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15 anos sem Zé Gomes e sua defesa pela cultura regional nas escolas do país continua latente

Maju Cotrim

Amigos e familiares lembraram hoje os 15 anos sem o saudoso poeta, músico e escritor José Gomes Sobrinho. Tanto tempo após sua partida e suas obras e legado permanecem vivos na sociedade e seguem sendo semeados.

Em Palmas, o Espaço Cultural, palco de tantas Manifestações culturais, leva seu nome, além disso um espetáculo baseado nas poesias dele segue encantando pessoas pela capital trazendo boas lembranças de suas palavras tão bem colocadas.

Outro fruto do legado do poeta é a lei que leva seu nome é que incentiva o ensino da cultura regional nas escolas. Algo que precisa ser semeado na prática em todo país e principalmente no Tocantins que tem uma cultura regional tão diversa e que precisa ser conhecida pela população.

A história de Zé Gomes inspira vários projetos, iniciativas culturais e até um grupo de amigos formou uma Confraria que leva seu nome.

*Conheça mais sobre Zé Gomes*

Poeta, escritor, articulista, palestrante e teatrólogo. José Gomes Sobrinho é o precursor da cultura no Tocantins. Nascido em 1935, em Garanhuns (PE), o filho de Luis Melchides Gomes chegou ao Tocantins em 1989. Presidente do Conselho Estadual de Cultura, José Gomes Sobrinho era acadêmico da ATL- Academia Tocantinense de Letras, ocupante da cadeira nº, 28 e da Academia Palmense de Letras, cadeira 09. Autor de 13 livros publicados, José Gomes presidia também o Fórum Nacional de Conselheiros Estaduais de Cultura. Foi casado com Dona Gilda Gomes, também ativista e defensora de projetos sociais. Tem sete filhos, todos com imenso orgulho do legado do pai.

Em julho de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou uma lei que leva o seu nome, e possibilita o ensino da arte e cultura regional na educação básica.

Lei 12.287, batizada de “José Gomes Sobrinho”, veio possibilitar o ensino da arte e cultura regionais na educação básica. O projeto foi de autoria do seu filho, atual senador é na época deputado federal Eduardo Gomes que sempre disse estar orgulhoso por realizar um sonho do seu pai, que cedeu o nome à lei. “Apesar de a arte e cultura serem universais, é fundamental que as raízes e as tradições regionais sejam respeitadas e difundidas em sala de aula. Isso reforça a ligação e a identidade do povo com sua própria cultura. Esse era o sonho de meu pai, que todos sabem foi um defensor nato da cultura regional”, afirmou Gomes quando a lei foi sancionada.

A lei, que leva o nome de Zé Gomes, um dos pioneiros do Tocantins e considerado precursor da arte no Estado, vale para todas as escolas do Brasil e modifica as diretrizes básicas da educação que constam na lei número 9.394, de 30 de dezembro de 1996.

Na prática, o estudante brasileiro tem condições de saber as origens do frevo, capoeira, folia de reis e do carnaval.

A defesa da cultura regional era uma das marcas de Zé Gomes, um Pernambucano de Garanhuns.

Zé Gomes nasceu em 1935. Um dos pioneiros do Tocantins, ele chegou ao solo tocantinense ainda quando o Estado caçula do país fazia parte do norte de Goiás. Foi poeta, músico e escritor. Membro das academias Palmense e Tocantinense de Letras, seu reconhecimento rompeu fronteiras do Tocantins. Além de presidir o Conselho Estadual de Cultura, comandou o Fórum Nacional de Conselheiros Estaduais de Cultura até 2004. Faleceu em 05 de maio de 2004.

– Um pouco de poesia:

(De CONSIDERAÇÕES EM DÓ FURTIVO MAIOR, 1996)

invertida a rosa dos ventos
que me apontava um norte
fantasiado de magnético oeste
dou-me por sul ó tormento

não que pretenda me fazer forte
e esquecer religiosamente
os gestos de elaborar perdões
ou me submeter á magra sorte

faço-me recente bússola
viajando intermináveis estradas
parcialmente abandonadas

mas estando vestido de roupas imantadas
sou passageiro de naves enredadas
em indesejáveis ventos do sul

José Gomes Sobrinho

– Mais uma poesia de Zé Gomes:

Eu sou daqui

Eu sou daqui

Como sou de todos os lugares

onde vivi

Eu sou de Palmas

cidade que eu gostaria

que tivesse mais alma

Que mostrasse nas janelas

um pouquinho da saudade

que precisa ser coberta

pela mais pura amizade

Eu sou daqui

como ainda sou de todos os lugares

onde fui (e sou!) amado

Quando eu me for

para onde for

quero deixar muito vivo

o meu recado de amor

Eu sou daqui sou dali

serei de todos os lugares

onde me abram os braços

e me abracem com calor

Mas sei que sou

– principalmente –

desta Palmas que precisa

– com urgência –

derrubar os muros frontais

de suas casas

e avizinhar-se

dando-se muito mais

amado-se muito mais.

In. Fio de Prumo

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