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ARTIGO: O velho e estúpido racismo e a educação ainda como caminho para a libertação

Professor George França – Foto – Arquivo pessoal

Por George França

Testemunhamos, através das redes sociais, dois casos revoltantes de racismo. O primeiro envolve o jogador Vini Jr, que foi vítima de ataques racistas em diferentes estádios da Espanha.

É revoltante constatar que, mesmo em um ambiente que deveria ser de igualdade e competição justa, o racismo se infiltra, mostrando que essa chaga social persiste em todos os aspectos da vida, inclusive no futebol mundial.

Também é preocupante a omissão da liga esportiva do país, que nada fez naquele momento para impedir a ação criminosa dos racistas. Essa é uma demonstração objetiva de que a luta contra o racismo não pode ser negligenciada, pois ele continua enraizado em nossa sociedade, corroendo os valores fundamentais de respeito e igualdade.

O segundo caso trata do abominável e repugnante chamado “racismo recreativo”, que expõe a dolorosa realidade de pessoas que tratam o racismo como uma mera brincadeira ou entretenimento desprovido de consequências. Esse tipo de comportamento é frequentemente utilizado nos shows do humorista Leo Lins (que inclusive recebeu atos de solidariedade de humoristas brancos). É inconcebível que existam pessoas que transformem a dor e a opressão de milhões em motivo de piada, desrespeitando a humanidade e a dignidade daqueles que já sofreram e continuam sofrendo com a discriminação racial

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Em ambos os casos, percebemos que o racismo é um problema mundial. É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lutar contra a discriminação racial. É vergonhoso constatar que pessoas negras são marginalizadas, sofrem violência e têm suas oportunidades sistematicamente negadas. O racismo não pode ser tolerado em nenhuma instância, seja nas relações pessoais, no entretenimento, na mídia, nas redes sociais, na educação, no ambiente de trabalho, esfera política ou em qualquer outra situação.

É absolutamente crucial entendermos que jamais devemos aceitar o racismo como algo normal ou corriqueiro, pois ao fazê-lo, estamos apenas permitindo sua disseminação e perpetuação. Não podemos ficar indiferentes diante da opressão, do sofrimento e das oportunidades negadas às pessoas negras. O racismo não é uma questão de opinião, é uma violação dos direitos humanos mais básicos, um crime moral e social que deve ser combatido com veemência em todos os espaços.

A luta contra o racismo deve ser conduzida de forma implacável. Devemos reconhecer que a responsabilidade de enfrentar esse problema não recai apenas sobre as pessoas negras, mas sobre toda a sociedade. Todos nós temos a obrigação de agir, denunciar e combater o racismo em todas as suas formas, desde as mais evidentes até as mais sutis. É preciso desconstruir os estereótipos, questionar os privilégios e repudiar qualquer forma de discriminação racial.

Na minha opinião, acredito que devemos fortalecer os movimentos antirracistas, apoiar organizações que combatem a discriminação racial e amplificar as vozes daqueles que são marginalizados. Devemos fazer parcerias com as comunidades negras, ouvir suas demandas e lutar lado a lado por justiça e igualdade. Devemos ser firmes em nossa condenação ao racismo e aos racistas.

Não podemos permitir que essas atitudes desumanas e odiosas continuem impunes. É hora de responsabilizar os culpados e exigir que enfrentem as consequências de seus atos. As instituições e a justiça devem agir com rigor para garantir que o racismo seja combatido e punido de forma adequada.

Precisamos encarar de frente essa realidade nefasta e tomar medidas concretas para mudá-la. Devemos exigir representatividade negra em todas as esferas do poder, garantindo que as vozes e perspectivas da comunidade negra sejam ouvidas e valorizadas. É necessário promover políticas de inclusão que assegurem oportunidades reais de ascensão socia, política e econômica para os negros, rompendo as barreiras que limitam suas possibilidades. Devemos desconstruir valores e crenças, desafiar os preconceitos arraigados e lutar incansavelmente por uma sociedade onde todos sejam tratados com igualdade, respeito e dignidade.

Enquanto educador, insisto em afirmar que a educação é uma poderosa ferramenta na luta contra o racismo, desde que seja utilizada corretamente para esse propósito. Precisamos disseminar o conhecimento sobre as lutas e conquistas da comunidade negra e incentivar a reflexão crítica sobre as desigualdades raciais presentes em nossa sociedade. Somente através da educação podemos romper o ciclo de discriminação e preconceito, promovendo uma consciência coletiva que rejeita qualquer forma de racismo.

Nessa luta incansável, defendo veementemente a implementação de políticas de cotas para negros e a obrigatoriedade do ensino da Lei 10.639 como estratégias fundamentais. As políticas de cotas visam corrigir as desigualdades históricas, proporcionando acesso e representatividade para pessoas negras em instituições acadêmicas e profissionais. É uma forma de reparação necessária diante dos séculos de exclusão e marginalização enfrentados pela comunidade negra. Precisamos assegurar que todas as vozes sejam ouvidas, todas as perspectivas sejam consideradas e todas as oportunidades sejam igualmente acessíveis.

Já a obrigatoriedade do ensino da Lei 10.639 nas escolas é um passo crucial para desconstruir códigos racistas, combater o racismo estrutural e valorizar a imensa contribuição dos povos africanos para a sociedade brasileira e, consequentemente, para a nossa identidade. É inadmissível que a história e a cultura dos povos afro-brasileiros sejam negligenciadas nos currículos escolares, perpetuando a invisibilidade e a marginalização.

Através do ensino da Lei 10.639, de forma coerente, buscamos proporcionar uma educação antirracista, que promova o respeito à diversidade étnico-racial, a valorização das contribuições da população negra e o combate aos preconceitos arraigados na sociedade.

No Tocantins, precisamos olhar atentamente para a realidade ao nosso redor, pois nosso estado faz parte do Brasil e do mundo. Portanto, o mesmo racismo existe aqui com a mesma frequência, e em alguns momentos se manifesta de forma dissimulada, como se aqui fosse um paraíso racial. Não podemos mais fechar os olhos para a ausência dos negros nas decisões políticas importantes e nos cargos estratégicos de poder.

O racismo esta vivo e atuante em nosso estado, perpetuando uma situação de exclusão e desigualdade inaceitável. Não podemos fechar os olhos para a falta de representatividade negra em posições de poder e decisão. Devemos questionar as estruturas que perpetuam essa desigualdade e exigir a inclusão real da comunidade negra em todas as esferas da sociedade tocantinense.

Em suma, a luta contra o racismo exige o envolvimento incondicional de cada um de nós e a adoção de ações concretas e enérgicas. Devemos denunciar e combater o racismo em todas as suas manifestações, sem concessões ou tolerância. Apoiar políticas de inclusão, como as cotas raciais, e promover uma educação verdadeiramente antirracista, como a obrigatoriedade do ensino da Lei 10.639, são passos cruciais e inadiáveis para a construção de uma sociedade que seja, de fato, justa, igualitária e livre de preconceitos raciais. Por fim, devemos promover uma cultura de respeito, empatia e igualdade.

Precisamos educar nossas crianças desde cedo sobre a importância da diversidade, ensinando-lhes a valorizar todas as pessoas, independentemente de suas origens. Somente através da conscientização e da educação, com foco no combate aos preconceitos e às desigualdades, poderemos romper com os padrões racistas enraizados, estruturados e impregnados em nossa sociedade.

Sobre o autor

George França é Professor Associado da Universidade Federal do Tocantins – UFT atuando no curso de LETRAS: LIBRAS e no PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO (MESTRADO E DOUTORADO) EM MODELAGEM COMPUTACIONAL DE SISTEMAS- PPGMCS. Doutor em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUC SP. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas: Mídia e Conhecimento pela mesma Universidade. Foi Pró-reitor de Graduação da Universidade do Tocantins – UNITINS. Pró-reitor de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Tocantins – UFT e diretor do Câmpus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins – UFT.
Coordenou o Projeto Um Computador por Aluno – UCA Tocantins. Coordenou o projeto de pesquisa: Ambientes Virtuais de Aprendizagem para a Educação de Surdos no Estado do Tocantins. Participou da criação do curso de letras: libras na UFT. Atualmente Lidera e coordena o programa de Pesquisa e Extensão: Transtorno do Espectro Autista o Âmbito das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – TDIC que desenvolve tecnologias digitais integradas com robótica para a educação especial. Coordenador pedagógico do Programa de Formação Docente Continuada – PROFOR/UFT. Idealizador, coordenador do Curso de Aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado – AEE: com foco nas Deficiências Intelectual e Múltipla Sensorial – RENAFOR-MEC/UFT/SEDUC TO. Supervisor do Curso de Aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado – AEE: Educação – RENAFOR. Coordenador da pós-graduação: Transtorno do Espectro Autista na Educação do Campo.
Desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão nas seguintes ÁREAS: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, EDUCAÇÃO ESPECIAL, INCLUSÃO, CIDADANIA DIGITAL, ACESSIBILIDADE e, afins. Possui inúmeros artigos publicados em revistas nacionais e internacionais. E autor do livro: O Design Instrucional na Educação a distância: John Dewey como uma referência metodológica e organizou os livros: Práticas em EaD: Temas emergentes; Fronteiras da Educação: desigualdades, tecnologias e políticas; Tecnologias Educacionais no Tocantins – face a face; Autismo: Tecnologias e formação de professores para a escola pública e Autismo: tecnologias para a inclusão. É Presidente da Comissão Heteroidentificação da Universidade Federal do Tocantins – UFT.

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