A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta segunda-feira (26) que vai reavaliar o perfil toxicológico de ingredientes ativos que são base para agrotóxicos à venda no Brasil.
O objetivo é conferir se existe potencial cancerígeno ou de alterações endócrinas e reprodutivas, entre outros riscos à saúde humana.
O processo começa em dezembro, com o lançamento de um edital para que as fabricantes entreguem estudos, e pode demorar até 2 anos para cada ingrediente, diz a agência.
Ao fim da reavaliação, o item poderá ser banido do mercado brasileiro, passar a circular com restrições ou continuar sendo vendido normalmente, caso a conclusão seja de que não há riscos.
Quais são os ingredientes
Atualmente, 381 ingredientes ativos têm registro no Brasil. A primeira rodada da reavaliação vai focar em 5 fungicidas, 1 inseticida e 1 herbicida (veja a lista abaixo).
Princípios ativos de agrotóxicos a serem reavaliados pela Anvisa
Ingrediente ativo | Situação atual no Brasil | Situação na UE | Situação nos EUA |
Carbendazim | autorizado | não autorizado | não autorizado |
Tiofanato metílico | autorizado | autorizado | autorizado |
Epoxiconazol | autorizado | autorizado | não autorizado |
Procimidona | autorizado | não autorizado | não autorizado |
Clorpirifós | autorizado | será banido em 31/01/2020 | autorizado |
Linurom | autorizado | não autorizado | autorizado |
Clorotalonil | autorizado | será banido em 20/11/2019 | autorizad |
Segundo a Anvisa, a proibição de alguns desses ingredientes na União Europeia ou nos Estados Unidos não se motiva, necessariamente, aos riscos à saúde. Motivos ambientais também podem estar envolvidos, acrescentou a agência.
A primeira substância a ser reavaliada será a Carbendazim, um fungicida, em relação a possíveis alterações no DNA humano, na formação de fetos e na reprodução humana em geral.
Por que reavaliar
Até hoje, segundo a Anvisa, não existiam critérios claros para definir a lista de produtos a serem reavaliados, já que o registro de agrotóxicos no Brasil não tem prazo de validade e a agência só fazia esse tipo de análise quando acionada, normalmente, pelo Ministério Público.
Muitas vezes esses pedidos judiciais de reconsideração não eram feitos com base nos danos à saúde humana, o foco da Anvisa, disse a agência.
Segundo Renato Porto, um dos diretores da Anvisa, o principal objetivo das mudanças anunciadas nesta segunda é diminuir o nível de toxicidade dos agrotóxicos no país, já que novos produtos só podem ser registrados num grau menor ou igual de toxicidade aos que já existem.
Atualmente, para um agrotóxico ser liberado, ele precisa do aval da Anvisa, do Ministério da Agricultura e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O ritmo de liberação de pesticidas no Brasil, neste ano, é o maior da história. Até o mês passado, 262 agrotóxicos foram registrados, incluindo um novo princípio ativo, produtos formulados — aqueles que os agricultores podem comprar em lojas de insumos agrícolas — e produtos “equivalentes”, que são genéricos de princípios ativos já autorizados no país.
Segundo o Ministério da Agricultura, a maior velocidade na liberação nos últimos 3 anos se deve a “medidas desburocratizantes” adotadas nos órgãos que avaliam os produtos, em especial na Anvisa, considerada o principal gargalo.
Ainda em julho, a Anvisa mudou as regras para os rótulos dos agrotóxicos, adotando um padrão internacional.
fonte: G1 Portal de Notícias da Globo