Rogério Tortola/Equipe Gazeta do Cerrado
As vésperas do Tocantins completar 30 anos, a equipe da Gazeta do Cerrado foi às ruas da capital ouvir os anseios da população. Todos os entrevistados querem melhorias, obviamente, principalmente nas áreas da saúde, educação, moradia e economia. Mas um desejo se destacou e foi citado praticamente por todos, a necessidade de aumento na oferta de emprego.
Uma demanda compreensível, considerando que o Tocantins é tido como um estado novo e de oportunidades e, portanto, atrai gente em busca de melhorias e emprego.
Pessoas como o empresário Rogério Dornelas, que chegou por aqui no ano 2000, em busca de melhorar de vida através do seu trabalho. Ele conta que de dois anos pra cá a situação ficou mais difícil.
“As coisas pioraram muito, está deixando a desejar, falta tudo e a esperança é que melhore, precisamos de menos promessa e mais ação”, destaca Dornelas.
Outra que espera melhorias é aposentada Eliene de Sousa que aos 81 anos trabalha como ambulante para completar a renda e sente falta de mais cordialidade e respeito com a pessoa idosa.
“Precisamos melhorar a saúde, gerar mais vagas de emprego e falta também respeito e educação com os mais velhos, nem bom dia as pessoas tão dando mais”, diz contrariada dona Eliene.
A estudante Brena Gomes Ribeiro, de 24 anos, espera que os próximos anos tragam estabilidade política e também espera melhorias na área da saúde. “Precisamos melhorar a situação política, a saúde e garantir emprego para os jovens”.
Dados e estatísticas contradizem o sentimento da população
Buscamos os dados do último levantamento do Observatório do Emprego do Tocantins, mas segundo os responsáveis pela divulgação, devido a divergências os números ainda não fora divulgados.
Nesta quinta-feira (4) a Fecomércio divulgou dados que apontam um crescimento na área de turismo, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foram implementadas 80 novas vagas no mês de agosto, se comparado com julho deste ano.
Para o turismólogo e diretor técnico do Cetur Tocantins, Antonio Malan, o aumento neste período se deve “a divulgação do destino Tocantins e consequentemente o aumento da demanda de turistas”.
Em setembro deste ano o Banco Itaú também apresentou o resultado de uma pesquisa que mostra que na contramão da economia brasileira que cresceu 0,2%, no segundo trimestre de 2018, comparado com anterior. Estados da região norte vem mantendo um crescimento mais acelerado.
Já o agronegócio tocantinense também vive um momento de crescimento, as exportações aumentaram 20% no primeiro semestre de 2018, se comparado com ano passado, de acordo com Ministério da Indústria e Comércio.
Com a palavra o especialista
Segundo o economista Régis Silva, é preciso fazer uma análise cautelosa e levar vários fatores em consideração. Primeiro quando falamos em crescimento da região norte em relação a outros estados é importante levar em consideração os números absolutos. ” 0,2% de crescimento em São Paulo pode ser muito maior, por exemplo, que 10% no Tocantins, considerando o tamanho dos dois mercados.
Segundo, o Brasil vive um momento de pós-recessão e mesmo com os juros da economia e inflação baixos, o crescimento é mínimo, devido a ausência expressiva de investimentos.
Falando especificamente do Tocantins temos o cenário político que gera instabilidade afetando inclusive a credibilidade do estado, o que afasta os investidores.
E ainda a velha dependência da nossa economia do Estado e municípios que são os maiores empregadores.
Falando do agronegócio, exportamos grãos inteiros, pouco agregamos de valor à nossa produção, já que a atividade transformadora (indústria) que teria um grande papel na geração de empregos, continua “incipiente”.