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Caminhoneiros não recuam e mantêm promessa de greve mesmo após congelamento do ICMS dos combustíveis

Foto – Antônio Cruz/ABr

As principais associações de caminhoneiros prometem desde o final de outubro uma greve para o próximo dia 1º de novembro. Em meio às incertezas, crescem os apoios à paralisação, apesar da desconfiança com a qual o governo trata o assunto.

De acordo com a Folha de São Paulo, a Federação Nacional dos Empregados em Postos de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Fenepospetro) vai orientar frentistas de postos de combustível a acolherem e apoiar, com infraestrutura, os caminhoneiros.

O apoio acontece devido à Medida Provisória assinada em agosto, proposta pelo deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), que implementa o autoatendimento nos postos. O presidente da Fenepospetro, Eusébio Neto, diz que a iniciativa pode custar o emprego de 500 mil trabalhadores.

Nesta quinta-feira (28), a Central Única do Trabalhador (CUT) publicou um comunicado assinado com a Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, CSP, Conlutas e outras entidades no qual apoia a paralisação dos caminhoneiros.

“As Centrais Sindicais apoiam o movimento dos caminhoneiros e convocam todo o movimento sindical a expressar sua solidariedade a essa luta que é de todos os trabalhadores”, diz a nota.

A CUT ainda cita uma pesquisa da Fretebras, plataforma de transporte de cargas, que diz que 59% dos caminhoneiros de sua base apoiam a greve contra a alta dos preços dos combustíveis. “Estamos passando dificuldades. Esperamos que o governo Bolsonaro atenda as nossas reivindicações. O preço do diesel está um absurdo”, disse Vanderlei de Oliveira, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Navegantes-SC (Sinditac).

Segundo a Petrobras, o preço do diesel subiu, desde o início do ano, mais de 60% nas refinarias, sendo 10% nesta semana. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), houve alta de 37% no preço do diesel na média nacional. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que o motorista brasileiro acumula alta de 18,26% de inflação nos últimos 12 meses, a maior ao grupo em 21 anos, puxada pelo aumento do preço do etanol (64,45%), gasolina (40,46%) e gás natural (37,11%).

Entre as demandas reivindicadas no comunicado estão: redução do preço do diesel e revisão da política de preços da Petrobras (Preços de Paridade de Importação, que vincula o preço do petróleo ao mercado internacional); piso mínimo do frete; retorno da aposentadoria especial com 25 anos de contribuição; aprovação do Marco Regulatório de Transporte Rodoviário de Carga (PLC 75/2018) e criação e melhoria dos Pontos de Parada e Descanso.

O Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escalq/USP infica que o combustível responde a 39% das despesas do transporte rodoviário. Um projeto de lei do governo tenta alterar a cobrança de ICMS dos combustíveis, o que foi rechaçado pelo presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da paralisação de 2018 e um dos principais defensores da greve a partir de 1 de novembro.

“Nosso chamado de paralisação tem o respaldo de 1 milhão de caminhoneiros”, disse Chorão, que conta desde outubro com os apoios do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). “Nossa organização é maior do que em 2018”.

Segundo a Gazeta do Povo, ainda há empresários dispostos a apoiar a greve, de maneira diferente do que aconteceu no último 7 de setembro, quando houve indícios de locaute. Como a pauta não reflete a agenda do governo federal e é contra o aumento do combustível, empresários estariam dispostos a apoiar a decisão dos caminhoneiros.

Reação do governo

O Ministério da Economia divulgou nesta sexta-feira, em uma tentativa de enfraquecer a greve, (29) que o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou o congelamento do valor do ICMS cobrado na venda de combustíveis por 90 dias.

Na última quarta-feira (27), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que o movimento deve ser semelhante a outros 15 que ocorrem neste ano e que foram rapidamente contornados. “É uma categoria muito difusa, questão de representatividade é difícil de entender. Muita gente, que às vezes chama movimento e às vezes até tem muito espaço, não tem representatividade, não consegue agregar categoria como um todo. E muita gente confia no diálogo”, declarou Freitas à Rádio Bandeirantes.

Em nota publicada após reunião com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), que não apoia a greve, Freitas diz que o governo “garantirá a segurança nas estradas brasileiras”.

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Fonte – IstoÉ

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