Texto: Fernanda Mendonça
A inclusão de árvores nos espaços urbanos vai muito além dos benefícios diretos ao bem-estar de toda a população com a melhoria da qualidade de vida. É uma forma de valorizar a identidade do local, a flora regional, além de preservar a biodiversidade, principalmente quando se opta pela manutenção das espécies típicas que já fazem parte do patrimônio cultural da região.
Palmas tem avançado muito nos últimos anos com objetivo de se tornar uma cidade cada vez mais sustentável. Exemplo disso é a presença de um Plano de Arborização específico para atender às demandas presentes e futuras da cidade.
No início de 2015 foram dados os primeiros passos para a elaboração dessa importante ferramenta para direcionamento das ações. O lançamento foi realizado em 2016 com o início das ações práticas. O objetivo geral é permitir o manejo, a manutenção e ampliação da cobertura vegetal em Palmas por parte da população, agentes públicos e privados. Nisso o cidadão palmense tem papel de destaque, como agente multiplicador das melhores práticas para a construção de uma cidade mais bonita e sombreada.
A elaboração do Plano foi realizada em conjunto pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano Sustentável de Palmas e a Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (Fapto).
Diagnóstico
Planejar é essencial para o correto direcionamento de qualquer ação a ser desempenhada. Para início das ações do Plano de Arborização foi realizado o Diagnóstico da Arborização de Palmas, que catalogou mais de 230 espécies de árvores nos principais espaços públicos, como praças, áreas verdes, canteiros das avenidas, rotatórias, estacionamentos e ruas, além de identificar os locais que necessitam da reposição ou inserção de novas espécies. Dentre as árvores estão a pata de vaca roxa, urucum, pixirica, cega machado, jatobá do cerrado, aroeira vermelha, curriola, angico, oiti, sucupira do cerrado, niim indiano, abiu e ipê.
Também foi destacada a estrutura ecológica urbana, o planejamento da arborização com os parâmetros e critérios, bem como da identificação das espécies não recomendadas para Palmas. O Plano de Arborização prevê, ainda, ações de manutenção e monitoramento, desenvolvimento de programas complementares e o cronograma de execução das atividades.
O presidente da Fundação de Meio Ambiente, Hebert Veras, explica que, além da parte de bem-estar e melhoria climática, o Plano de Arborização prevê a recuperação de áreas degradadas, como matas ciliares (em torno de córregos e nascentes), áreas verdes, rotatórias, canteiros e quadras.
Plano de Arborização
A arquiteta urbanista e professora doutora da Universidade Federal do Tocantins Márcia da Costa Rodrigues de Camargo, que atuou na elaboração do Plano de Arborização, explica que para a elaboração do documento foi realizado inicialmente um inventário das espécies arbóreas em 80 quadras da cidade. “Com isso foi verificado que a cidade já perdeu metade de sua cobertura vegetal nativa do cerrado, com o processo de abertura de quadras e pela metodologia adotada, que é do desmatamento total das mesmas”, explica a professora chamando a atenção para as conseqüências diretas às aves. “Cortar as árvores frutíferas tira os alimentos das araras, tucanos e animais silvestres que acabam migrando para outros locais”, informa.
A professora defende que para se alcançar o objetivo proposto, as diretrizes do Plano devem ser respeitadas. “Uma cidade verde e viva com temperaturas mais amenas precisa de mais arborização urbana, e em Palmas temos um déficit de 280 mil árvores”, finaliza.
Pé de Sombra
Como parte das ações concretas propostas pelo Plano de Arborização, a Prefeitura de Palmas lançou em setembro deste ano o projeto Pé de Sombra, que irá plantar 36 mil mudas de árvores nativas e frutíferas no período chuvoso, de novembro de 2017 a maio de 2018, como parte das ações iniciais do projeto. Essa arborização será feita no entorno de 72 escolas na Capital. A expectativa é reduzir entre 5ºC a 7ºC a temperatura média da cidade.
Mas o projeto não está limitado a apenas realizar o plantio e manutenção dessas árvores, mas atuará de forma enérgica no combate às queimadas que anualmente causam a devastação de grandes áreas do cerrado, aumentam a temperatura, a poluição do ar na cidade e provocam inúmeros transtornos à população.