O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta sexta-feira (22) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) precisa ter “mais tempo para cuidar da reforma da Previdência e menos tempo” para as redes sociais.
A declaração foi dada em meio à discussão sobre a prioridade dada pelo governo à tramitação da reforma na Câmara.
Ao site do jornal “O Globo”, Maia disse que a responsabilidade “daqui para frente” sobre a articulação para aprovar a reforma é do governo. Bolsonaro, por sua vez, afirmou, no Chile, não ter dado motivo para Maia deixar a articulação da reforma da Previdência.
“Ele [Bolsonaro] precisa ter um engajamento maior. Ele precisa ter mais tempo pra cuidar da Previdência e menos tempo cuidando do Twitter, porque, se não, a reforma não vai andar”, disse Maia em entrevista à TV Globo.
Maia disse ainda que continuará tocando na Câmara a reforma: “O meu papel eu vou continuar cumprindo, coordenando dentro da Câmara a aprovação da reforma e (…) colocando de forma clara na figura do presidente da República a responsabilidade dele [de] conduzir, por parte do governo, a aprovação da reforma”.
Mais cedo, Bolsonaro declarou querer saber a razão pela qual Maia deixou a articulação da Previdência, que nada mudou e se disse “aberto ao diálogo”. A solução, afirmou, será conversar. “Só conversando, não é? Você nunca teve uma namorada? E quando ela quis embora, o que você fez para ela voltar? Conversou?”.
Em resposta, Maia afirmou: “Eu não preciso almoçar, não preciso do café e não preciso voltar a namorar. Eu preciso que o presidente assuma de forma definitiva o seu papel institucional, que é liderar a votação da reforma da Previdência, chamar partido por partido que quer aprovar a Previdência e mostrar os motivos dessa necessidade”.
Reeleito presidente da Câmara com 334 dos 512 votos, Maia já fez diversas declarações públicas a favor da reforma da Previdência e chegou a afirmar, em entrevista à GloboNews, que esta é a “última” chance de o Congresso aprovar a reforma sem retirar direitos da população.
Maia x Governo
Nesta quarta-feira, após ter ameaçado não receber o projeto dos militares, e de bater de frente com Sergio Moro, Maia conversou com integrantes do governo.
Um deles foi Paulo Guedes. Na conversa, Maia reclamou que o governo pedia votos mas “fazia questão” de “desmoralizar” a política, ao dizer que não faria “toma lá dá cá”, associando os congressistas à ideia de corrupção.
A Guedes, Maia afirmou que fez oposição ao PT durante anos e, por isso, fez campanha sem “cargos”- mas que há deputados que querem espaço na sua base eleitoral para se eleger. E emendou cobrando que o governo deixe claro que não vai atender, mas que deixe a Câmara, então, “tocar os trabalhos”.
Guedes trabalhou para colocar panos quentes, e disse que o governo ia acertar a comunicação.
Como é a tramitação da reforma
Enviada em fevereiro, a reforma da Previdência está em análise na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Em seguida, será discutida por uma comissão especial e, por fim, pelo plenário.
Por se tratar de emenda à Constituição (PEC), a proposta precisa dos votos de pelo menos 308 dos 513 deputados, em dois turnos de votação. Se aprovada, seguirá para o Senado.
Inicialmente, Rodrigo Maia estimou a votação da proposta no plenário em maio e, depois, junho. Bolsonaro já pediu “celeridade” ao Congresso para que a PEC e o projeto que trata da aposentadoria dos militares sejam aprovados “no máximo no meio do ano”.
Fonte: G1 Globo