Dados de 2016 da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), revelam que 73% dos estudantes de nível superior norte-americanos estão matriculados em universidades públicas, lembra o professor do Instituto de Física (IF) da USP, Otaviano Helene, que há vários anos acompanha as políticas universitárias pelo mundo. As universidades públicas dos EUA são pagas, mas são bem mais baratas do que as particulares e incluem todo o material didático, livros, moradia e taxas.
O professor diz ser impossível para as maiores universidades financiar o grosso do seu orçamento com mensalidades, fundos de endowment (doação) e outros recursos privados, como fazem algumas poucas e pequenas instituições nos Estados Unidos, , como Harvard, que tem 6.700 alunos na graduação. Não dá para comparar com a USP, que tem 59 mil alunos, quase dez vezes mais que a pequena Havard.
“As pessoas acham que Harvard pode servir de modelo, mas Harvard é uma exceção, mesmo dentro dos Estados Unidos. É uma universidade pequena e privada, as grandes universidades públicas americanas têm centenas de milhares de alunos. Assim como Yale, Stanford e Universidade da Pensilvânia, no nordeste americano, todas pequenas, privadas e com finalidades muito específicas. Aqui parece que queremos imitar as exceções.”
Mesmo órgãos privados que investem em pesquisa, como o Instituto Serrapilheira, não imaginam a pesquisa sem recursos públicos. O diretor do instituto, Hugo Aguilaniu, em entrevista recente à Folha de S. Paulo, disse que a “verba pública é o coração da ciência”. Para ele, o governo tem que assumir esse investimento.
“É como se fosse um acordo entre o governo e o resto da cadeia produtiva. Em qualquer lugar do mundo é assim. Mesmo nos Estados Unidos, onde as indústrias investem pesadamente nas pesquisas, o investimento público é muito forte porque as pessoas entendem esse papel. O investimento público precisa apoiar a pesquisa básica, que depois gera tecnologia, produto, economia para as empresas”, afirmou . (Carta Campinas/Jornal da USP)
fonte: Carta Campinas