Aos 33 anos, Mark Krieger, brasileiro que é um dos fundadores do Instagram, relembra sua jornada no mundo da computação. O caminho começou cedo, quando tinha apenas seis anos e seu pai comprou o primeiro computador da casa. “Tinha um joguinho de um macaco com as bananas que explodiam. O primórdio do Angry Birds feito em uma linguagem simples. No cantinho, tinha um botão editar… Um dia, eu tentei editar o código e quebrei o jogo.”

Apesar de sempre ter tido programação como um hobby, não foi esta a carreira que ele buscou, inicialmente. No ensino médio, sonhava em ser diretor de cinema. Na hora de fazer o vestibular, escolheu jornalismo. E quando foi aceito na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, escolheu cursar Sistemas Simbólicos, curso que juntava vários de seus interesses.

“Na minha primeira semana nos Estados Unidos, fui chamado para um jantar promovido pela casa de estudantes em que eu morava, na universidade, junto com o criador do Yahoo. Naquele jantar entendi que um empreendedor não era nenhum ‘semideus’. Era uma pessoa com uma ideia e com muita disposição para transformar esta ideia em realidade.” Foi também na universidade que ele conheceu Kevin Systrom, seu futuro sócio no aplicativo, que seria comprado pelo Facebook em 2012 por US$ 1 bilhão.

 

A dupla compartilhava uma paixão por fotografia e percebeu que, pela primeira vez na história, estávamos o tempo todo com um aparelho nas mãos que tinha uma câmera fotográfica e conexão com a internet. Mas ainda faltava uma maneira fácil de compartilhar fotos. Depois de muito trabalho, e de o aplicativo inicial da empresa ter sido abandonado por falta de usuários, a dupla percebeu que existiam três problemas para ser solucionados: a baixa qualidade das fotos dos celulares, que foi solucionada com a criação de filtros; a dificuldade de enviar arquivos pesados, exigindo que um aplicativo, para ser bem sucedido, também otimizasse as fotos; e, por fim, a dificuldade de postar fotos, solucionada com links para outras redes sociais, permitindo que o usuário, de uma só vez, compartilhasse a foto no Instagram, no Twitter, entre outras. “Nós fomos nossos primeiros usuários, criamos algo que a gente gostava e sentia falta”, conta Krieger.

Leia abaixo o que o empreendedor disse sobre diversos temas.

E se o Instagram fosse criado no Brasil
“Em 2004, no Brasil, não existia a ideia de quem era o empreendedor de tecnologia. Foi aqui que eu descobri que isso existia.  Mas isso vem mudando, o que torna cada vez mais possível que empresas como o Instagram também surjam por lá”, reflete Krieger, enquanto explica os três passos fundamentais para a hora de criar uma startup: encontrar sócios, conseguir investidores e contratar os primeiros engenheiros.

Encontrando sócios
O Instagram surgiu depois de um reencontro inesperado entre os dois sócios em uma cafeteria. O primeiro emprego de Krieger, depois de sair da faculdade, foi em uma startup, o que ele considera fundamental, por ter lhe dado a chance de aprender o que dava certo e o que dava errado com os erros dos outros. Já Systrom trabalhou por vários anos na Google, o que além da experiência em uma grande empresa agregou contatos importantes para formar a equipe inicial do Instagram.

No cenário brasileiro existem muitos jovens querendo empreender, buscando aprender coisas novas e solucionar problemas. Uma vez que a ideia de empreendedorismo está na cabeça dos jovens, torna-se mais fácil encontrar pessoas em diversas áreas dispostas a trabalhar por uma missão. “Se você tem uma paixão sobre como solucionar um problema, ou alguma área que acha que pode tornar mais eficiente, seja ela local ou global, vale a pena tentar uma solução ou algo novo dentro dela.”

Conseguindo investidores
Para começar o Instagram, Krieger e Systrom conseguiram US$ 500 mil, valor baixo para o início de empresas no Vale do Silício. O primeiro escritório da empresa foi na antiga sala de reunião do Twitter. Lá, trabalhavam apenas os quatro engenheiros que compunham a equipe original antes de o Instagram ser comprado pelo Facebook em 2012.

O brasileiro conta que, na época em que o Instagram começou, a prática de investimentos de risco em startups (conhecido como Venture Capital) ainda não era comum no Brasil. “Algumas empresas até se ofereciam para emprestar dinheiro, mas, se o negócio não fosse para frente em um período de tempo, você tinha que devolver. Aqui no Vale, por outro lado, estavam até dando dinheiro demais”, conta. “Tinha o que a gente chamava de empresa videogame: os funcionários jogavam no meio da tarde porque não tinha trabalho para fazer e o cheque do investimento não tinha acabado.” O cenário no Brasil está mudou, e empresários e investidores estão vendo futuro neste tipo de investimento, por isso procuram por startups que podem ter sucesso. “Agora está mais fácil, os investidores brasileiros sabem que isso existe e há fundos que ajudam futuros empreendedores.”

Contratando engenheiros
Montar uma boa equipe é essencial para o sucesso da empresa e, para quem não tem muitos contatos na área, pode ser um dos momentos mais desafiadores. Para fazer parte de uma startup é preciso gostar de desafios e, principalmente, ser uma pessoa flexível. Em geral, o produto final de uma startup é muito diferente da ideia inicial. “Não pode ser apegado ao que não está dando certo. Em algum momento, vai tudo para o lixo para poder surgir uma ideia melhor.” Também é preciso entender o horário de trabalho fora do convencional. “Os japoneses foram os primeiros a usar o Instagram, ou seja, tinha muita queda no sistema por excesso de usuários nos horários de pico do Japão. Isso significa que eu acordava de madrugada para resolver os problemas.”

Encontrar engenheiros com estas características em uma área com grandes investimentos em startups pode ser um desafio ainda maior do que os encontrar no Brasil. “Na época do Instagram, nossa maior dificuldade é que, como tinha muito investimento, a maioria dos engenheiros estava montando o próprio negócio. Hoje, os investimentos estão sendo mais bem controlados, mas não sei se eu começaria uma empresa em São Francisco. Além das grandes empresas como o Facebook e o Google, tem muitas outras empresas contratando na região e brigando pelos melhores talentos.”

Krieger acredita que, com o cenário atual, seria possível ter uma empresa como o Instagram surgindo no Brasil. “O Brasil sempre acaba sendo o segundo ou terceiro em consumo deste tipo de empresa. Tem muito mercado por lá.” Para os empreendedores que estão montando umastartup agora, Krieger tem um conselho principal: “Paciência! Em algum momento vai dar errado. O engenheiro principal vai sair no meio de uma mudança, o sistema vai cair bem quando o ex-presidente Obama quer usar, mas isso acontece e o que faz a diferença é saber buscar soluções!”

O desafio é grande, mas uma boa equipe deixa saudade. “O que eu mais sinto falta do Instagram é poder trabalhar todos os dias com aquela equipe.” Krieger também conta que sua principal motivação para empreender novamente é formar uma equipe e ter a chance de trabalhar novamente com pessoas que querem fazer a diferença.

Fonte: Época Negócios

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