O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (12), durante reunião com deputados do PSL, que vai sair da legenda e apoiar a criação de um novo partido, a ser chamado de Aliança Pelo Brasil. As informações foram confirmadas pelo deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS), que esteve presente na reunião. A criação de um partido, porém, demanda um longo processo de captação de votos em todo o país, conferência de assinaturas, registro e aprovação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com a deputada Bia Kicis (PSL-DF), a nova legenda será presidida por Jair Bolsonaro. A primeira convenção nacional está marcada para acontecer no próximo dia 21 de novembro, no hotel Royal Tulip, em Brasília (DF), segundo a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) divulgou no seu perfil no Twitter a logomarca do partido em processo de criação:
Foi convidada toda a bancada do PSL na Câmara dos Deputados, com exceção de nomes que Bolsonaro considera que o agrediram. Entre os vetados estão o presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), Joice Hasselmann (SP), Júnior Bozzella (SP) e Delegado Waldir (GO).
O novo partido deve contar, inicialmente, apenas com Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no Senado. O filho mais velho do presidente anunciou desfiliação do PSL. Diferentemente do que ocorre entre os deputados, os senadores podem mudar de sigla quando bem entenderem, sem o risco de perder o mandato. No entanto, há a procura de mais filiados em outros partidos.
Além de Flávio, a bancada do PSL no Senado conta com hoje com Major Olimpio (SP), que é o líder, e Soraya Thronicke (MS). Ambos continuarão no partido.
Pelas críticas que fez ao presidente e seus filhos, Olimpio não foi sequer convidado para a nova legenda. Não houve veto a Soraya Thronicke, mas ela prefere continuar, por ora, no PSL.
A criação de um partido exige a reunião de 500 mil assinaturas. O prazo é curto para lançamento de candidaturas municipais em 2020: até março do ano que vem. A equipe de Bolsonaro pretende usar o Whatsapp para conseguir o apoio. Mas o uso do instrumento ainda é questionado por alguns especialistas.
A crise na sigla do presidente da República foi destacada pelo Congresso em Foco em setembro, quando deputados revelaram ao site que a situação dentro do partido era de racha e possível debandada.
O clima piorou no dia 8 de outubro, quando Bolsonaro disse para um seguidor esquecer a sigla. Desde então, troca de farpas estão acontecendo dos dois lados. Bolsonaro e seus aliados têm sido mais ferrenhos; do outro, o presidente do partido, Luciano Bivar, e deputados que não fazem parte da ala mais bolsonarista.
Como alternativas, o entorno do presidente avaliava o Patriota e o Republicanos (ex-PRB), mas prevaleceu a ideia de criar uma nova sigla.
No dia 28 de outubro, Bolsonaro já havia falado sobre a possibilidade. O presidente disse em entrevista coletiva em Abu Dabi que poderia criar uma nova legenda chamada de Partido da Defesa Nacional (PDC).