Uma em cada três cidades brasileiras tem mais motos registradas do que qualquer outro tipo de veículo motorizado.
No Tocantins, em Palmas o veículo mais comum é o Automóvel, que equivale a 54.62% da frota do município.
Em Araguaína e Gurupi, os veículos mais comuns são as motos. Equivalem a 47,13%, e 45,62 das frotas de ambos os municípios, respectivamente.
Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) de setembro de 2023:
- Em 1.903 cidades, a moto é o veículo mais registrado.
- Em 3.665, o carro fica no topo da lista.
- Em apenas uma, Carmésia (MG), o ônibus lidera. A distorção é decorrente da existência de uma empresa de viagem de ônibus no local, o que aumenta o número de registros de emplacamento desse tipo de veículo por lá.
Além de carros e motos, os dados da Senatran consideram também caminhonetes, caminhões e outros tipos de veículos.
Veja a evolução da frota de veículos no Brasil — Foto: Arte g1
Explosão de motos desde 2003
O número de motos registradas no Brasil cresceu mais de 5 vezes nos últimos 20 anos: de 5,7 milhões de veículos em 2003, saltou para 21,9 milhões em 2013 e para 32,3 milhões em 2023 (até setembro).
A quantidade de carros também subiu, mas em um ritmo menor. De 26,6 milhões para 76,3 milhões – quase triplicou, portanto
Por que o número de motos cresceu tanto
Cidades com maior proporção de motos
Município | Total de motos | Proporção de motos em relação à frota |
ANAJAS-PA | 482 | 94,88% |
NHAMUNDA-AM | 769 | 94,70% |
SAO PAULO DE OLIVENCA-AM | 1.465 | 94,27% |
TONANTINS-AM | 551 | 94,03% |
MARAA-AM | 686 | 93,97% |
FONTE BOA-AM | 1.870 | 93,78% |
BARREIRINHA-AM | 847 | 93,28% |
UARINI-AM | 683 | 93,05% |
SAO SEBASTIAO DA BOA VISTA-PA | 641 | 93,03% |
JUTAI-AM | 981 | 92,63% |
SANTO ANTONIO DO ICA-AM | 1.016 | 92,62% |
Para especialistas ouvidos, três fatores estão por trás do aumento da proporção de motos na frota brasileira
- COMPRAR MOTO SAI MAIS BARATO – o pesquisador do Instituto de Pesquisa Avançada (Ipea) Rafael Pereira afirma que aumento da renda nas últimas décadas criou o contexto ideal para a compra de motos. “A população de classe baixa quer sair do transporte público e tem duas opções: ou compra carro ou compra moto. Como a moto é mais barata, acaba sendo mais atraente para uma parcela dessa população”, disse.
- CARRO POPULAR SUMIU – analista do setor e ex-diretor de montadoras como Ford e Volkswagen, Flavio Padovan ressalta que o preço dos carros subiu e o carro popular “sumiu” do mercado. “Nós já chegamos a ter 3,5 milhões de veículos vendidos [carros comerciais leves] por ano, e hoje estamos rodando em 2 milhões. Ou seja, 1,5 milhão de consumidores sumiram”, afirmou ele. De acordo com a Bright Consulting, de 2016 até agora o preço médio dos veículos vendidos no brasil subiu de R$ 19 mil em 2016 para R$ 138,6 mil em 2023.
- PLATAFORMAS DIGITAIS – aplicativos de entrega também são citados como um dos responsáveis pelo atual cenário. “Principalmente durante e após a pandemia [de Covid-19], notamos um aumento significativo do licenciamento de motos, principalmente devido aos serviços de logística de last mile [etapa final, em que produto é entregue ao cliente] e entregas de comida e pequenos objetos”, avalia Paulo Miguel Júnior, conselheiro gestor da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA).
Essa diferença fez com que as motos passassem de 16% da frota de veículos automotores (em 2003) para quase 28% (em 2023).
Em números absolutos, porém, o Brasil continua a ter mais carros do que motos: 64% da frota brasileira ainda é de quatro rodas.
Com a orientação de especialistas, os “carros” os veículos que estavam registrados no banco de dados como “Automóvel”, “Caminhonete”, “Caminhoneta” e “Utilitário”.
Os registros “Motocicleta”, “Motoneta”, “Ciclomotor” e “Triciclo” foram considerados como “motos”.