Adelio Bispo de Oliveira,de 40 anos, é formado em pedagogia, e foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014.  Preso na tarde desta quinta-feira (6) suspeito de esfaquear Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República, teve problemas com pelo menos uma parte de sua família. Segundo afirmou ao G1 o marido de uma sobrinha dele, Adelio era distante da família.

Também ao G1, Flávio Santiago, major da Polícia Militar de Minas Gerais, afirmou que Adelio tem uma passagem na polícia por lesão corporal ocorrida em 2013. O motivo não foi informado. Um familiar contou à reportagem que, naquele ano, fez um boletim de ocorrência contra Adélio depois de ele invadir a casa da sogra.

Já no boletim de ocorrência do ataque ocorrido nesta quinta, consta que Adelio afirmou, em conversa com policiais após sua prisão, que esfaqueou o candidato do PSL “a mando de Deus”.

“Em conversa com o autor, este nos informou que saiu de casa com uma faca de uso pessoal afim de acompanhar a comitiva, e no melhor momento pudesse, tentar contra a vida do candidato, assim tendo feito no momento em que a comitiva passava pela Rua Batista, por achar ser o mais oportuno”, diz trecho do boletim de ocorrência.

O documento continua: “Nos afirmou ainda que o motivo do intento se deu por motivos pessoais, os quais não iríamos entender, dizendo também em certos momentos que foi a mando de Deus. As testemunhas disseram à polícia que “o candidato estava sobre os ombros de um homem, momento em que o autor aproximou com a faca em uma das mãos, enrolada aparentemente em uma camisa de cor clara.”

40 anos e solteiro

Solteiro e natural de Montes Claros, Adelio completou 40 anos em maio. Sua profissão não é conhecida, mas, em seu perfil pessoal no Facebook, ele publicou, em 2014, uma foto sua em um canteiro de obras em Uberaba (MG). De acordo com a assessoria de comunicação do 2º Batalhão da Polícia Militar de Minas, o suspeito é formado em pedagogia.

“Ninguém fica sabendo, porque ele não dá endereço, sumiu no mundo”, afirmou o parente, que não quis se identificar.

“Já tive confusão com ele, pra mim ele não era normal e deu no que deu”, disse ele, que acredita que Adelio sofre de “algum distúrbio”.

De acordo com ele, o homem teve uma confusão com a família da sobrinha quando arrombou a casa em que vive a mãe dela. “Depois eu tive confusão com ele e ele foi embora e não tive mais notícia”, contou.

O marido da sobrinha disse que Adelio é muito religioso.

“Já sabia que um dia ia acontecer qualquer coisa, ele já ‘pegou faca’ pra irmã dele. A família humilde, pobre, não tem ninguém pra internar, aconteceu isso. Eu acho que é de tanto ler a Bíblia. Acho que ele lia a Bíblia de trás pra frente, de frente pra trás. Não é normal, não.”

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Adelio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSOL entre 6 de maio de 2007 e 29 de dezembro de 2014. Em nota divulgada nesta quinta, a Executiva Nacional do PSOL repudiou o atentado contra Jair Bolsonaro.

“A agressão sofrida pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro, configura um grave atentado à normalidade democrática e ao processo eleitoral” afirmou o PSOL, em nota. “Nosso partido tem denunciado a escalada de violência e intolerância que contaminou o ambiente político nos últimos anos. Por isso, não podemos nos calar diante deste fato grave. Repudiamos esse ataque contra o candidato do PSL e esperamos das autoridades as medidas cabíveis contra seu autor.”

Em outro comunicado, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, afirmou que “o fato de Adelio Bispo de Oliveiro ter sido filiado ao PSOL, entre 2007 e 2014, não altera em nada o posicionamento do partido em relação ao inaceitável atentado sofrido por Jair Bolsonaro” e que “o PSOL rechaçou em nota a escalada de violência que tem marcado o cenário político nos últimos anos e manifestou seu repúdio ao atentado sofrido pelo candidato do PSL”.

“Independente de ter tido um breve período de filiação ao PSOL, defendemos que o responsável responda por seus atos de acordo com a lei”, afirmou Medeiros.

 

Críticas políticas no Facebook

Em seu perfil no Facebook, Adelio priorizava publicações de cunho político e social, na maior parte em tom de crítica. Entre os 13 candidatos concorrendo à Presidência da República, Bolsonaro era o alvo mais comum das postagens, mas a instituição que mais recebeu críticas do mineiro de Montes Claros é a Maçonaria.

Henrique Meirelles (MDB) também foi um candidato que recebeu críticas de Adelio em seu Facebook.

Já Cabo Daciolo (Patriota) foi tema de pelo menos duas publicações neste ano: em fevereiro, quando Daciolo anunciou sua pré-candidatura à Presidência, elogiada por Adelio, e em junho, quando o mineiro criticou publicamente o fato de o candidato não ter sido incluído em pesquisas de sondagem eleitoral.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva motivou pelo menos uma publicação, referente a uma possível soltura do petista da prisão, em julho passado, e na qual Adelio diz ter dúvidas de que o então candidato poderia “mudar de atitude”.

No entanto, Adelio não chegou a demonstrar apoio ou anunciar o voto em um candidato específico. Em junho, além disso, ele ainda afirmou, em uma publicação, que não vota mais.

Em uma das publicações, Adelio vincula Aécio Neves, candidato do PSDB ao Senado Federal, à Maçonaria.

O suspeito também criticou o presidente Michel Temer e, em maio, publicou fotos em que posou ao lado de manifestantes que seguravam cartazes com os dizeres “renúncia Temer”, “fora Temer” e “políticos inúteis”. No mesmo dia, ele publicou uma foto sem legenda de um casal vestindo camisetas a favor da libertação de Lula da prisão.

Outros temas que foram alvo de Adelio em seu perfil na rede social incluem a possível venda da Embraer, o Rio São Francisco, a federalização da segurança pública no Brasil,o fim do estado laico, a redução da maioridade penal entre outros.

A última publicação do suspeito que foi mantida aberta data de 3 de agosto.

Fonte: G1