No início desta década, a empresa de tecnologia Apple lançava os primeiros celulares com tecnologia 3g e os primeiros tablets. Hoje seus celulares já têm reconhecimento facial e comandos de voz.
Esses avanços foram proporcionados por maior análise de dados, melhores inteligências artificiais e também pelo avanço na capacidade de processamento. Em 2018, estes assuntos não ficarão para trás e devem continuar avançando, bem como a discussão em torno deles. Escolhemos quatro tendências que mudaram o mundo da tecnologia nos últimos anos e que devem continuar a ditar o ritmo das inovações no ano que vem.
Inteligência artificial (AI)
Os analistas preveem que a AI pode deixar de ser só um ponto de especulação e ter um pouco mais de ação em 2018. Embora improvável que vejamos o advento de uma máquina com capacidade humana no próximo ano, o que é conhecido como AI forte, esperam-se grandes avanços em inteligências artificiais programadas para atividades específicas, o que é conhecido como AI fraca.
Uma das iniciativas mais faladas recentemente sobre o uso desse tipo de tecnologia é o machine learning, um tipo de programação que permite aos computadores aprender com sua própria operação. Isso ajudaria as inteligências artificiais a aprender com erros para realizar tarefas em que vimos grandes avanços recentes. Chatbots para atendimento a clientes, carros sem motoristas e automatizadores de residência que respondem por voz são alguns dos exemplos que têm colhido êxito nos experimentos e recebido cada vez mais investimentos.
O que possibilita os enormes avanços em inteligência artificial é a grande quantidade de dados e informações que passamos a armazenar cotidianamente. E esse é um segmento que não para de crescer. Em 2012, a revista Harvard Business Review elegeu o trabalho de analista de dados e especialista em inteligência artificial como o emprego mais sexy do século 21. A demanda por engenheiros e técnicos na área deve crescer 39% até 2020, segundo dados da fabricante de computadores IBM. Uma reportagem do jornal The New York Times apontou que profissionais nesta área, tanto os formados com doutorado ou aqueles com alguns anos de experiência, tinham ofertas de trabalho com salários em torno de 300.000 e 500.000 dólares por ano nos Estados Unidos.
Realidade Virtual
O mercado de realidade virtual está em franca expansão. As grandes companhias de tecnologia e mídia social já começaram a adquirir nomes no setor: em 2017, a Apple comprou a VRvana e o Google comprou a OwlChemy. Há alguns anos, em 2014, o Facebook já havia adquirido a Oculus e desde então verteu dinheiro em pesquisas de realidade aumentada e virtual. De acordo com uma estimativa da empresa de pesquisa de mercado em jogos SuperData, o mercado de realidade virtual valia um 1,7 bilhão de dólares em 2016, fatia que cresceu para 2,2 bilhões em 2017 e é esperado que multiplique para 28,5 bilhões de dólares em 2020.
As grandes empresas planejam começar a enviar a segunda geração de aparelhos de realidade virtual no próximo ano. Um dos destaques é a companhia Magic Leap, que vinha desenvolvendo seu próprio aparelho e era um dos mais especulados da área. O lançamento ocorreu agora no final de 2017 e os primeiros envios serão realizados no começo de 2018.
Automação
A automação de serviços e processos pode ganhar novos ares no ano por vir. Com a inteligência dos robôs e o algoritmos mais acurada, é esperado que cada vez mais eles possam tomar as rédeas de alguns processos, especialmente os que são repetitivos, sujos ou perigosos demais para os humanos.
Essa mudança radical já está em curso e é chamada de 4ª Revolução Industrial. A fabricante de material esportivo Adidas, por exemplo, afirmou no ano passado que irá trazer sua produção de volta para a Alemanha, mas com uma fábrica inteiramente automatizada.
A revolução pode gerar mais riqueza para as companhias e garantir menos horas de trabalho ou demanda por mão de obra. Algo que já preocupa especialistas e empresários: o próprio Bill Gates, fundador da companhia de tecnologia Microsoft, afirmou que os governos precisam taxar robôs que tomem o trabalho de humanos, para reduzir o avanço da automatização e garantir uma transição para outros empregos. A polêmica em torno do assunto, que já nos persegue desde que trocamos a máquina de escrever pelo computador, deve se acentuar em 2018.
E-commerce
A Amazon, a maior varejista digital do mundo, continuou com lucros em alta em 2017, o suficiente para fazer do fundador da empresa, Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo. Nos primeiros nove meses do ano, o lucro da Amazon foi de 1,1 bilhão de dólares e outras varejistas, como Walmart, a companhia com o maior faturamento do mundo, buscam maneiras de se atualizar para vender melhor online. Em 2018, a revolução do e-commerce deve continuar em voga.
Em outubro, a loja de departamento Nordstrom afirmou que espera ter metade de suas vendas no online dentro dos próximos 5 anos. Depois de anos de investimento em sinergia entre o digital e o físico, a loja já tem 26% de suas vendas em e-commerce. Na apresentação do balanço do terceiro trimestre, executivos da fabricante de equipamento esportivo Nike afirmaram que a empresa deve implementar uma mudança de planos, deixando o tradicional varejo para trás e migrando para o digital. Para isso, a marca tem procurado parceria com grandes varejistas do ramo, como a própria Amazon, ou mesmo através de vendas em redes sociais, como o Instagram. Em 2017, os Estados Unidos fecharam quase 6.700 físicas, um recorde segundo uma estimativa da consultoria Fung Global Retail & Technology.
Por aqui, as varejistas locais como B2w, Magazine Luiza ou Netshoes lutam para fidelizar clientes e conseguir lucros, muito por causa dos altos custos tributários e também problemas logísticos do país. Espera-se que em 2018 novas formas de entrega, pagamento e até atendimento, com bots de inteligência artificial, possa melhorar o cenário de comércio eletrônico.
Por Thiago Lavado
Fonte: Exame