O presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais, pelo segundo dia consecutivo, para defender a indicação de um “amigo pessoal” para a gerência executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras, cargo cuja remuneração gira em torno de R$ 50 mil. Bolsonaro ironizou a referência à amizade entre os dois nas reportagens que trataram da nomeação do capitão-tenente da reserva da Marinha Carlos Victor Guerra Nagem.
Peço desculpas à grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos para postos em meu governo!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 11 de janeiro de 2019
Mais cedo, Bolsonaro havia destacado em duas oportunidades o “brilhante currículo” do amigo e reclamado do tratamento dado ao assunto: “Victor Nagen, Capitão da Marinha, mestre em Adm. pela Coppead/UFRJ e funcionário da Petrobras há 11 anos, assumirá a Gerência Executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da empresa. Apesar de brilhante currículo, setores da imprensa dizem que é apenas ‘amigo de Bolsonaro’”.
Era da capacitação técnica
Ontem o presidente comemorou a indicação do Capitão Victor: “A era do indicado sem capacitação técnica acabou, mesmo que muitos não gostem. Estamos no caminho certo!”, escreveu o presidente a respeito do novo gerente da Petrobras. O post, porém, foi apagado por ele depois.
Carlos Victor Guerra Nagem é empregado da empresa há 11 anos, está lotado em Curitiba, mas nunca ocupou cargo em comissão na estatal. A gerência faz parte do segundo escalão da Petrobras, abaixo apenas da diretoria.
Capitão Victor, como é mais conhecido, concorreu a duas eleições sem sucesso: em 2002 foi derrotado na disputa para deputado federal pelo Paraná, e em 2016 não conseguiu se eleger vereador em Curitiba. Nas duas ocasiões disputou pelo PSC, último partido de Bolsonaro antes de ingressar no PSL.
Na última eleição, Bolsonaro gravou um vídeo em que chama Capitão Victor de “meu amigo particular” e pede votos para ele. “É um homem, um cidadão que conheço há quase 30 anos. Um homem de respeito, que vai estar à disposição de vocês na Câmara lutando pelos valores familiares. E quem sabe no futuro, tendo mais uma opção para nos acompanhar até Brasília”, diz o então deputado no vídeo. “Todos nós ganharemos”, acrescentou.
A Petrobras nega interferência de Bolsonaro na indicação e alega que Capitão Victor foi escolhido por seu currículo. De acordo com a Petrobras, o capitão-tenente tem mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em Administração, curso no qual se graduou na Escola Naval, e atua na área de segurança corporativa da empresa há seis anos. Além disso, tem dez anos de experiência como professor no ensino superior. Capitão Victor vai substituir Regina de Luca.
fonte: Congresso em foco