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Candidaturas de mulheres negras aumentaram 23% este ano: “desafio é encarar o racismo e preconceito estrutural”, diz tocantinense

Candidata a vereadora em Dianópolis, Celenita Gualberto - Foto: Reprodução/Instagram

Candidata a vereadora em Dianópolis, Celenita Gualberto – Foto: Reprodução/Instagram

Equipe Gazeta do Cerrado

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 90.753 mulheres negras lançaram candidaturas nas eleições municipais deste ano. O número é 23% maior que as 73 mil candidaturas registradas em 2016. O levantamento envolve candidatas autodeclaradas pretas e pardas.

A taxa de crescimento de candidaturas de mulheres negras é maior que o aumento global das candidaturas, que ficaram em 12%. Pela primeira vez, o número de candidatos negros é superior ao de brancos. No total, considerando homens e mulheres, são mais de 277 mil candidaturas negras em 2020, quase 10 mil a mais do que a de brancos. Mesmo com o aumento neste índice, os postulantes negros e negras ainda seguem sendo sub-representados.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 54% da população do país se autodeclara preta ou parda. No último Censo (2010), 49,7% das mulheres se autodeclararam negras.

Em se tratando de qualificação, cerca de 40% das mulheres negras candidatas em 2020 têm o Ensino Médio completo; 20% delas têm formação superior, um número maior que a taxa geral de mulheres negras com ensino superior. A pesquisa “Estatísticas de gênero”, divulgada pelo IBGE em 2018, mostra que o percentual de mulheres negras com o ensino superior completo é de 10,4%, valor 2,3 vezes menor que a de mulheres brancas (23,5%) e, mesmo trabalhando mais, as mulheres negras seguem ganhando expressivamente menos.

Negras no Tocantins

A candidata do Coletivo Plurais de Dianópolis, Celenita Gualberto (PT) contou em entrevista à Gazeta do Cerrado que umas das principais desafios sendo uma candidata negra é encarar o racismo e preconceito estrutural. “Mesmo sendo consciente e estando preparada, ainda somos candidatas sujeitas a análises por considerar o gênero, etnia e ou classe social”, afirmou.

Celenita destacou em sua que a Câmara de Dianópolis precisa urgentemente de representatividade negra. “Com tudo porque já tivemos negros assumindo essa função, porém, não assumiram pautas de relevância como o antiracismo, dentre outras que viriam atender a demanda da população negra. Para além, a representação da mulher, ainda é minoria e sem autonomia”, disse a candidata.

Ela também pontuou algumas de suas principais proposta que são: Democratizar os espaços de poder público, como mandato coletivo com representatividades múltiplas; fortalecer os direitos educacionais, sociais, rurais, de servidores, mulheres e juventude, contudo, dos vulneráveis, a margem da política pública, e politizar as lideranças e movimentos sociais e partidário.

“Com muita perspectiva e trabalho, compartilhado entre família, amigos e parceiros que de algum modo tem identificado com esta proposta que vem buscando inovar as tradicionais práticas políticas, para algo que estimule a participação popular”, disse Celenita sobre sua campanha na Terra das Dianas.

Com informações do Congresso em Foco

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