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CARTA ABERTA: Eu sou mulher e não vou me calar!

Foto: Divulgação

Eu sou mulher e não posso me calar e nem ser coagida com perguntas que me ofendem e que tiram o meu direito.
Eu sou mulher e não importa qual roupa estou usando.
Eu sou mulher e não importa onde estou andando.
Eu sou mulher e não importa o que estou estudando.
Eu sou mulher e o NÃO É NÃO.
Eu sou mulher e não vou deixar o sistema machista tirar meu direito.
Eu sou mulher e luto pela minha voz e das outras mulheres, pois a vergonha que passamos e sentimos após ser estuprada; o receio no tratamento que recebemos no hospital e na delegacia, onde ouvimos perguntas como:
“Que roupa estava usando?”
“Estava apaixonada por ele?”
“Sentiu atração sexual?”
“Por que respondia às mensagens dele e ainda conversava com ele?”
“Você sabia que ele estava com conversas de cunho sexual, porque ainda continuou falando com ele?”
“Por que não gritou?”
“Por que não saiu correndo?”
“Por que pegou carona”?

QUANTOS POR QUÊS! ATÉ QUANDO ESSAS PERGUNTAS CONTINUARÃO SENDO FEITAS PARA NÓS VÍTIMAS DE ABUSO E ESTUPRO?

São essas perguntas que nos fazem nos sentirmos culpadas ainda mais pelos atos que sofremos, a dificuldade de produção de provas e o medo do agressor, principalmente quando ocorre em um lugar fechado que não tem câmeras e ele é um homem conhecido, quando faz parte do poder estatal, quando é famoso, quando é alguém íntimo ou quando é algum familiar.

Até quando vamos ser tratadas desse jeito?
Quando o sistema machista irá acabar?
Quando teremos nosso respeito e nossa voz?

Isso faz parte da chamada “cultura do estupro”, pois querer responsabilizar uma mulher por ter sido estuprada ao justificar um ataque pelas roupas que ela vestia. Piadas, comentários constrangedores, ameaças, assédios de todo tipo também fazem parte dessa cultura, que deixa
as mulheres em constante estado de medo e vigilância.

Até quando vamos continuar sendo cogitadas por um sistema machista?

A roupa não autoriza o comportamento do agressor em fazer o que quer para desrespeitar a dignidade da mulher. NÃO É NÃO. Uma das coisas mais importantes que não deveria acontecer é julgar a vítima, não perguntar se o crime aconteceu ou não, para provar o crime.

É para ajudar a investigação em termos de evidências forenses, mas também dar atendimento imediato à vítima. “As vítimas falam o tempo todo que não achavam que isso iria acontecer com elas e que, se aconteceu, elas devem ter feito alguma coisa, porque isso não acontece com ‘gente do bem’. Temos que acabar com esses mitos. As vítimas de violência sexual já se culpam muito – e nós estamos aqui para quebrar esta barreira.” Barreiras das quais eu sou vítima e posso provar minha virgindade.

Em todos os casos temos algo em comum, A CULPABILIZAÇÃO DA VÍTIMA, pois a mulher deixa de ser VÍTIMA e passa a ser RÉU pela violência que sofreu, sendo que ela nem deu explicações que poderiam ser solicitadas, porém todos já julgam pela roupa que estava usando, se estava bêbada, ou por qualquer conduta tida como moralmente condenável.

POR QUE ELES NOS TORNAM MULHERES INVISÍVEIS E SILENCIDAS?

Em casos de crimes sexuais, a palavra da vítima é muito valiosa, mas isso infelizmente só fica na teoria, pois a justiça tem dificuldades de aplicar esse princípio. A falta de atenção com a palavra da vítima cria novos traumas durante o processo. Entre eles, o descrédito, a negação da história que a vítima traz sobre a violência sexual. Na busca por justiça, o judiciário aprofunda as consequências psicológicas, que é uma forma cruel de violência, pois o nosso corpo não é para ser violentado e nem roubado o que é mais íntimo, e isso prejudica quando for fazer a denúncia porque falta apoio, medo, vergonha, receio de que não acreditem por ser adulta, sentimento de raiva, culpa, medo de ser julgada e maltratada pela sociedade.

Estupro é um crime tão grave de violência sexual, que “A lei brasileira descreve o estupro como o ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Traduzindo: ter contato sexual com alguém através de ameaça ou violência. Desde 2009, com a lei 12.015, qualquer tipo de ato libidinoso também se enquadra como um crime de estupro no país e na prática, eles se referem a beijos forçados, toques em qualquer parte do corpo sem autorização”. E não importa se a pessoa é maior de idade ou não. Isso quer dizer que atos sexuais com ou sem penetração, um beijo, sexo oral e outros contextos que façam a vítima sentir o seu corpo invadido, são caracterizados como um crime de estupro.

O estupro é uma experiência traumática para as vítimas, que sentem vergonha e muitas vezes se perguntam se aquilo realmente aconteceu e quando essas mulheres vão à justiça e fazer o boletim de ocorrência e relatam suas histórias, elas voltam a sofrer novamente porque são desvalorizadas e desacreditadas e vivem uma experiência de revitimização, “à Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade (Lei 13.869, de 2019), o dispositivo considera criminosa a conduta do agente público que, por ação ou omissão, cause revitimização ou prejudique o atendimento da vítima ou da testemunha de violência e o objetivo é evitar que elas revivam sem estrita necessidade a situação de violência ou outros episódios que gerem sofrimento ou estigmatização. Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos de modo a gerar revitimização, a pena é aplicada em dobro. Se permitir que uma terceira pessoa intimide a vítima, a punição é aumentada em dois terços”.

Triste realidade que vivemos, EU FUI VÍTIMA E SOU VÍTIMA DE ESTUPRO, isso machuca muito e está sendo uma batalha aceitar essa dor que machuca todos os dias, pois a dor de saber que MEU DIREITO FOI TIRADO E MINHA PALAVRA NÃO SIGNIFICA NADA PARA A AUTORIDADE POLICIAL. Eu sofri um estupro físico por um instrutor de um curso de arbitragem, no qual eu almejava muito ser uma boa profissional e fazer parte da CBF e um dia ser escalada para estar na COPA DO MUNDO REPRESENTANDO MEU ESTADO DO TOCANTINS, E REPRESENTAR O TIME DE ARBITRAGEM FEMININA, MAS ISSO FOI ROUBADO POR UM MONSTRO INDUZIDOR QUE ME FEZ ACREDITAR QUE ELE ERA UM BOM PROFISSIONAL E QUE ESTAVA AO LADO DE UM DOS MELHORES ÁRBITROS DO ESTADO DO TOCANTINS (apesar de ele ser um ex-ábitro).

EU CONFIEI NO PROFESSOR ADRIANO DE CARVALHO, AFINAL QUEM NÃO QUER SER UMA BOA PROFISSIONAL E QUEM NÃO CONFIA EM UMA PESSOA QUE TEM NOME?

Um sonho que foi interrompido por um homem obcecado por sexo, um louco que fica dias conversando para dizer que é amigo e que pode confiar que vai ajudar durante todo o curso, isso já deve ser costume dele fazer escolha do perfil da vítima e ainda mais quando é virgem, eu me guardei e foi uma escolha minha de não ter uma vida ativa sexualmente e por isso ainda aos meus 30 anos estava com minha virgindade lacrada e em menos de alguns minutos ela foi violada e foi tirada, mesmo tendo falado que NÃO queria e me esquivando dele , mas isso não significou nada para PARAR com o ato de violação… ADRIANO DE CARVALHO SEGUIU VIVENDO SUA VIDA E NEM TEVE MEDIDAS PREVENTIVAS E NEM AFASTAMENTO DAS SUAS ATIVIDADES. AS AUTORIDADES E A JUSTIÇA DEIXARAM ELE VIVER NORMALMENTE, ENQUANTO EU TIVE MINHA VIDA DESTRUÍDA, ACABADA, SONHOS QUE MORRERAM NO MEIO DO CAMINHO.

MINHA VIDA PAROU E ESTOU PRESA DENTRO DE CASA, INSEGURA, COM MEDO DE TUDO E DE TODOS, VERGONHA, E SEM FALAR NOS JULGAMENTOS. MINHA VIDA MUDOU, PORQUE ALÉM DO ESTUPRO FÍSICO, FUI ESTUPRADA PSICOLOGICAMENTE PELO DELEGADO E SOFRI ABUSO DE PODER. SOFRI MUITO E ME SENTI COAGIDA E COM MEU DIREITO ROUBADO, POIS SÓ EM SABER QUE MINHA PALVARA NÃO SIGNIFICA NADA PARA AS AUTORIDADES, ISSO ME DESTRUIU AINDA MAIS.

Antes já estava com medo de sair e ser atacada novamente por esse monstro e os pesadelos tomaram conta das minhas noites que nunca mais foram tranquilas, pois me senti coagida pelo policial, pois fizeram uma outra oitiva na delegacia e senti que estava sendo intimidada dentro da sala com o delegado, estávamos somente nós dois dentro da sala e antes dele gravar a oitiva, ele começou a fazer algumas perguntas que me ofendeu e me fez reviver tudo novamente e sofrendo novamente, porque senti que em nenhum momento ele estava acreditando na minha palavra, só porque tenho 30 anos de idade significa que não posso ser virgem e não sofri um estupro? Eu não tenho o porquê de criar uma história tão dolorosa e vergonhosa assim e muito menos passar constrangimento com exame de corpo de delito no IML, onde tiveram que olhar todo meu corpo. Eu sendo vítima dentro daquela sala com o delegado, passei a ser tratada como réu, pois ele insistiu em dizer que era calúnia todo o processo e que eu poderia pagar por isso, insistiu em perguntar se eu estava falando a verdade e que ele queria toda a verdade naquele momento e se havia algo que não foi dito na primeira oitiva, pois ele estava achando muito suspeito, que deu de entender que eu estava gostando do ADRIANO DE CARVALHO, sendo que em momento algum isso passou pela minha cabeça, que queria sexo com ele, falei para o delegado que mesmo se eu fosse namorada ou casada com ADRIANO DE CARVALHO, ele teria que respeitar o meu NÃO.

O delegado insistiu em perguntar se eu estava gostando dele e na primeira oitiva ele havia perguntado: “- VOCÊ ESTAVA USANDO QUE ROUPA”? E FALOU NOVAMENTE NA SEGUNDA OITIVA. Fala sério! Ser intimidada assim já na primeira oitiva e agora na segunda oitiva ser acusada de caluniadora, ONDE ESTÁ O MEU DIREITO?

Estar sozinha com o delegado foi um trauma ainda maior, pois psicologicamente já não estava bem e ser intimidada por ele, aí que meu psicológico acabou ainda mais. Eu não sou mais a mesma mulher, não sei o que é dormir tranquilo, tendo pesadelos com os policias chegando na minha casa e me agredindo, não me sinto segura, me sinto desprotegida, só em avistar uma viatura policial, eu já fico sem chão, começa a atacar crise de medo e nervosismo, o coração dispara e falta infartar.

Eu que imaginava que estava protegida porque existe uma lei em favor das vítimas e eu sou vítima e fui machucada e desacreditada…. Fui ludibriada por uma Lei que não está servindo em meu favor só pelo fato de ter 30 anos de idade. Essa é a triste realidade que mais uma mulher sofre por um sistema machista. Até quando vamos ficar sofrendo só porque somos adultas? A idade impede de ter o direito e impede de fazer a denúncia?

Já se passaram 4 MESES e o caso ainda continua o mesmo, até quando irá demorar ainda mais para que a justiça seja feita?

EU QUERO MEU DIREITO E QUERO JUSTIÇA, POIS DINHEIRO NENHUM PAGARÁ O QUE FIZERAM COMIGO. QUERO MINHA VOZ E QUE MEU DIREITO SEJA DEVOLVIDO. “NA DELEGACIA FUI OUVIDA, JULGADA E EU SENDO A VÍTIMA PASSEI A SER INVESTIGADA. NÃO CONSIGO RETOMAR A MINHA VIDA COMO ERA ANTES”.

#SOUMULHER
#NÃOVOUMECALAR
#MINHAVOZMEUDIREITO
#30ANOSSOUMULHER
#NÃOAOMACHISMO

Temendo retaliações, e por questão de sigilo processual, a autora do texto não pôde se identificar.

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