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Câmeras IP e grupos de WhatsApp são as apostas das vizinhanças para se proteger de crimes

Câmera de Segurança - (Foto: Topsolutions)

Diversas regiões de todo o estado de São Paulo, da capital ao litoral, estão apostando em iniciativas próprias para assegurar uma proteção maior contra o crime urbano. Segundo informações do UOL, onde antes eram contratados guardas-noturnos em motos ou posicionados em guaritas, hoje a tecnologia impera na proteção comunitária por meio de câmeras IP e grupos no WhatsApp.

É o caso da jornalista Larissa Baeta, que mora em Perdizes, na zona oeste da capital. Em certa ocasião, ela quase foi pega desprevenida quando um homem desconhecido entrou no quintal de sua residência. O indivíduo não foi muito longe: Larissa foi avisada pelos vizinhos por meio de um grupo no WhatsApp e, prontamente, chamou a polícia, que interceptou o suspeito.

Foi a mesma situação em grupos de WhatsApp na zona norte da capital e no litoral norte, em Caraguatatuba: bandidos que invadiram residências — ocupadas ou vazias — tiveram seus esforços derrotados pela polícia após vizinhos capturarem, por meio de câmeras IP e grupos de WhatsApp, suas ações, que serviram de evidência contra criminosos.

A Polícia Militar do Estado De São Paulo se solidariza com os esforços dos cidadãos e chegou até a criar o Programa Vizinhança Solidária, que incentiva as pessoas a tomarem um conjunto de ações em busca, por meio da prevenção primária, de melhorar a segurança pública local, incentivando a vizinhança a adotar medidas capazes de prevenir delitos e colaborar com o policiamento. A corporação policial chama isso de “o primeiro degrau na segurança pública e combate ao crime”, segundo a sua página oficial.

O mercado de câmeras de vigilância tomou conhecimento dessa tendência e, em 2018, pela primeira vez, a maior parte dos clientes de lojas e fornecedores de equipamentos de segurança foram consumidores comuns (69%) ao invés de clientes corporativos, segundo informações da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (ABESE). “Os custos caíram, e as pessoas passaram a ter a tecnologia mais incorporada ao dia a dia”, explica Selma Migliori, presidente da entidade.

Proteção via… Wi-Fi?

Um caso interessante, também ocorrido em São Paulo, chama a atenção por sua simplicidade e engenhosidade: lá por 2015 ou 2016, a jornalista Cecília do Lago residia em uma região da capital onde a rua detrás de sua casa era ampla, porém vazia no horário em que ela retornava do trabalho. A fim de ampliar a sua própria segurança, ela encontrou uma solução bastante criativa.

“Como tenho o hábito de chegar tarde em casa, e a rua atrás da minha casa é mais ampla e teoricamente mais segura que a minha própria rua. Acabo voltando por lá. Entretanto, ela é muito erma. Resolvi [isso] abrindo uma uma rede pública no meu roteador, com limitação de banda”, ela conta em uma thread publicada em seu perfil no Twitter.

Segundo o relato, a configuração persistiu até 2018. Foi nessa época que a jornalista percebeu que mais crianças ficavam espalhadas pelo entorno da rua, próximas à casa, usando da rede wi-fi, bem como casais que se apinhavam nas proximidades para fuçarem em seus smartphones.

“Houve um aumento do policiamento nas ruas movimentadas do entorno (onde há mais incidência de assaltos) em 2017 e 2018, então creio que houve, sim, uma melhora desses locais. O trecho da rua, em si, não teve alteração, embora ele tenha se beneficiado da melhoria na região adjacente”, ela conta, em conversa com o Canaltech.

Cecília acredita que essas práticas — grupos de comunidade no WhatsApp, a aquisição e instalação de câmeras IP e a sua própria solução com o wi-fi da casa — são apenas uma evolução de métodos antigos de proteção do cidadão: “Pessoas fecham ruas, pagam segurança comunitária ou portaria em condomínios. Isso é a população tomando atitudes para a segurança pública. Ter wi-fi ou grupo de WhatsApp não é diferente disso: é só uma tecnologia barata de nossa época que inevitavelmente será usada para os interesses locais”, ela comenta.

Cecília já não reside mais na mesma rua, tendo se mudado para um condomínio predial noutra região, mas assegura que a configuração do wi-fi na casa, que pertence à família, ainda segue ativa e seu funcionamento como mecanismo de segurança pública continua dando resultado.

Fonte: Canaltch

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