Militantes do Coletivo Enegrecer realizaram nessa quarta (28), intervenção ”Vidas Negras Importam” em frente a Assembléia Legislativa do Tocantins, com o intuito de fazer uma alerta sobre o descaso do Pode Público em relação a vida dos jovens negros.
Veja a íntegra da carta divulgada pelo Coletivo:
CARTA COLETIVA DOS MOVIMENTOS NEGROS DO ESTADO DO TOCANTINS.
Novembro é reconhecido em todo o país como o mês da consciência negra, e por esse motivo existe uma extensa mobilização para ampliar o debate, denunciar e formar politicamente as pessoas sobre o racismo e suas manifestações na vida do povo negro. Portanto, Movimentos de combate ao racismo e demais movimentos que dialoguem com a pauta racial, se organizaram para apresentar à Assembleia legislativa do Estado do Tocantins, propostas a serem discutidas no plenário da AL do Tocantins.
A partir do cenário caótico dos descasos com politicas públicas raciais, é alarmante os dados que evidenciam o processo de marginalização em que negras e negras do Tocantins estão inseridos, e exatamente por isso, há necessidade de um dialogo mais próximo e efetivo do parlamento tocantinense com os movimentos sociais que levantam as pautas antirracistas, tendo em vista que nesse estado cerca de 70% de sua população é comporta por pessoas negras (pardos e pretos). (IBGE, 2010), como também há a constatação da existência de 44 quilombos já certificados.
Índices de homicídios, desemprego, violência doméstica são majoritariamente direcionado às pessoas negras, e isso exige uma politica mais efetiva de reparação histórica à esses sujeitos e inclusão dos mesmos como prioridade nas ações institucionais que visem promover bem estar social.
Sob a ótica de um país racista, como é o Brasil, o Tocantins não se isenta desses reflexos e dados são apenas a representação teórica da dor e do descaso, e para isso, deverá haver um intenso trabalho unificado entre os três poderes (Governo do Estado do Tocantins, Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça) juntamente com os movimentos sociais para uma sociedade livre da desigualdade racial.
Um dos enfoques mais debatidos pelo movimento negro é a repressão arbitraria abusiva sobre os corpos negros por parte do sistema de segurança pública, principalmente quando os alvos são jovens e periféricos. Um caso a ser citado é o do sargento Fabrício Alexandre Lopes, que no dia 05/06/2018 sacou uma arma de forma coercitiva e irresponsável contra jovens que estavam em uma batalha de rima no ginásio Ayrton Sena na região sul de Palmas, jovens esses que não geravam nenhum tipo de perigo e que habitualmente usavam esse espaço publico para realizar suas manifestações culturais. Sendo esse um dentre tantos relatos de agressão policial verbal e física de conhecimento publico, já que tantos outros são invizibilzados e naturalizados.
Outros fatos associados a raça, como intolerâncias as religiões de matriz africana, criminalização dos direitos humanos que atinge garantias mínimas do povo negro, ausência de jornalistas negros nas afiliadas locais de televisão, são comuns e limitam cada vez mais a liberdade efetiva do povo negro e sua representatividade.