Nesta terça-feira (9) completa uma semana da fuga em massa registrada no presídio Barra da Grota em Araguaína. Ao todo, 18 escaparam, sendo que nove foram mortos durante confronto, um se entregou após ficar ferido, seis foram recapturados e 12 continuam foragidos. O delegado da Polícia Civil, Bruno Boaventura, que participa das buscas disse que a equipe perdeu o contato com fugitivos.

“As diligências foram bem frutíferas porque conseguimos tirar das mãos dos bandidos todos os reféns e após um confronto com a polícia, nove deles faleceram. Após isso, continuamos o cerco ininterrupto, mas após isso nós perdemos o contato com os presos, contato visual e contato de informações”, explicou.

Boaventura disse também que a estratégia da polícia mudou. “A gente parte para uma outra linha de buscas, que é um trabalho de inteligência da Polícia Civil, que irá fazer o contato com outros locais, com outras delegacias e também a gente tem uma gama de equipamentos, de materiais que podem nos ajudar a encontrar esses foragidos, até mesmo em outros estados próximos”.

Na visão do delegado, presos podem ter tido ajuda interna ou externa para fugir. “Nós não descartamos essa ajuda. O presídio Barra da Grota para quem o conhece bem, como eu conheço, possui uma estrutura muito boa e para que os presos tivesse acesso ao lado externo, nós não achamos que só foi falha de procedimento. Falha de procedimento poderia ter ocorrido dentro, mas depois que eles saíram, com certeza, alguma coisa maior pode ter acontecido”.

A fuga foi registrada na última terça-feira (2). Vídeos feitos por moradores mostram os detentos saindo pela porta da frente e andando pelas ruas da cidade. Seis pessoas foram feitas reféns, sendo que quatro ficaram feridas e foram deixadas para trás. Duas delas foram levadas e ficaram por mais de 24 horas nas mãos dos criminosos: o chefe do plantão Roberto Aires e a professora Elisangela Mendes Sobrinho.

Professora feita refém relembra momentos que passou com criminosos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A educadora contou que trabalhava normalmente quando tudo aconteceu. Detentos que não eram alunos dela entraram na sala sem ser convidados. Eles foram retirados pelos agentes penitenciários, mas voltaram logo depois armados.

“Já entrou um detento com a arma na mão. Meus alunos estavam ali também, no meio. E eles me protegiam, falavam: ‘Nós não vamos deixar nada acontecer com a senhora'”.

Ela então foi levada, com uma faca no pescoço, até o portão da unidade. Achou que seria liberada quando todos saíssem, mas acabou ficando em poder dos criminosos por mais um dia inteiro.

Um dos momentos mais dramáticos foi durante o primeiro confronto entre os fugitivos e a polícia. “Um detento estava segurando o meu pescoço com a faca. E ele levou um tiro na cabeça”. Embora tenha passado pela experiência traumática, a professora disse que vai continuar dando aulas para detentos. “Acredito sim na ressocialização. Acredito que a educação vai transformar as pessoas”, disse ela.

Fonte: G1 Tocantins