Um verdadeiro espetáculo de cores e movimentos coreografados. É assim que se resume o último dia de apresentações do 26° Arraiá da Capital. Nesse domingo, 1°, o público, envolvido pela trilha sonora das quadrilhas, participou dançando e reforçando os ritmos nas palmas. Foram os efeitos pirotécnicos, os rodopios dos dançarinos, os desenhos formados no palco pelos passos marcados que garantiram o clima de espetáculo singular para esta festa sertaneja que já é tradição em Palmas.
A noite foi de apresentação das cinco últimas quadrilhas do grupo especial que usaram seus 35 minutos de tempo para demonstrar elementos importantes do enredo junino em evolução, desde o cumprimento dos casais, ao casamento e ao show de cada rainha. Não faltaram passos tradicionais, como caracol e caminho de roça, assim como coreografias originais que desenharam na arena de apresentações símbolos do enredo dos grupos.
A Explosão Amor Caipira, campeã 2017, abriu a noite com uma apresentação baseada no tema “Somos dois iguais na terra: homem e passarinho”. O grupo ensinou o valor da liberdade e trouxe como elemento surpresa a encenação de voos dos pássaros brasileiros na dança. A junina Caipiras do Borocoxó trouxe uma grande fogueira de São João para incrementar a calorosa apresentação sobre o “O Dono da Festa”, que retratou a vida de São João Batista. Ao final da sua apresentação, os quadrilheiros da Caipiras do Borocoxó, anunciaram a despedida como grupo junino após 17 anos de trabalho com reverência da plateia lotada.
O grupo Pizada na Butina mostrou o legado dos “Guerreiros do Giz: os verdadeiros heróis brasileiros”, com enredo em homenagem ritmada aos professores, em especial à professora Heley Abreu Silva Batista que morreu com 90% de seu corpo queimado para salvar crianças de uma creche incendiada em Janaúba-MG em 2017.
Os recursos alegóricos trabalhados com o tema “Ayurveda” pela Coronéis da Sucupira foram destaque. A quadrilha falou sobre os elementos da natureza fundamentais para a vida sustentável no planeta e inseriu o amor como elemento que pode salvar a Terra da autodestruição. Os dançarinos conquistaram a plateia pedindo mais amor e cuidado com a natureza e distribuíram sementes entre o público, que agradeceu com palmas.
Por fim, as apresentações se encerraram com a quadrilha Nação Junina que trabalhou o tema “Casa de Farinha e Fábrica de Sonhos” para resgatar a representatividade da festa junina como uma festa da colheita. O grupo com muitos dançarinos com idade a partir de 14 anos cativou o público, em especial, o casal de rei e rainha mirim, João Victor e Ana Beatriz, que foi destaque.
O público se encantou com tamanho capricho nas apresentações e respondeu ao convite dos marcadores. A aposentada Maria das Graças Brito saiu encantada. Ela é de Marabá-PA, onde, segundo ela, também há tradição de festas juninas. “Gostei muito. Achei tudo aqui melhor, mais bonito. Vou voltar contando tudo”, disse.
A técnica em enfermagem Francisca Oliveira e o motorista José Manuel Moura levaram o filho José Henrique Moura, 8, para assistir ao espetáculo. “Gostamos de ver alguns temas como a natureza e os educadores nas apresentações. Ficou tudo muito atual e de lição para quem assistia valorizar mais”, disse Francisca.
Avaliação
O presidente da Fundação Cultural de Palmas (FCP), Giovanni Assis, frisou o quanto foi positivo o evento e, especialmente, o retorno do público. “Foram cinco noites de muita emoção que superaram nossas expectativas. O público entendeu nossa intenção de resgatar a tradição das antigas quadrilhas juninas. Certamente isso veio para que tudo isso ainda cresça mais, porque todo um trabalho de toda gestão foi envolvido para conseguir esse sucesso”.
Para quem estava na organização dos espetáculos, esta edição foi um sucesso. “Este ano a edição foi melhor, muito bem organizada. Trabalhamos duro também para trazer nossa quadrilha e acredito que alcançamos nosso objetivo”, afirmou Maikon Ferreira, presidente da Explosão Amor Caipira.
“Conseguimos realizar o que queríamos. Foram seis meses de preparação para trazermos tudo o que a cultura junina valoriza na sua essência: do balão, à fogueira e o mastro de São João”, disse Gilberto Rodrigues, presidente da Caipiras do Borocoxó, após a despedida da quadrilha de 17 anos de história.
“Foi tudo bem, muito empenho, mais de 70 pessoas participaram dentro e fora da apresentação. Foi muito importante para nós, acredito que conseguimos passar uma mensagem ao público”, disse Whallas Furtado, presidente da Pizada na Butina.
Noite de festa
A prefeita Cinthia Ribeiro prestigiou a última noite de apresentações do grupo especial e se disse encantada. “Esta edição consolidou o Arraiá da Capital como uma das festas populares mais lindas do Brasil. Mais de 100 mil pessoas passaram por aqui durante esses cinco dias e puderam se envolver com esse clima de tradição criado pela cidade cenográfica e por todo o show que essas quadrilhas nos proporcionaram. O Arraiá é uma tradição com a qual continuaremos investindo para garantir a continuidade deste trabalho que atrai tantas famílias”, disse Cinthia Ribeiro.
A festa se encerrou com show animado de Pedra de Fogo no palco principal, que garantiu o arrasta-pé animado. A noite ainda contou com apresentações no Coreto do Forró de Zé Lourinho, Trio Baú e Marcilon do Acordeon.
A apuração das notas dos jurados que avaliaram as 20 quadrilhas do grupo de acesso e especial acontece no Espaço Cultural José Gomes Sobrinho nesta segunda-feira, 02, a partir das 19 horas. Os prêmios para grupo chegam a R$ 30 mil. Há ainda premiação para melhores rainhas, marcador e casal de noivos.