Na tarde desta quarta-feira, 20, o Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Tocantins (Sinpol) realiza uma coletiva de imprensa sobre a Operação Caninana, que resultou na denúncia de dois delegados e cinco policiais por suspeita de integrarem um suposto grupo de extermínio que seria responsável por cinco mortes que aconteceram em 2020.
A denúncia é contra os delegados Ênio Walcacer de Oliveira Filho e Amaury Santos Marinho Junior e os policiais Antonio Martins Pereira Junior, Carlos Augusto Pereira Alves, Giomari dos Santos Junior, Callebe Pereira da Silva e Antônio Mendes Dias. A defesa já protocolou o pediu de habeas corpus dos acusados.
Conforme o advogado do sindicato, Antônio Ianowich Filho, afirmou que as informações que levaram as denúncias foram vazadas, e quem vazou estes dados já foi informado no processo. “Já entramos entramos com o pedido de revogação de prisão preventiva. Um jornalista teve acesso a primeira mão de trechos e cópias da denúncia que a defesa não teve acesso. Alguém instigou os acusados a procurarem a Polícia Federal, foi quem vazou as informações. Tanto que todos se apresentaram à PF”, começou a defesa.
Ianowich afirma que os acusados fazem parte de uma das melhores equipes operacionais da PC no Tocantins. “Esta equipe da DENARC vinha atuando em em ações de combate ao crime organizado e narcotráfico, principalmente, dando auxílio em mais diversos ramos de investigações na Polícia Civil, e nos mais diversos inquéritos. O fato é, estes policiais foram procurados diversas vezes para praticar atos ilícitos fomentados por autoridades policiais”, explica.
Ele ainda conta que mesmo com o apoio do sindicato, e de associações da PC, encontram dificuldade de encontrar os promotores de Justiça para mostrar a desnecessidade das prisões.
O advogado afirma que há um áudio de 2018 em que o delegado Guilherme Rocha pede que um dos agentes falsifique um flagrante policial. “Um áudio que identifica perfeitamente a voz, que já periciado, e o perito conclui que não houve edições, e é íntegro. Ele pede que neste flagrante forjado, o policial coloque santinhos políticos com o intuito de incriminar um político do Tocantins. E o policial se nega. Todos eles agem durante sua vida de maneira correta”, diz Antônio.
Ouça o áudio:
O advogado afirma que há um projeto para derrubar certos políticos e citou o nome do ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha.. “Não há dúvidas que também existe uma guerra entre facções criminosas. Existem muitas falácias que foram divulgadas à imprensa. Os fatos não justificam as prisões”, disse a defesa.
O advogado ainda afirma que era praxe delegados forjar relatórios falsos de investigações. “Nós temos documentos e áudios que comprovam que era praxe de alguns delegados produzir relatórios falsos com o objetivo de justificar ações policiais. Isso também será apresentado ao Ministério Público assim que eles demonstrarem interesse em reunir com meus clientes e nós vamos apresentar uma gama de provas que põe por terra muitas investigações que foram produzidas por alguns delegados de polícia”, revelou.
Entenda
No dia 22 de junho, a Polícia Federal deflagrou a Operação Caninana para investigar o suposto grupo de extermínio e cumpriu mandados de busca e apreensão em dez endereços, entre eles na Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc), além de cinco mandados de prisão.
Na denúncia, protocolada na 1ª Vara Criminal de Palmas, cinco promotores que assinaram o documento pedem na Justiça a prisão preventiva dos delegados Ênio a Amaury e que seja mantido o afastamento dos denunciados dos cargos que ocupam na Polícia Civil.