O Sistema de Gestão de Alto Nível (GAM) foi desenvolvido por pesquisadores da UFT em janeiro de 2017, para monitorar a bacia do Rio Formoso na Fazenda Canaã, em Lagoa da Confusão (TO). O monitoramento das captações é feito em tempo real, com a instalação de medidores de vazão em todas as bombas acoplados a um sistema de telemetria que enviará informações de 15 em 15 minutos para a UFT.
O professor Fernán Vergara, do curso de Engenharia Ambiental, explica que, os irrigantes poderão se planejar melhor e terão a oportunidade de usar de forma mais eficiente a água, reduzindo assim custos, como o de energia da água bombeada, e ter uma maior segurança hídrica de que terá água durante todo o período, inclusive de seca.
O Rio Formoso é um dos principais rios do Tocantins, localizado no sudoeste do Estado, desempenha um forte papel na produção agrícola de grãos da região, entretanto, na época de estiagem, fica comprometida a disponibilidade hídrica na bacia em razão da falta de chuvas e das elevadas demandas hídricas para a irrigação.
Segundo informações do site do Instituto de Atenção às Cidades da UFT, para tratar da situação de conflito e escassez de água em dezembro de 2016 a Naturatins e o Ministério Público organizaram uma Audiência Pública que resultou na assinatura de um Termo de Compromisso Judicial entre a Associação dos Produtores do Vale do Rio Urubu e Associação dos Produtores Rurais do Rio Formoso.
Neste termo de compromisso houve um investimento de cerca de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) em ações de monitoramento e demandas hídricas na bacia hidrográfica do Rio Formoso a serem executadas com a gestão técnica da UFT, por meio do Instituto de Atenção às Cidades (IAC) e da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (FAPTO), onde o professor Vergara atua. OU ATUOU?
Vergara informa que o sistema permite monitorar não só os níveis do rio (amarelo, indica atenção; vermelho, proibição de uso das águas) mas saber quem e a quantidade de água bombeada. Em uma situação crítica, caso chegue no vermelho, será indicado no sistema se as bombas foram desativadas, se os produtores pararam ou não o bombeamento.
“O sistema permite diminuir o risco de impacto, para não acontecer o que ocorreu em 2016 onde o rio secou totalmente”, explica Vergara. Segundo ele, o maior mérito do sistema é a informação precisa e em tempo real para que o órgão regulador possa agir com efetividade para que esses problemas não ocorram.
O órgão fiscalizador é o Naturatins, o mesmo também é responsável pelas ferramentas e pelos equipamentos. O professor explica que o monitoramento é feito pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), enquanto que o sistema de monitoramento foi desenvolvido pela UFT por meio do Instituto de Atenção às Cidades.
“O desenvolvimento do sistema envolveu várias áreas, as plataformas, os colegas da Computação; para a medição e transmissão foram envolvidos professores e alunos da Engenharia Elétrica; a Ambiental no conhecimento de gestão de recursos hídricos; a Civil com conhecimentos de hidrologia. O objetivo foi agregar desde o início docentes, alunos e pesquisadores de várias áreas ao mesmo tempo”, reconhece.
O Sistema (GAM) possui agora um reconhecimento nacional por ter sido o grande vencedor do Prêmio ANA 2020 na categoria Pesquisa e Inovação Tecnológica. “A premiação ocorreu em Março deste ano e é uma iniciativa da Agência Nacional de Água. Com essa vitória, há uma maior exposição à UFT para a sociedade em um tempo onde se questiona a existência da universidade pública”, comemora o professor.
Entenda melhor o funcionamento do sistema GAM no vídeo a seguir:
Texto: Paulo Gualberto
Fonte/Foto: ocalangouft.wordpress.com