Ícone do site Gazeta do Cerrado

O drama e a luta dos berçários para serem reconhecidos como serviços essenciais; seis já fecharam as portas

Dificuldades e insegurança. Várias empresárias do ramo de berçários relatam as dificuldades para conseguirem manter os negócios. Com a pandemia e atividades suspensas elas amargam vários prejuízos.

A Gazeta conversou com várias empresárias do ramo sobre o assunto. Elas montaram um grupo chamado “Berçários em Ação” para discutir o momento.

Elas contaram como estão se mobilizando. “Através de União entre os Berçários de Palmas, com o objetivo de conscientizar os órgãos competentes que nossas crianças estão correndo grandes riscos, em berçários clandestinos, e em casa sendo cuidados por outras crianças porque os pais voltaram a trabalhar. Mostrar que o número de acidentes domésticos cresceu bastante, enquanto isso nós que temos todos os cuidados, cursos e locais adaptados para essas crianças estamos fechados“, afirmaram.

Psicologicamente falando, nos sentimos muito fragilizados, pois fomos taxados como um serviço não essencial, quando na verdade somos tão essenciais nesse momento quanto qualquer comércio já autorizado a funcionar. Sempre cuidamos com todo amor e carinho de nossas crianças e fazendo parte da vida dela desde os 3 ou 4 meses de vida! Somos pra essa criança uma referência de carinho e segurança na ausência dos pais, enquanto estão no trabalho, e de uma hora pra outra essa criança sai da segurança de um Berçário regularizado e adaptado para uma “casa” onde não terá nenhuma estrutura necessária para o desenvolvimento saudável dessa criança“, contou o grupo.

A mobilização resultou na união: “Nosso grupo foi crescendo, hoje juntas estamos buscando soluções, uma auxiliando a outra nos momentos de elaboração de propostas para que possamos apresentar à nossa Prefeita, que já temos condições de voltarmos às nossas atividades com segurança. Já elaboramos nossa cartilha de biossegurança, assim como também já estamos adaptados desde a abertura de nossas empresas, pois seguimos rigidamente todos os critérios exigidos pela vigilância sanitária“, contam.

Atualmente pelo menos seis Berçários já fecharam. “Acredito que seja bem maior o número, pois vários pais têm pedido a rescisão do contrato, o que acaba impossibilitando a sobrevivência da estrutura física dos Berçários. Temos aberto diálogo e negociado com todos os pais, porém nosso objetivo maior é poder voltar a atender nossas crianças. Sabemos que muitos pais vão optar por manter a criança em casa, mas estamos nesse momento muito aflitas, pois vários pais já voltaram a trabalhar e estão desesperados com medo de perder o emprego devido a constante preocupação de não ter onde deixar a criança“, contou uma das organizações do grupo.

Alguns já relataram que estão deixando em “casas de tias” onde tem funcionado berçários clandestinos, elas sabem dos riscos, mas não tem outra opção a não ser a de arriscar, pois muitas são chefes de família e não possuem nenhum familiar ao qual possa recorrer nesse momento.

Acreditamos que somos um serviço essencial na comunidade, e como estamos impedidos de funcionar regulamentado, temos visto o número de creches clandestinas aumentarem de forma absurda! Com um agravante de não existir uma fiscalização eficaz nesse sentido, a não ser que sejam denunciados essas creches clandestinas, pois no geral funcionam em residências simples e sem identificação, o que com certeza favorece a atividade ilegal e dificulta as fiscalizações“, afirma o grupo.

O grupo diz ainda: “Nossa maior preocupação hoje é que como não são regulamentadas essas creches clandestinas, existe um risco muito grande dessa criança adquirir o vírus e transmitir aos mais velhos, pois não há monitoramento, controle ou mesmo condições salubres nessas creches clandestinas, o que nos faz refletir que esses pais deveriam ter o direito de escolher onde deixar seus filhos: em uma creche clandestina sem controle algum, ou em um berçário regularizado e capaz de cumprir os requisitos desse monitoramento“, pontuou.

O abaixo assinado

À pedido dos pais formulamos um abaixo assinado, onde poderemos apresentar um respaldo totalmente transparente do desejo de retorno à nossa atividade“, informou o grupo.

Elas afirmam ainda: “Mantemos um relacionamento muito estreito com os pais de nossas crianças, o que tem nos sustentado e mantido a sobrevivência dos nossos Berçários, pois a grande maioria depende do seu estabelecimento para seu sustento, assim como nossas funcionárias também dependem dos salários e da estabilidade para sustentarem suas famílias. Temos aberto o coração aos pais, e eles têm sido companheiros nessa mobilização, publicando em seus status e buscando àquelas pessoas que tanto necessitam dos nossos serviços à assinarem nossa petição“, disse.

Veja mais sobre o abaixo assinado:

É um esforço conjunto entre pais e proprietários de Berçários, onde todos defendem o mesmo pensamento de que somos sim um serviço essencial, sem o qual o comércio se torna difícil de funcionar, pois os pais precisam trabalhar e em contra partida precisam se sentir seguros em deixar seus filhos com quem já conhecem e confiam.
Através do link https://peticaopopular.com.br/mobile/view.aspx?pi=BR87068#.Xv8vrXS0CPc.whatsapp
Nos ajude a trazer as crianças para a segurança dos Berçários regularizados, pois o risco está sendo bem maior em Creches Clandestinas!!
Já seguíamos diretrizes de segurança e higiene estipulados pela vigilância sanitária, e já temos o Manual de Biossegurança pronto para colocar em prática!
Berçário é sim um serviço essencial!!!!!!
Nos ajude assinando essa petição e compartilhe com seus amigos!!!

– Nossa proposta de retorno
Gostaríamos de propor à Prefeita, que nos inclua na relação de empresas que prestam um serviço essencial, para que possamos voltar às nossas atividades. Gostaríamos também de colaborar com o Centro de Operações de Emergência em Saúde, auxiliando através de um mapeamento completo das famílias que atendemos, dessa forma poderíamos contribuir com dados atualizados da saúde dessas famílias, o que acredito que seria benéfico para todas as partes (crianças, empresas, famílias e prefeitura).
Nosso objetivo não é gerar polêmica, o que queremos mesmo é ofertar nossos serviços de forma segura (monitorada constantemente) e poder contribuir para uma qualidade de vida melhor para nossas crianças.
Já possuímos nossos documentos atualizados para enfrentar os desafios do COVID-19 dentro da nossa instituição, e precisamos de uma oportunidade de apresentar aos organismos fiscalizadores, assim como uma audiência com nossa prefeita, pois sabemos o empenho que ela tem tido em manter sob controle essa pandemia que pegou à todos de surpresa.
Queremos somar nossos esforços e sermos vistos como parceiros!
Estão nesse empenho os Berçários:
– Brinquedoteca e Recreação Corujinha (Carina e Silva Chiarini)
– Berçário Mamãe Coruja (Débora Maria da Silva)
– Trilha do Saber Universidade Infantil (Laís e Larissa)
– Berçário Recriar (Kênia Oliveira)
– Berçário Doce Encanto (Daniele Aguiar)
– Creche Pequeno Príncipe (Débora Morais)

Maju Cotrim – Gazeta do Cerrado

Sair da versão mobile