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1º Seminário do Livro, Leitura e Escrita do Tocantins movimenta o setor literário local com debates

O evento promoveu o debate acerca das temáticas que envolvem o campo da literatura e das bibliotecas nas esferas públicas, e contou com três mesas temáticas – Foto: Kadu Souza/Governo do Tocantins

 

Evento ocorreu ao longo desta quarta-feira, 30, no auditório do Sebrae, em Palmas, e reuniu diversos profissionais do setor e representantes do MinC

 

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Durante o receptivo do evento, a Cia Final Feliz representou personagens da literatura nacional e mundial – Kadu Souza/Governo do Tocantins

 

por Ascom Secult / Governo do Tocantins

 

O evento reuniu escritores, poetas, bibliotecários e profissionais da educação tocantinenses – Kadu Souza/Governo do Tocantins

 

Com objetivo de promover discussões voltadas para a universalização da cultura literária no Estado, o Governo do Tocantins, via Secretaria da Cultura (Secult), realizou nesta quarta-feira, 30, o I Seminário do Livro, Leitura e Escrita do Tocantins, que aconteceu no auditório do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Palmas. O evento reuniu escritores, poetas, bibliotecários e profissionais da educação tocantinenses para promoção do debate acerca das temáticas que envolvem o campo da literatura e das bibliotecas nas esferas públicas e contou com três mesas temáticas ao longo de sua programação, além de declamação cênica do cordel “Briga de Procissão”, de Chico Pedrosa, pela professora e contadora de história Valquíria Maranhão.

 

Declamação cênica do cordel “Briga de Procissão”, de Chico Pedrosa, pela professora e contadora de história Valquíria Maranhão – Kadu Souza/Governo do Tocantins

 

“Quando nos deparamos com uma mobilização em torno de um tema que ainda recebe poucos olhares, percebemos o quanto é essencial somar forças. Esse é um esforço transversal que passa por várias áreas e nos ajuda a fortalecer as bases para o acesso e a formação de políticas públicas culturais perenes no Tocantins,” afirmou o secretário da Cultura Tião Pinheiro, que representou o governador Wanderlei Barbosa e na oportunidade também anunciou futuras iniciativas da secretaria para o setor literário, como a volta do Prêmio Maximiliano da Mata Teixeira e um edital para aquisição de obras de autores regionais com a meta de distribuí-las nos 139 municípios tocantinenses. O gestor também apontou os planos para a reabertura da Biblioteca Pública Estadual Darcy Cardeal, localizada na capital.

 

“O diálogo e debate são urgentes e necessários, pois o fortalecimento de políticas públicas voltadas para a formação de leitores, bibliotecas, produções literárias e o papel do Estado e municípios nessa construção é imprescindível. Por mais que os desafios sejam grandes, precisamos estar próximos dos artistas, jovens e comunidade escolar, compreendendo seus anseios e oportunizando suas expressões”, disse o secretário da Educação Fábio Vaz, durante a mesa de abertura, oportunidade em que reforçou a parceria entre as instituições.

 

Programação

 

Da esquerda para a direita, Jéferson Assumção, Tião Pinheiro e Celestina Souza – Kadu Souza/Governo do Tocantins

 

No período da manhã, o primeiro debate tratou sobre as políticas públicas ao nível nacional e os desafios no contexto do Tocantins com a mesa intitulada “Política Nacional do Livro, Leitura e Escrita e o papel dos estados e municípios”, que teve como palestrantes o diretor do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura (MinC), Jéferson Assumção e a superintendente de Educação Básica da Seduc, Celestina Souza, com mediação do secretário Tião Pinheiro.

 

Na oportunidade, Jéferson enfatizou a importância das políticas de leitura, escrita e bibliotecas para o desenvolvimento cultural e social do estado, destacando que o momento era significativo, especialmente após a assinatura da regulamentação da Política Nacional de Leitura e Escrita pelo presidente Lula, o que representa um desafio e uma responsabilidade compartilhada entre as esferas federal, estadual e municipal. Segundo o diretor, a política do livro não deve se limitar à leitura, mas também incentivar a escrita. “A escrita é o outro lado da moeda da leitura”, disse, exemplificando o caso dos Estados Unidos, onde a escrita criativa é usada nas escolas e universidades como uma forma de estimular o interesse pela leitura. “É muito importante que a gente entenda que o domínio da criatividade, da expressão simbólica, também para gerar um interesse por como é que funciona o jogo da leitura”, explicou.

 

“Não se faz educação sem cultura. E como é que a gente pode trazer o livro para um espaço mais importante dentro da sala de aula? Pensando, todos juntos, com cada um na sua área, mas de forma integrada, pois é aí que a gente vai conseguir avançar nessa perspectiva. Não conseguiremos formar leitores se os nossos profissionais também não forem leitores”, disse Celestina Souza, que discorreu sobre a relevância de unir forças entre os setores da educação e da cultura para promover o incentivo à leitura nas escolas.

 

Iniciativas literárias e sua diversidade

 

Da esquerda para a direita Nádia Flausino, Zacarias Martins, Du Oliveira, Irma Galhardo e Giovana Oliveira – Kadu Souza/Governo do Tocantins

 

No período da tarde, a programação teve continuidade com a mesa temática “Troca de Ideias e Experiências sobre o Fomento à Leitura e à Formação de Leitores no Tocantins”, que contou com a mediação do servidor da Secult, Du Oliveira e com as presenças da escritora e contadora de histórias Irma Galhardo, do escritor Zacarias Martins, da promotora cultural em literatura do Sesc, Giovana Dias Lima, e da representante da diretoria de Educação Inclusiva de Acessibilidade do Estado, Nádia Flausino. Na oportunidade, foram debatidas temáticas como a formação de mediadores de leitura, as práticas de formação de leitores e a bibliodiversidade tocantinense.

 

Criadora do projeto literário Caravana de Lendas, a escritora Irma Galhardo falou sobre sua iniciativa e a proximidade do seu trabalho com as lendas, o folclore e a cultura popular da região. “A gente promove formação. Levamos livros, contação de histórias e muitas oficinas, tanto para os professores, para que possam continuar desenvolvendo nas escolas, como para os alunos. Oferecemos oficinas de letramento literário, contação de histórias, poesia infantil, literatura de cordel para contar as belezas do Tocantins de forma lúdica”, explicou a autora.

 

Sobre os desafios enfrentados pelos escritores em um mundo tecnológico, o escritor e jornalista gurupiense Zacarias Martins discorreu sobre sua experiência e as técnicas que utiliza para alcançar o público jovem e despertar o interesse pelos livros. “Busco mecanismos para despertar, principalmente nos jovens e adolescentes, o gosto pela literatura. Faço isso através das minhas rodas literárias, onde conto minha trajetória literária, falo sobre livros e realizo recital de poesias. Também costumo fazer sorteios ao final dos encontros. Busco fazer isso de forma descontraída e bem-humorada para despertar a atenção desses jovens. Essas oficinas contribuem com a formação de leitores no Tocantins”, contou Zacarias Martins.

 

Representando a professora Maria Dinalva Tavares, diretora de Educação Inclusiva de Acessibilidade do Estado, a servidora da Seduc e membro da Comissão Brasileira do Braile, Nádia Flausino, falou sobre a necessidade de incentivo às pessoas com deficiência visual para que persistam no caminho da leitura e dos livros. “Nós precisamos de alguém que nos incentive a participar, a estar presentes, a ler. Precisamos de pessoas que sejam aquele pivô para que nós continuemos lendo. Hoje eu sou uma leitora e gosto muito de ler”, disse Maria, reforçando a necessidade de agentes que acreditem e difundam uma educação e literatura acessível.

 

Abordando o trabalho do Sesc na promoção do livro e leitura no Tocantins, a promotora cultural Giovana Lima também falou sobre o entendimento da instituição sobre a cultura, enfatizando o setor da literatura. “O projeto nacional Arte da Palavra do Sesc trabalha com três circuitos: de oralidades, de autores e de criação literária. Já participaram desse projeto como nossos representantes (do Tocantins) Ciro Gonçalves, Jádson Barros Neves, Lia Testa, Geuvar Oliveira, Thiago Ramos, Álvaro Maia e Irma Galhardo”, comentou, apresentando as diversas ações literárias da instituição, como a Feira de Troca de Livros e Gibis.

 

Bibliotecas públicas

 

Aline Silva Franca e Antônio Miranda durante mesa temática – Kadu Souza/Governo do Tocantins

 

A última mesa temática do dia, intitulada “Aliança pelas Bibliotecas Públicas e Comunitárias do Estado do Tocantins”, teve como foco o debate sobre a entrada do estado no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP); as diretrizes para a reestruturação dos Sistemas Estadual e Municipais de Bibliotecas Públicas do Tocantins, além do fortalecimento das ações de estímulo ao livro, à leitura e às bibliotecas públicas e comunitárias do estado. A mesa contou com a participação da coordenadora-geral de Leitura e Bibliotecas do Ministério da Cultura, Aline da Silva Franca, e do superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura da Secult, Antônio Miranda.

 

Em sua fala, Antônio Miranda trouxe uma linha do tempo sobre o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Tocantins (SEBP/TO), cobrindo desde sua instituição até o presente, com sua repactuação com o sistema nacional. “A lei que rege o SEBP/TO traz o objetivo do sistema, que é incentivar a criação, a expansão e a integração das bibliotecas públicas tocantinenses ao sistema e assisti-las operacionalmente”, explicou apontando que os municípios tocantinenses poderão integrar esses sistemas mediante convênio com a Secult, de forma a garantir assessoria técnica para a seleção de acervo, capacitação, elaboração de regimento, entre outras ações que contribuam para a ampliação e fortalecimento das bibliotecas públicas e comunitárias do Estado, além de fomentar a constituição de sistemas municipais de bibliotecas. Miranda também apontou os desafios para o processo de reestruturação, com a revisão e criação de marcos legais que regulem esse sistema, além da execução de um plano estratégico e colaborativo para diagnóstico das bibliotecas públicas e comunitárias do estado.

 

“Para nós é fundamental fortalecer a relação federativa que existe entre o Governo Federal e os estados brasileiros. O Sistema Nacional não se faz sozinho. Precisamos de colaboração, desse trabalho de territorialização que é feito pelos estados”, comentou Aline Franca, que ainda ressaltou que o Tocantins criou a lei do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas dois anos após a criação do estado, em 1988, e antes da criação do sistema nacional, em 1992, o que demonstra o compromisso da sociedade com a leitura, com a educação e a cultura.

 

Presentes

 

Também estiveram presentes a secretária-executiva da Secult, Valéria Kurovski; o coordenador do Escritório do MinC no Tocantins, Cícero Belém; a superintendente do IPHAN-TO, Cejane Pacini; a presidente da Academia Tocantinense de Letras (ATL), Mary Sônia Matos Valadares; o presidente da Academia de Letras, Ciência e Artes dos Militares do Tocantins (Alcam/TO), Joaidson Torres de Albuquerque; o presidente da Academia Palmense de Letras (APL), Josafá Miranda, além de outras autoridades, escritores e representantes da sociedade civil.

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