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Ararinha-azul ganha novo plano de conservação que prevê soltura na natureza até 2021

Arara-azul (Cyanopsitta spixii) da Association for the Conservation of Threatened Parrots. — Foto: Patrick Pleul/dpa-Zentralbild/dpa Picture-Alliance/via AFP

Pouco mais de 20 anos após ser vista pela última vez na Bahia, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) deve voltar a bater as asas em seu habitat natural até 2021.

Nesta semana, o governo federal publicou a portaria que contém as diretrizes do segundo ciclo do Plano de Ação para conservar a espécie. Entre elas, está a soltura de exemplares de ararinha-azul, que deverá acontecer até 2021. O contrato para repatriação das aves já foi assinado, em junho deste ano.

A ararinha-azul é considerada criticamente ameaçada de extinção (CR), e provavelmente extinta na natureza (PEW) – isso porque ela não é vista no ambiente desde os anos 2000.

Além dela, o Brasil possui outros três tipos de araras-azuis, todas sob algum nível de ameaça de conservação: arara-azul-pequena, possivelmente extinta; arara-azul-de-lear, em perigo crítico de extinção; e a arara-azul-grande, que está vulnerável (veja infográfico ao fim do texto).

Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) — Foto: Leonardo Milano/Divulgação

A ararinha-azul ficou famosa com o personagem de animação Blue, no filme Rio. Mas, ao contrário do que mostram as imagens do longa, a espécie é endêmica da caatinga e do sertão baiano e pernambucano. Ela sumiu na natureza após ser alvo constante do tráfico de aves e, hoje, só existe em cativeiro.

Ao todo são 167 ararinhas-azuis catalogadas e registradas em todo o mundo, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Destas, 147 estão na Alemanha, 2 na Bélgica, 4 em Singapura e 14 no Brasil.

“A ararinha-azul é uma das espécies símbolo da necessidade de conservação da biodiversidade. Ela é mais uma das espécies de vertebrado mais retiradas da natureza e dizimadas no seu ambiente natural. Nosso esforço é para que 50 ararinhas-azuis venham para o Brasil. Todas elas da Alemanha”, afirma Camile Lugarini, do ICMBio em Juazeiro, em nota.

“Duzentos anos após a descoberta da espécie por von Spix estamos aguardando a vinda das ararinhas-azuis no segundo semestre de 2019, para o lugar de onde nunca deveria ter sido extirpada e, até 2021, esperamos ter as ararinhas voando na caatinga baiana.”

As aves virão da Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), um viveiro legalizado e voltado à preservação destas aves.

Filhotes de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) com aproximadamente três semanas de vida. — Foto: Patrick Pleul/dpa-Zentralbild/dpa Picture-Alliance/via AFP

Viveiro para ararinhas-azuis

O ICMBio está construindo em Curaçá, na Bahia, um viveiro para receber as aves repatriadas e prepará-las para a soltura na natureza.

O espaço terá mais de 3 mil metros quadrados de estrutura, com centro administrativo, alojamento para funcionários e voluntários, recintos de reprodução, cozinha, veterinária e recintos de reintrodução.

De acordo com o ICMBio, as paredes já estão erguidas. A previsão é que as obras sejam concluídas em três meses. “A previsão é que o transporte da ararinha-azul seja realizado após a conclusão das obras”, diz Lugarini.

Soltura da ararinha-azul

Preparar a ave para soltar na natureza requer treino para que o animal, criado em cativeiro, saiba sobreviver sozinho.

Lugarini afirma que todas as experiências de reintrodução de psitacídeos estão sendo usadas para embasar as ações. Entre elas estão a reintrodução do papagaio-de-porto-rico, em Porto Rico;dos papagaios-do-peito-roxo, no Parque Nacional das Araucárias, no Paraná; do manejo populacional de araras-azuis-grandes no Pantanal, realizado pelo Instituto Arara Azul.

Outro exemplo é o da reintrodução da arara-azul-de-lear, no Boqueirão da Onça. O preparo envolve adaptação da alimentação com ração para os itens encontrados na região; fortalecimento das asas para voar em grandes distâncias e reconhecimento e defesa contra predadores naturais.

 

Plano de ação para conservação da ararinha-azul

O primeiro plano de ação para conservar a Cyanopsitta spixii foi oficializado em 2012 após 6 anos de análise e avaliação.

Os planos de ação nacionais são reconhecidos como a estratégia do governo brasileiro para a conservação das espécies ameaçadas de extinção, de acordo com o ICMBio.

Das 35 ações previstas no primeiro ciclo, 21 foram totalmente concluídas. O ICMBio diz que este é o plano de conservação com os melhores resultados de implementação já desenvolvido.

Os objetivos 1 (População de cativeiro adequadamente manejada, com aumento de 10% ao ano, visando um mínimo de 150 indivíduos em 2021), 2 (Conhecimento científico necessário à reintrodução da espécie aprimorado até 2017) e 4 (Parcerias fortalecidas e informações necessárias à conscientização para a conservação da ararinha-azul divulgadas até 2017) tiveram andamento acima do desejado, superando as metas estabelecidas, segundo o instituto.

Os objetivos 3 (Hábitats críticos para conservação da espécie protegidos e recuperados até 2017) e 5 (Iniciar o projeto de conservação in situ até 2017) ainda precisam ser reforçados no segundo ciclo de gestão.

O segundo ciclo do plano de conservação terá duração de 5 anos, com ações planejadas até 2024.

Espécies de arara-azul — Foto: Roberta Jaworski / G1

Fonte: G1

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