Após um eloquente discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, durante sessão matutina desta quarta-feira, dia 26, em que criticou a forma com o que o governo federal está levando adiante as reformas trabalhista e previdenciária, o deputado Paulo Mourão (PT) convidou os trabalhadores a irem às ruas na paralisação nacional do dia 28, sexta-feira próxima, que está mobilizando servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada a protestar contra as reformas. Em Palmas, a concentração será na avenida JK.
O parlamentar reforçou que o país vive processo de desajuste fiscal e financeiro muito grande. Ele concorda que sejam feitos ajustes em algumas leis trabalhistas, “mas não na profundidade com que estão fazendo e da forma tão célere”, destaca. “Estão fazendo ajustes nas questões trabalhista e previdenciária, mas com foco no sistema financeiro elitista, para dar uma resposta à comunidade financeira mundial”, sustentou.
“É verdade que algumas perspectivas nos assustam, há uma previsão que em 2050 o Brasil terá 52 milhões de trabalhadores acima de 65 anos de idade, seria um quarto da nossa população, isso é algo a ser discutido, sim quanto à previdência”, pondera. Por outro lado, Paulo Mourão questiona porque o governo federal não cobra dos bancos e grandes empresas o recebimento dos passivos previdenciários. Ele citou as empresas Odebrecht e a OAS, além dos bancos como grandes devedores da previdência social. “Os bancos estão entre os maiores devedores, sendo que somente em 2016 tiveram um lucro de R$ 880 bilhões no Brasil”, revelou. “Nós pagamos a segunda maior taxa de juros do mundo”, ressalta. “E o Brasil não faz nenhuma ação para receber esse passivo”, defende.
Conforme o parlamentar, o déficit na previdência que em 1997 era de 0,2% do PIB, para 2017 tem uma previsão de 2,7% do PIB de déficit para R$ 180 bilhões.
Para o deputado, não se pode fragilizar um sistema de ordenamento do trabalhador que se levou três décadas para se organizar. “É preciso ter equilíbrio nessa discussão e não fazermos uma reforma da previdência que seja apenas para a comunidade internacional e empresas que fazem avaliações de risco e dizer que o Brasil vai receber uma nota AA”, pondera. “O Brasil precisa fazer uma discussão mais profunda, não é querendo responsabilizar o trabalhador”, defende.
Paulo Mourão defendeu uma discussão mais profunda do assunto, chamando a atenção para a desigualdade de salários de aposentadorias nos diversos segmentos, algo que, na sua opinião, deveria ser debatido e não está na pauta de discussão da reforma previdenciária. “Os aposentados do legislativo brasileiro aposentam em média com R$ 33 mil, os trabalhadores do legislativo aposentam em média com R$ 27 mil de aposentadoria, os trabalhadores do executivo aposentam com R$ 9 mil de, os trabalhadores do sistema privado aposentam com R$ 1.600,00 então é outro tema que nós teríamos que ter tempo para uma discussão e não pressionar os congressistas que vão votar a favor do governo, em troca de emendas”, frisou.
“É isso que afunda o Brasil cada vez mais”, afirmou. “É nós não termos um planejamento estratégico de 50 anos”, destacou. “O governo sempre decide e manda projetos de afogadilhos, em função dos problemas que não consegue discutir e nem resolver a longo prazo, principalmente com a sociedade, a sociedade produtiva, geradora de emprego, e a sociedade trabalhadora que são quem compõe a riqueza e o Produto Interno Bruto brasileiro”, discursou.
Encerrando o discurso, o parlamentar frisou que o que lhe anima é que tem muita esperança nos movimentos de ruas. Ocasião em que destacou a paralisação nacional do próximo dia 28 e convidou os trabalhadores a ir às ruas.”Vá ás ruas, vá para dizer que não concorda com esse sistema brasileiro irresponsável, corrupto, sempre decidindo as coisas sob um processo de pressão, não da sociedade, mas das comunidades financeiras que sempre querem assumir, comandar o poder e ficam por trás das cortinas sem botar a cara nas discussões com a sociedade”, vociferou.
“Nós precisamos reformular o Brasil, não espere o Brasil ser mudado através somente do legislativo, o Brasil vai ser mudado no momento em que sociedade mudar a sua consciência e a sua capacidade de formulação de ideias e de compreender que é o povo que vai ás ruas fazer as mudanças que o Brasil e o Tocantins precisam urgentemente de serem implantadas”, finalizou.