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Atividade física reduz problemas cardíacos genéticos, diz estudo

Imagem meramente ilustrativa

Doença cardíaca é comum em sua família? É muito provável que você consiga reduzir o
risco de vir a ter ou morrer do coração se estiver em boa forma física. Estar forte também
ajuda.

Essas são as descobertas do maior estudo até agora acerca das associações entre
exercício, capacidade física e genética cardíaca. Os resultados também indicam
que, apesar da herança genética, todos nós podemos nos beneficiar nos
movimentando mais.

Existe muito interesse hoje em dia na compreensão do que nossas variações genéticas
podem dizer a respeito de saúde, carga genética e possíveis riscos futuros para uma
ampla gama de enfermidades.

Pesquisadores começaram a utilizar a técnica dos estudos de associação genômica
ampla para trazer à tona tais riscos. Basicamente, mapeiam o genoma completo da
pessoa e conferem essa informação com dados de saúde para ver se quem tem um
fragmento de gene A também pode ter doença cardíaca, mal de Alzheimer, câncer de
mama ou outra doença.

A doença cardíaca tem recebido atenção particular de pesquisadores genéticos, já que
ela mata mais pessoas pelo mundo do que qualquer outra enfermidade. Nos últimos
anos, geneticistas isolaram uma série de variações genéticas fortemente associadas com
problemas cardíacos sérios e que podem ser identificadas através de exames.

Contudo, dar às pessoas informação genética que sugere que seu coração está
ameaçado sem também lhes oferecer formas possíveis de evitar tais ameaças parece
insensível.

Felizmente, estudos passados deram a entender que o estilo de vida, incluindo
alimentação e exercícios, pode reduzir até mesmo riscos fortes herdados para
problemas cardíacos.

Todavia, muitos desses estudos examinaram uma gama ampla demais de questões de
estilo de vida.

Para o novo estudo, publicado neste mês em “Circulation”, pesquisadores da
Universidade Stanford e de outras instituições decidiram se concentrar especificamente
no papel da boa forma física.

Como queriam incluir um grupo amplo e variado de pessoas no estudo, recorreram aos
dados coletados no Reino Unido pelo U.K. Biobank, que armazenava informações de
saúde sobre mais de 500 mil homens e mulheres com idades entre 40 e 69 anos quando
a pesquisa teve início em 2006.

Todos os participantes deram amostras de sangue e saliva para exame genético,
preencheram questionários complexos sobre exercícios e outros hábitos de saúde e, em
alguns casos, suaram numa bicicleta ergométrica ou esteira, para depois utilizar um
aparelho que quantificou a capacidade aeróbica e a força muscular. Alguns também
utilizaram monitores de atividade durante uma semana para rastrear objetivamente o
quanto se movimentavam.

Os pesquisadores se concentraram nos 482.702 homens e mulheres do estudo que não
tinham doença cardíaca no começo, examinando geneticamente suas amostras de
tecido, em busca de vários fragmentos de genes conhecidos por aumentar o risco
cardíaco. Eles também os classificaram em três grupos, baseados em sua força e
capacidade física.

A seguir, verificaram se alguns deles desenvolveram doença cardíaca nos seis anos
seguintes. Muitos passaram a ter o problema, segundo as fichas médicas, principalmente
se tivessem alguma das variantes genéticas associadas a doenças cardíacas.

Entretanto, os dados mostraram que o condicionamento físico mudou bastante o
cálculo.

Os cientistas concluíram que homens e mulheres com a melhor capacidade aeróbica
reduziram pela metade a probabilidade estatística de ter doença cardíaca, por mais
problemático que fosse o perfil genético.

Em resumo, se as pessoas estivessem boa forma, apresentariam menor propensão a
problemas cardíacos que alguém em pior condicionamento físico, ainda que os genes
previssem uma enfermidade.

Ser forte também reduz o risco de doença cardíaca, ainda que não na mesma
intensidade.

“O que isso nos diz é que é possível reduzir parte do risco cardíaco com
condicionamento físico, por mais alto que o risco seja”, diz o dr. Erik Ingelsson, professor
de Medicina de Stanford que supervisionou o estudo.

O dado amigável é que a quantidade de condicionamento exigido não é grande. As
pessoas no grupo de melhor capacidade física “não eram atletas”, diz Ingelsson. Elas
realizavam atividades moderadas, como caminhar, segundo os questionários de
atividade.

Contudo, o estudo não pode nos dizer com exatidão o quanto precisamos nos exercitar
para ter a melhor proteção contra doença cardíaca genética, porque o número de
indivíduos que usou aparelhos para medir o condicionamento era pequeno demais para
isso.

Além disso, é um estudo associativo, ou seja, mostra vínculos entre condicionamento
melhor e menor risco de enfermidade. Porém, não pode demonstrar que uma coisa leva
a outra.

De forma talvez mais intrigante, o estudo traz novos questionamentos sobre a
complicada interação de genes, ambiente e estilo de vida. A exemplo do risco para
doença cardíaca, a capacidade aeróbica e a força muscular também podem ser afetadas
pela herança genética, diz Ingelsson, e determinadas variantes genéticas envolvidas na
aptidão física podem alterar o funcionamento de outras variáveis que afetam o risco de
doença cardíaca, e vice-versa, ainda antes de alguém dar uma caminhada vigorosa.

Dieta, tabagismo, peso e outros aspectos da saúde e estilo de vida também podem
mudar como os genes afetam outros genes. Ingelsson e colegas vão se aprofundar
em muitas dessas questões em futuros experimentos.

Agora, porém, para ter a melhor saúde cardíaca, “o estudo reforça o que já sabíamos,
isto é, que devemos ser fisicamente ativos”.

Gretchen Reynolds, do The New York Times

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