O ritmo das máquinas é intenso nas lavouras de Pedro Afonso e região. Até o final de fevereiro, produtores ligados à Cooperativa Agroindustrial do Tocantins (Coapa) já haviam colhido 50% da área de soja prevista para a Safra 2021/2022, que é de 70 mil hectares. O armazém da cooperativa fechou o mês de fevereiro com mais de 97 mil toneladas da oleaginosa recepcionadas. Desse total, 56 mil toneladas tinham sido expedidas.

Técnicos e agricultores avaliam positivamente a produtividade média de 60 sacas por hectare e outros aspectos relacionados à atual safra.   

Para o presidente da Coapa, Ricardo Khouri, os resultados, até o momento, seguem dentro do esperado. “O andamento em relação aos resultados de produção e produtividade segue dentro do que foi planejado. Apesar de ainda não termos números conclusivos, podemos afirmar que temos uma produção satisfatória. Do ponto de vista econômico, os contratos já fixados de preços pelos cooperados da Coapa possibilitam tranquilamente honrar os compromisso de custeio programados”.

O presidente também pontua que é uma safra como há tempos não se via devido ao início do período chuvoso, na primeira quinzena de outubro de 2021, o que segundo ele, permitiu o adiantamento das operações de plantio no último trimestre do ano passado. Esse pique de plantio no mês de outubro, possibilitou um cronograma de colheita adiantado o que, por consequência, adiantou o plantio do milho safrinha, que está quase finalizado.

Mesmo com a quantidade de chuvas no período do plantio fora do padrão de anos anteriores, o gerente da área técnica da Coapa, Fernando Coelho, explica que as lavouras apresentam um bom desempenho e a qualidade da soja não foi afetada. “Existia a preocupação da chuva atingir variedades de soja, mas a produtividade não foi afetada. Poderia ser melhor se sol tivesse aberto um pouco mais. Porém, todos os cooperados estão produzindo acima de 60 sacas e o armazém tem recebido uma soja com padrão excelente de qualidade”, pontuou, antes de afirmar que a expectativa é que o milho safrinha, previsto para ser colhido a partir do final de abril, também venha com qualidade. 

Investimentos em armazenagem

Com o fortalecimento do setor agrícola brasileiro, as safras têm batido recordes seguidos de colheita de grãos. Com essa visão, a Coapa investiu aproximadamente R$ 30 milhões na infraestrutura de seu armazém, o que resulta no aumento da capacidade de recebimento de grãos. De acordo com o gerente da área operacional, Nelzivan Carvalho Neves, as obras de revitalização e ampliação aumentaram a capacidade de recepção para 480 toneladas/hora.

O executivo ainda explica que a unidade armazenadora teve uma melhoria acentuada em sua parte física, entre a última safra e a atual. Com isso, dobrou-se a capacidade de recebimento, de secagem, de máquinas de pré-limpeza e toda linha que oferece suporte a esses processos. Elevadores e as esteiras transportadoras foram substituídos por equipamentos de maior fluxo e rendimento operacional.

Vice-presidente da Coapa, Laércio Diana ressalta que após as melhorias na recepção, o desafio agora é ampliar a capacidade de armazenagem para atender a demanda que cresce a cada ano agrícola devido ao aumento expressivo das áreas plantadas de soja e de milho safrinha nos 15 municípios nos quais a cooperativa atua.

“A capacidade de recebimento foi duplicada, investimos em secadores, elevadores, moegas, geradores de energia e um silo pulmão, dentre outras benfeitorias que já refletem positivamente na atual safra. Agora, a prioridade é ter um armazém graneleiro para dar conta de receber e armazenar o volume de grãos que cresce de maneira impressionante”, afirmou o cooperativista ao destacar, também, que a Coapa precisa investir, o mais breve possível, em um pátio de triagem que vai melhorar os fluxos de recepção e expedição.

Cenário

Com mais de 26 anos plantando soja na região de Pedro Afonso, os produtores Leonardo Queiroz e Fulgêncio Branquinho cultivaram uma área de 2 mil hectares de soja e 800 de milho em duas propriedades nos municípios de Bom Jesus do Tocantins e Tupirama.

Leonardo Queiroz afirma que logo no início da colheita este ano, viu algo incomum em relação às safras anteriores por conta da oscilação de sol e chuva, mas que de um forma geral a colheita apresenta uma soja de boa qualidade.

“A gente tem visto esse ano um cenário totalmente atípico das outras 26 safras que a gente colheu anteriormente. Nós tivemos um período muito chuvoso na época do desenvolvimento das lavouras. Isso fez com que as primeiras áreas colhidas tivessem um percentual menor porque o excesso de chuva e a falta de período de sol fizeram com que o grão pesasse menos e as nossas produtividades caíram.  Porém, a medida que a colheita foi desenrolando vimos começar a subir as médias de produção em função da diminuição das chuvas e do aparecimento do sol com mais frequência. Dessa forma, podemos dizer que quem deixou para plantar um pouco mais tarde acabou sendo mais beneficiado. Contudo, apesar do excesso de chuva, no geral, isso não prejudicou a qualidade e teremos um soja muito boa”, comenta.

Em relação à safrinha, o produtor acredita que haverá diminuição da área plantada em função dos altos custos da lavoura e também pela falta de alguns insumos agrícolas. Segundo o agricultor, por exemplo, fertilizantes nitrogenados desapareceram do mercado, no período de dezembro ao início de janeiro deste ano. Isso fez com que o produtor freasse um pouco a investida na safrinha e não se programasse.

 

Preocupação com cenário internacional

Tanto para o produtor Leandro Queiroz, quanto para o presidente da Coapa, Ricardo Khouri, o cenário internacional gera incertezas. Na visão dos dois, mesmo com o resultado até então dentro do planejado da Safra 2021/2022, o conflito entre Rússia e Ucrânia reflete nos preços dos produtos em todo o mundo.

“O momento que vivemos hoje é de turbulência global. A guerra entre Rússia e Ucrânia provoca muita incerteza no mercado, os preços das commodities dispararam, porém o mercado opera em baixa liquidez e é uma incógnita o que acontecerá daqui para frente”, pontua o presidente da Coapa.

Leonardo Queiroz considera o cenário atual “delicado” para o produtor, pois não se sabe o que vai acontecer com os preços dos produtos, por exemplo, com os fertilizantes. Ele lembra que a soja já teve uma alta considerável, mas que isso não gera segurança na hora de vender. 

“Estamos passando por um período difícil nessa condição de saber ou não saber, de ter ou de não ter uma certeza sobre a hora da negociação. Veja só, todas as trades que trabalham com fertilizantes saíram do mercado, as empresas de produtos químicos e outros produtos saíram do mercado e não estão atuando, nem sequer fornecendo preço. São fatores relevantes que estão trazendo insegurança e que se continuar dessa forma vai trazer problemas na organização e no preparo da safra futura”, avalia.

Números

Conforme levantamento, na Safra 2021/2022, 179 agricultores associados da Coapa, de 120 grupos familiares, plantaram uma área de soja estimada  em 70 mil hectares e preveem semear 35  mil hectares de milho.  A meta da cooperativa é receber 150 mil toneladas de soja e 100 mil toneladas de milho.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa