo aspecto ambiental, como pelo futuro econômico da região.