Lucas Eurilio – Gazeta do Cerrado
Fundada em 8 de março de 1998 a ONG Casa Oito de Março encerrou as atividades em Palmas nesta sexta-feira, 23. Desde sua implantação, o local atendeu e acolheu cerca de 300 mulheres e crianças vítimas de violência doméstica e sexual no Estado.
Segundo a mestre em Direitos Humanos, Bernadete Aparecida Ferreira, que esteve a frente da ONG desde a criação, a falta de apoio fez com que pessoas ficassem desasistidas. “O abrigo já fechou. Estamos entrando de recesso forçado hoje e voltaremos em meados de janeiro apenas para prestar contas. Não temos como pagar as contas de novembro de Dezembro”, afirmou à Gazeta.
Bernadete disse ainda que apesar de venderem roupas e livros, o dinheiro não é suficiente para bancar todas as depesas. “Não chega a um terço do que a gente arrecada. Ainda é muito pouco e nunca tivemos nem funcionários. Com a crise, perdemos nosso último apoio e não temos mais como pagar as contas”.
Duas mulheres, uma com cinco filhos, tiveram de sair do abrigo, isso porque estava molhando dentro do local. “Antes de fechar, a Ong conseguiu ainda alugar uma kitnet que foi compartilhada entre elas, mas a partir do dia cinco de dezembro, não conseguimos mais pagar. Elas não tinham como ficar no abrigo, estava chovendo lá dentro”.
Bernadete contou ainda que o local precisava passar por reformas para que as pessoas pudessem ser mais bem acolhidas. “Não temos dinheiro para nada. Precismos fechar nem que seja por um tempo, até ver como fica depois da prestação de contas do segundo semestre”.
Por fim, a representante da Ong disse que se orgulha de todo o trabalho prestado para a comunidade e para as mulheres e crianças vítimas de violência.
“Agora uma coisa é certa o abrigo de mulheres que sofrem violência nós não vamos abrir mais por equanto. Isso é função dos municípios, e enquanto não tiver a Casa Oito de Março, não tem lugar para as mulheres de rua nem para mulheres que se enquadram na característica de ameça de morte. Mas nós fizemos isso por muitos anos e muito com sacrifício e agora está difícil continuar. Mas tá tudo bem, a gente fez a nossa parte e se um dia a gente conseguir voltar, vai ser pra fazer melhor e com mais dignidade”.