O centenário cemitério de pedras, conhecido como Campo Santo, construído por descendentes de escravos há mais de 100 anos, pode estar prestes a receber uma importante proteção legal e se tornar um sítio arqueológico histórico. Esse local tem profundo significado em termos de memória e história para a Comunidade Quilombola Rio Preto, situada no município de Lagoa do Tocantins.
Autoridades governamentais do estado do Tocantins e representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recentemente visitaram a região e estão considerando a possibilidade de classificar o cemitério como um sítio arqueológico histórico. Após a visita à comunidade, mais pesquisas e avaliações serão conduzidas para fortalecer a proteção da memória e história do povoado.
Para os moradores da Comunidade Quilombola Rio Preto, como a cantora Onorata Ferreira Lopes, de 78 anos, o Campo Santo representa um local de grande estima. Muitos antepassados repousam ali, sob as grandes pedras e túmulos construídos pela própria comunidade.
As lápides eram originalmente produzidas pela comunidade a partir da lapidação de pedras de um morro próximo, embora essa prática tenha cessado ao longo dos anos.
Hoje, as gerações mais jovens são responsáveis por proteger o cemitério. Uma cerca improvisada foi instalada para impedir que o gado de uma fazenda vizinha entrasse no local. Essa ação simboliza a preservação de um local que se tornou um ícone do quilombo.
Campo Santo e a Lei
De acordo com a Lei Federal n.º 3.924 de 1961, monumentos arqueológicos ou pré-históricos e os elementos neles encontrados são protegidos pelo poder público. Os cemitérios identificados como sítios arqueológicos são classificados como monumentos arqueológicos.
Caso o Campo Santo seja oficialmente enquadrado como um sítio arqueológico histórico, ele passará a ser uma área protegida por lei, garantindo sua preservação e impedindo destruição. A proteção legal também estabelece que atividades no local e em suas proximidades não poderão impactar o sítio. A superintendente do Iphan no Tocantins, Cejane Pacini Leal Muniz, esclareceu que é necessário realizar pesquisas adicionais antes da conclusão desse processo de proteção.
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