Fé e superação se misturam durante a tradicional subida do Morro da Velha, em Aragominas, no norte do Tocantins. Uma cidadezinha com quase 6 mil habitantes, mais conhecida como pé do morro.
Segundo os romeiros, até à capela, todos os caminhos são sagrados e a subida, uma verdadeira penitência. Já para os antigos, de acordo com o historiador Francisco Lima, a peregrinação era uma forma de agradecer pelo trabalho. “Eles dizem que lá em cima do morro, onde a cruz está é o centro do mundo”, afirma.
Costume passado de pai para filho ou de professora para alunos. “Eu creio que é um lugar sagrado porque já subi imensas vezes e sempre é diferentes. É como se o encontro com Deus fosse mais intenso. Cada vez que venho consigo sentir essa paz”, diz a professora Fátima Valadares.
O lugar foi povoado por romeiros. Até hoje os descendentes dos primeiros moradores visitam o local, como dona de casa Raimunda Souza. “Subia nas carreiras quando eu era nova. Agora não é difícil porque fizeram uma ponte de tábua”
A subida inicia com as bênçãos de Maria Mendes da Silva, uma senhora de 81 anos muito conhecida no local. Até o alto do morro é uma longa caminhada. Famílias inteiras se juntam para percorrer esse caminho. Romeiros sobem, descem e outros acabam parados. Depois de quase 1h de caminhada, chega-se ao alto do morro.
A subida é difícil. Depois de vencer os cerca de 200 metros de subida, uma das principais tradições é chegar em frente a igreja e tocar o sino.
Lá dentro, a imagem de Padre Cícero e de muitos outros santos. Uma missa foi celebrada no local. Os romeiros aproveitaram para pagar promessas, como o florista Itamar Batista que sumiu o morro com duas rosas brancas, sem derrubar nenhuma pétala. “Há anos tento trazer essas flores e dessa vez deu certo. Foi um pouco difícil, super delicado.”
Outra tradição do lugar é lavar as mãos, o rosto na fonte construída pelos primeiros romeiros. Os estudantes ficaram encantados, guardaram nos celulares as lembranças do passeio.
Já a dona de casa Maria das Graças repetiu com a filha Ana Paula, um ritual de família. e banharam com as águas da fonte. “Eu me sinto bem, já vim aqui uma vez e levei dessa água para lavar minhas pernas que doíam, nunca mais senti nada”
A fé do povo de Aragominas, que transpõe montanhas e sobrevive ao tempo.
Fonte: G1 Tocantins